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The Projected Man - 1966


Os anos 1950 e 60 foram um período especial para o cinema fantástico, com centenas de produções de baixo orçamento que apresentaram uma infinidade de divertidos argumentos de horror e ficção científica criando uma grande variedade de sub-gêneros dentro dessa temática principal. Existem os filmes que retratam invasões alienígenas ao nosso planeta; aqueles que mostram a aventura do Homem no espaço; os que introduzem insetos gigantes criados por exposição à doses de radiação; os que apresentam monstros enormes ocultos e que são acidentalmente libertados; aqueles que enfocam o fim do mundo numa guerra atômica fatal; os que falam de viagens no tempo e para outras dimensões desconhecidas; os que especulam sobre o futuro da humanidade; e entre muitos outros mais, aqueles que tratam sobre os conhecidos “cientistas loucos” em meio as suas incríveis experiências e que se transformam em monstros devido ao insucesso de seus projetos obscuros. Esse último tipo de temática é um dos mais interessantes, sendo responsável pela produção de uma grande quantidade de fascinantes filmes onde destaca-se um que é pouco conhecido, mas um fiel representante desse gênero, “Alta Voltagem” (The Projected Man), produzido na Inglaterra em 1966. O nome nacional para o filme até que não foi mal escolhido, tendo uma relação direta e coerente com a história, porém o melhor certamente teria sido a tradução literal do original em inglês, passando para “O Homem Projetado”. Todos os elementos característicos do cinema fantástico da época, e mais especificamente do sub-gênero “homens transformados em monstros”, estão presentes em “Alta Voltagem”, apresentando um cientista envolvido num projeto secreto para o transporte de matéria através de projeção pelo espaço e tempo, que sofre uma sabotagem tendo como consequência a sua transformação numa horrenda criatura disforme assassina e sedenta de vingança. O conceituado Dr. Paul Steiner (Bryant Haliday) está liderando uma equipe formada ainda pelo técnico perito em laser Dr. Chris Mitchel (Ronald Allen) e pela patologista Dra. Patricia Hill (Mary Peach), numa experiência secreta patrocinada por uma fundação do governo inglês, “The Farber Research Foundation”, que por sua vez é dirigida pelo inescrupuloso Dr. Blanchard (Norman Wooland). O projeto tem por objetivo o transporte de matéria, tanto inanimada quanto orgânica, através do espaço e tempo, transformando os objetos em energia armazenada numa célula eletrônica para sua posterior projeção em outro lugar. Porém, o projeto está sendo acompanhado também pelo Sr. Latham (Derrick de Marney) que uma vez associado ao Dr. Blanchard, está interessado em seu fracasso para poder afastar o cientista Dr. Steiner e se apoderar de sua invenção. Eles então planejam uma demonstração sabotada da experiência para um famoso cientista de Genebra, Dr. Lembach (Gerard Heinz), que representava um grupo de investimento ao projeto. Com o fracasso, o Dr. Steiner recebeu a notícia do cancelamento de seu trabalho obrigando-o a uma atitude desesperada para salvar o projeto, realizando uma experiência em si mesmo, desintegrando seu corpo no laboratório para reintegrá-lo posteriormente em sua casa. Porém, algo saiu errado nas mãos da secretária da fundação, Sheila Anderson (Tracey Crisp), que foi recrutada para auxiliar o cientista em seu objetivo, quando ela, assustada e sem preparo técnico, interrompeu o programa de projeção no meio do processo, reintegrando o Dr. Steiner perto de sua casa porém transformado num monstro elétrico violentamente deformado na metade direita de seu rosto, além também do braço direito que passou a transmitir uma carga de alta voltagem em qualquer objeto em que tocasse, causando a morte no caso de pessoas. Descobrindo sua nova condição de monstro, o cientista encontra um grupo de assaltantes tentando arrombar uma parede e eles são suas primeiras vítimas fatais. Os criminosos Harry (Sam Kydd), Steve (Terry Scully) e Gloria (Norma West), além de um descuidado gato preto, são assassinados por eletrocussão apenas com o toque da mão direita do cientista, que tem também uma parte de sua mente deteriorada pelo fracasso da experiência. Iniciando sua trajetória de vingança, o monstro elétrico vai atrás de seus traidores e mata o Sr. Latham no laboratório da fundação quando este tentava roubar as fitas magnéticas com os cálculos das experiências e depois vai até a casa do Dr. Blanchard e faz o mesmo com ele através de uma forte descarga elétrica. Porém, o cientista deformado estava se enfraquecendo e precisava de mais energia elétrica, indo buscar a fonte de energia na fundação. Em seu encalço está um investigador da polícia, Inspetor Davis (Derek Farr), que o procura por causa das vítimas eletrocutadas, culminado num confronto final no laboratório entre a polícia e o “homem projetado”. “Alta Voltagem” tem um roteiro simples, mas super divertido, com todos os clichês característicos das histórias de “cientistas loucos”. O Dr. Steiner era um homem inteligente e comprometido com seu trabalho, procurando uma forma de proporcionar o bem à humanidade, porém após a sabotagem de sua pesquisa e sua transformação em monstro, ele tornou-se insano e assassino vingativo. Seu laboratório era repleto de instrumentos científicos típicos da época como enormes painéis cobertos por botões de todos os tipos, interruptores, medidores analógicos, alavancas de acionamento, luzes e rolos de fitas magnéticas. Seu projeto para transporte de matéria já havia sido tema anteriormente em outro filme clássico do gênero, “A Mosca da Cabeça Branca” (The Fly, 1958), com o grande Vincent Price num papel secundário e com David Hedison interpretando um cientista que se transformou em monstro devido à invasão de uma mosca na câmara de teletransporte, que ocasionou uma fusão entre eles gerando uma criatura com corpo de homem e cabeça e uma das mãos de mosca, e igualmente uma mosca com cabeça e mão humanas. A idéia de um projeto científico secreto ser pressionado por corte de verbas e cancelamento, fato que obrigou o cientista Dr. Steiner a realizar uma experiência em si mesmo vindo a se transformar no macabro “homem projetado”, também encontra um paralelo em diversos outros filmes como no episódio piloto da série de televisão “O Túnel do Tempo” (The Time Tunnel, 1966), onde o jovem cientista Dr. Anthony Newman se viu obrigado por pressões de cancelamento do projeto, de realizar uma experiência utilizando-se dele próprio como cobaia, lançando-se numa enorme máquina em forma de túnel ainda em testes, que o levaria para uma viagem desconhecida pelo tempo, onde acabou se perdendo não conseguindo mais voltar ao seu próprio tempo, vivendo uma série de aventuras em épocas passadas e futuras. Como curiosidade, em “Alta Voltagem”, assim como na maioria dos filmes de “homens transformados em monstros”, aparece a clássica cena da criatura carregando em seus braços uma bela jovem semi nua, nesse caso o “homem projetado” levando a bela secretária Sheila desacordada, apenas em trajes íntimos. O cinema fantástico teve seu melhor momento entre a década de 1930 e meados dos anos 70, abrangendo um período de aproximadamente 40 anos onde foram filmadas à exaustão todo tipo de histórias desse fascinante gênero artístico que é o horror e a ficção científica. E o principal ápice foi seguramente o período compreendido entre os anos 50 e 60, que nos presenteou com uma infinidade de filmes simples e despretensiosos, mas que garantem agradáveis momentos do mais puro entretenimento. “Alta Voltagem” ou “O Homem Projetado” está certamente entre eles. Alta Voltagem (The Projected Man, Inglaterra, 1966). Duração: 77 minutos. Filmado no “Merton Park Studios”, em Londres, não disponível no mercado brasileiro de vídeo VHS e DVD. Direção de Ian Curteis. Roteiro de John C. Cooper e Peter Bryan, baseados em história original de Frank Quattrocchi. Produção de Michael Klinger, Tony Tenser, John Croydon e Maurice Foster. Fotografia de Stanley Pavey. Direção de Arte de Peter Mullins. Edição de Derek Holding. Efeitos Especiais de Flo Nordhoff, Robert Hedges e Mike Hope. Maquiagem de Eric Carter. Música de Kenneth V. Jones. Elenco: Mary Peach, Bryant Haliday, Norman Wooland, Ronald Allen, Derek Farr, Tracey Crisp, Derrick de Marney, Gerard Heinz, Sam Kydd, Norma West, Terry Scully, Frank Gatliff, John Watson, Alfred Joint, Rosemary Donnelly, David Scheuer.


Publicado originalmente no blog Juvenatrix Data: 07/12/05

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