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Bag of Bones - 2011

ATENÇÃO: este texto contém spoilers!

Depois de quase morrer vitimado pelo excesso de “açúcar-zumbi” da segunda temporada de “The Walking Dead” e passar verdadeiros momentos de “horror” em “American Horror Story” achei que ficaria confinado aos pastelões sangrentos de “Death Valley” e “Todd and the Book of Pure Evil” para sanar o meu vício por séries de horror, mas eis que um amigo (valeu, Julião!) me apresentou uma minissérie que me pegou despreparado. De acordo com algumas pesquisas no “Pai Google” acabei me defrontando com matérias que diziam ser esta série mais um saco de encrencas de Mick Garris em parceria com o escritor Stephen King. Como eu ADORO tranqueiras adaptadas dos romances de King me prontifiquei a assistir esta versão televisiva de um dos livros mais tenebrosos do mestre do horror contemporâneo... e não me decepcionei! Baseada em seu romance homônimo, a minissérie “Bag of Bones”, exibida pelo canal A&E Network em duas partes de aproximadamente uma hora e meia cada, demonstra que o “velho Rei do Horror” ainda consegue assombrar com brilho e sensatez. Na trama, revemos Mike Noonan (brilhantemente interpretado por Pierce Brosnan, o eterno James Bond), um autor de best-seller que sofre de bloqueio de escritor após a trágica morte de sua esposa, Jo Noonan (Annabeth Gish). A dor de Mike é agravada mais ainda pela perda de um bebê que ele não estava ciente de que ela estava carregando, até mesmo depois de sua morte. Diagnosticado como estéril, sua primeira inclinação é que estava sendo traído e as visitas freqüentes de sua esposa à cabana do lago, nos meses antes de sua morte, de repente se tornaram menos inocentes. Nesta avalanche de infortúnios Mike Noonan se entrega à bebida e ao ostracismo até que seu agente pede um outro livro. Aproveitando a descoberta de um romance engavetado Mike decide visitar a casa do lago, na cidade de Dark Score, na esperança de terminar o romance e, talvez, descobrir uma resposta para o porquê de sua esposa esconder o fato sobre sua gravidez.

Ao chegar à pequena vila, o escritor levanta alguns olhares tortos enquanto caminha pela cidade, mas somente depois de encontrar uma menina chamada Kyra (Caitlin Carmichael) vagando no meio da estrada, Mike involuntariamente se vê envolvido em uma bizarra batalha de custódia sobre a menina entre uma jovem mulher chamada Mattie (Melissa George) e seu sogro, o sinistro Max Devore (William Schallert). Daí em diante as noites de Mike na cabana são assombradas por sonhos bizarros, fantasmas (alguns simpáticos e outros não) que acabam por arrastá-lo para desvendar um mistério guardado a décadas que liga o desaparecimento de uma cantora de blues, Sara Tidwell (Anika Noni Rose) com uma seqüência de afogamentos de crianças pelos seus próprios pais. O texto adaptado pelo roteirista Matt Venne (conhecido pelos seus trabalhos nos episódios “Pelts”, da série Masters of Horror e “Spooked”, de Fear Itself) apresenta algumas partes do livro para trazer os elementos clássicos do horror de Stephen King e mesmo assim muita coisa ficou de fora, mas convenhamos se trata de um calhamaço de quase mil páginas. Apesar da adaptação temporal com seus IPods e notebooks a história não perdeu muito o seu charme. Todos os momentos são tensos, cheios de elementos sobrenaturais mesclados à enfermidade que os moradores da pequena cidade batizaram de “Loucura de Dark Score”. Estaria o protagonista tendo realmente contatos com o sobrenatural ou sofrendo de uma febre gerada pelo seu desamparo e pelo excesso de álcool?

Todas estas respostas serão respondidas sob a direção de Mick Garris, que já havia deixado sua marca em adaptações de outras obras de King como “Sleepwalkers” (Sonâmbulos, 1992), “The Stand” (A Dança da Morte, 1994), “Quicksilver Highway” (A Maldição de Quicksilver, 1997), “Ridind the Bullet” (Montado na Bala, 2004), “Desperation” (Desespero, 2006). Todos estes segredos e reviravoltas são majestosamente embalados pela macabra sinfonia de Nicholas Pike que assinou a trilha do projeto produzindo um trabalho espantoso semelhante aos seus trabalhos anteriores em séries como “Freddy's Nightmares”, “Tales from the Crypt” e “Masters of Horror”. Uma outra observação digna de nota é a da interpretação de Pierce como Mike Noonan. Eu realmente confesso que torci o nariz (como muitos o fizeram!) quando descobri quem seria o protagonista da série. Ficou meio difícil imaginar o “James Bond” como um escritor alcoólatra que é atiçado por fantasmas, mas minhas dúvidas foram todas esclarecidas nos primeiros vinte minutos da série e tanto o personagem quanto as interpretações de Pierce ficaram impagáveis. O tempo (e talvez até um pouco de maquiagem) tornou o agente secreto mais famoso do mundo numa cópia quase exata de Stephen King. Com seus defeitos e qualidades...

Outro personagem que deixou calafrios bem reservados foi o de Rogette D. Whitmore, a “governanta” de Max Devore. Como uma megera esquálida e cruel, Deborah Grover conseguiu ser mais assustadora e ameaçadora que todos os fantasmas e maldições de Dark Score. O único ponto negativo da série foi a confusão de memórias e a exclusão de algumas tramas da obra original que deixou “boiando” os espectadores que não leram o livro. Algumas cenas ficaram muito estendidas ao limite de entediarem quem assiste enquanto que momentos significativos da trama foram remetidos a meros flashbacks. O final também deixou a desejar, mas em sua totalidade a série representou muito bem o original nos tempos modernos e com certeza fará com que leitores antigos retomem o seu “Saco de Ossos” assim como novos leitores o farão.


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