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House of Haunted Hill - 1958


Apenas os fantasmas desta casa estão felizes em estarmos aqui” – Watson Pritchard De todos os filmes com histórias situadas dentro do subgênero do cinema de horror que trata o tema de casas assombradas por fantasmas perturbados, um dos maiores representantes é uma produção despretensiosa de baixo orçamento do final dos anos 50, fotografada em preto e branco, com duração de apenas 75 minutos, dirigida pelo criativo cineasta William Castle e estrelada pelo lendário Vincent Price, no ápice de sua carreira de sucesso. Em “A Casa dos Maus Espíritos” (House on Haunted Hill, 58), um milionário excêntrico, Frederick Loren (Vincent Price), convida cinco pessoas desconhecidas (mas escolhidas criteriosamente), para participarem de uma festa assombrada numa mansão alugada e com fama de amaldiçoada por causa de um passado de violência envolvendo o assassinato de sete pessoas. O desafio proposto pelo playboy rico é para os convidados passarem uma noite inteira na casa e caso sobrevivam à macabra experiência, receberiam um cobiçado prêmio de US$ 10 mil cada um. O grupo é formado por Watson Pritchard (Elisha Cook Jr.), um homem bêbado e atormentado pelo passado obscuro de uma mansão de sua propriedade e onde ocorreram vários assassinatos violentos e anormais; Lance Schroeder (Richard Long), um galã piloto de testes de aviões a jato, homem corajoso e ganancioso pelo prêmio em dinheiro; Dr. David Trent (Alan Marshal), um médico psiquiatra interessado em estudar os efeitos de histeria no grupo provocado pelo medo; além de duas mulheres, a jornalista Ruth Bridgers (Julie Mitchum), que além do dinheiro quer também coletar informações para um artigo sobre fantasmas; e a bela e jovem Nora Manning, uma datilógrafa funcionária de uma das empresas de Frederick Loren, escolhida por necessitar do dinheiro para sua família impossibilitada de trabalhar por causa de um acidente. Ao grupo junta-se ainda Annabelle Loren (Carol Ohmart), a quarta esposa do misterioso milionário e anfitrião, uma bela mulher mas infeliz no casamento, com uma crise conjugal que evidencia apenas interesses na relação. A enorme mansão ainda tem um casal de velhos empregados formado pelo assustador Jonas Slydes (Howard Hoffman) e sua tétrica esposa cega (interpretada por Leona Anderson). A festa, supostamente em homenagem à Annabelle, demonstra claramente uma característica de excentricidade, onde após as apresentações entre o anfitrião e os convidados, é formalizado o desafio do prêmio em dinheiro para quem sobrevivesse naquela noite, onde depois da meia-noite todas as portas seriam trancadas e seria impossível sair ou solicitar ajuda externa, com os empregados deixando a casa apenas para os cinco convidados, além do casal de anfitriões. Uma série de eventos misteriosos passa então a envolver o ambiente sinistro da casa, aumentando a tensão com um clima perturbador de claustrofobia, com direito a sangue pingando do teto, porão com um tanque de ácido corrosivo, portas rangendo que abrem e fecham sozinhas, cabeças decepadas, enforcamento, assassinatos, paredes que se movimentam, tempestade com relâmpagos, piano que toca sozinho, candelabro despencando do teto, aparições de fantasmas e esqueletos, e outras bizarrices mais, as quais tentam tornar cada vez mais dificultosa a tarefa de sobreviver àquela noite na “casa da colina amaldiçoada”. “A Casa dos Maus Espíritos” custou apenas US$ 150 mil e recebeu um incrível retorno de bilheteria que motivou William Castle a continuar filmando suas produções baratas. O sucesso comercial desse filme serviu até de inspiração para o lendário Alfred Hitchcock fazer também o seu filme de baixo orçamento, nascendo para nossa sorte o antológico clássico em preto e branco “Psicose” (Psycho, 60). O roteiro de Robb White, que colaborou com Castle em vários outros filmes, consiste basicamente numa história simples de mansão assombrada por fantasmas, possuindo todos aqueles elementos típicos do estilo. Mas a presença de Vincent Price, a campanha criativa de marketing, e o fato de pertencer à década de ouro do cinema fantástico, tornaram-no uma preciosidade que não pode deixar de fazer parte do acervo de horror dos colecionadores e apreciadores de filmes antigos. O diretor e produtor americano William Castle, nascido em New York em 1914 e falecido na Califórnia em 1977, ficou eternamente conhecido no cinema de horror por sua criatividade em campanhas de marketing no lançamento de seus filmes produzidos com pouco dinheiro. Em “Macabro” (Macabre, 58), ele ofereceu apólices de seguro de vida para quem morresse de medo no cinema. Já em “A Casa dos Maus Espíritos”, o diretor utilizou um dispositivo especial para assustar o público nas salas de exibição, um sistema batizado de “Emergo”, que consistia num esqueleto humano iluminado movimentado por um complexo mecanismo de polias, cordas e correias, que era arremessado por cima das pessoas justamente na cena do filme onde um esqueleto emergia de um tanque de ácido. Suas inovações em interagir com o público continuaram e no ano seguinte, em “Força Diabólica” (The Tingler), ele inventou um truque chamado de “Percepto” onde as cadeiras do cinema vibravam e liberavam pequenos choques elétricos nas cenas de tensão do filme. E em 1960, com “Treze Fantasmas” (13 Ghosts), o efeito inovador dessa vez, conhecido por “Illusion-O”, era um óculos de papel com uma das lentes na cor azul e a outra vermelha, que permitia ao espectador visualizar os espectros do filme. Em 1993, o diretor Joe Dante homenageou o criativo William Castle em seu filme “Matinee – Uma Sessão Muito Louca” (Matinee), que contava justamente a história de um cineasta nos anos 50 que inovava o gênero horror e ficção científica com filmes baratos e sistemas de interação com o público dos cinemas. O selo “Dark Side” (que já editou também a revista de horror “Cine Monstro”) presenteou o público que aprecia os filmes antigos de horror e lançou “A Casa dos Maus Espíritos” em 2004 por aqui no formato DVD, trazendo como material extra uma pequena sinopse, além de um interessante trailer original de cinema legendado em português, e duas boas biografias do diretor William Castle e do lendário astro Vincent Price. Curiosamente, o filme é o último trabalho da curta carreira artística de Julie Mitchum, irmã do consagrado ator Robert Mitchum. O esqueleto que aparece na história recebeu uma atenção especial nos créditos finais, onde os produtores registraram sua participação informando a interpretação dele mesmo. A casa utilizada para as filmagens de tomadas externas foi construída em 1924 em Los Angeles. Em 1999 foi produzida uma refilmagem pela “Dark Castle”, com direção de William Malone e que recebeu o nome por aqui de “A Casa da Colina” (House on Haunted Hill). O ator Geoffrey Rush, que fez o papel do milionário Stephen Price, tem o sobrenome de seu personagem igual ao sobrenome do cultuado astro Vincent Price de “A Casa dos Maus Espíritos”. E reparando bem, coincidentemente ambos os atores até que possuem semelhanças físicas. Aliás, no filme de 1958, o milionário Frederick Loren oferecia a quantia de US$ 10 mil para cada um dos convidados passarem uma noite numa casa assombrada, e na refilmagem de mais de quarenta anos depois, o valor do prêmio oferecido subiu para incríveis US$ 1 milhão, ou seja, cem vezes mais, refletindo a mudança para os tempos modernos. “A Casa dos Maus Espíritos” (House on Haunted Hill, Estados Unidos, 1958). Allied Artists, Preto e branco, 75 minutos. Direção e produção de William Castle. Roteiro de Robb White. Fotografia de Carl Guthrie. Música de Von Dexter. Edição de Roy Livingston. Direção de Arte de David Milton. Efeitos Especiais de Herman Townsley. Maquiagem de Dick Jack Dusick. Elenco: Vincent Price (Frederick Loren), Carol Ohmart (Annabelle Loren), Richard Long (Lance Schroeder), Alan Marshal (Dr. David Trent), Carolyn Craig (Nora Manning), Elisha Cook Jr. (Watson Pritchard), Julie Mitchum (Ruth Bridgers), Howard Hoffman (Jonas Slydes), Leona Anderson (Sra. Slydes), Esqueleto (Ele mesmo).


Publicado originalmente no blog Juvenatrix Data: 06/12/05

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