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V/H/S - 2012

V/H/S: Ensinando truques novos para cães velhos


Na primeira impressão você pode até achar que V/H/S é apenas mais um filme de terror com câmeras, mas cuidado, você pode se equivocar e sua punição pode ser a perda de uma produção bastante original e no mínimo…burlesca! V/H/S, uma antologia de horror indie produzida por Brad Miskaque, a mente por detrás do site Bloody Disgusting, foi sensação nos festivais especializados do gênero, teve o seu trailer divulgado na internet e provocou uma onda de curiosidade em fãs do gênero em todo o mundo. Seis diretores dividem os créditos daquele que autoproclama-se o “filme de horror mais aterrorizante de 2012”. Uma pretensão um tanto exagerada, mas que não tira os créditos de toda a equipe responsável pela produção. A história gira em torno de um grupo de desajustados que são contratados por um colecionador misterioso para roubar uma determinada fita VHS de uma casa abandonada. Chegando ao local, o bando se depara com um cadáver de um velho cercado por aparelhos de televisão e várias fitas cassete. Sem saber qual VHS levar, acabam assistindo, um por vez, a uma série de vídeos de horror (direcionados para cada diretor) e descobrem que a tarefa não vai ser assim tão simples quanto imaginaram… Descrito como um “found footage” (um estilo de filmagem que faz com que a produção pareça ter sido feita com câmeras amadoras. Por exemplo, temos filmes como A Bruxa de Blair, Cloverfiel e REC como principais referências) e de acordo com os diretores “um trabalho feito por cineastas que já se cansaram deste subgênero” o filme apresenta cada história com um tema diferente, utilizando-se de lendas urbanas, fenômenos sobrenaturais, serial killers e promete subverter por completo todos os clichês típicos destas produções que inundaram os cinemas de uns anos pra cá. Existe também um boato bastante curioso (ou puro marketing) sobre a estréia do filme em festivais. Dizem que, após uma exibição durante o Sundance Festival Film, uma ambulância precisou ser chamada para atender alguns espectadores que passaram mal por causa da violência gráfica transmitida pelo filme. Em minha opinião se houve alguma participação de médicos na exibição do filme com certeza foi por causa de ataques epiléticos (semelhantes aos que ocorreram com algumas crianças na exibição do desenho Pokémon à uns anos atrás) porque em alguns episódios a câmera treme tanto que chega a dar dores de cabeça e um certo enjôo, hehehehehehhe... Dirigido por Ti West (The Inkeepers), Joe Swanberg (Autoerotic e Uncle Kent), Radio Silence Prod. (Chad, Matt & Rob Interactive Adventure’s), David Bruckner (The Signal), Adam Wingard (A Horrible Way To Die) e Glenn McQuaid (Stake Land), “V/H/S” estréia nos cinemas americanos no mês do Halloween, mais precisamente no dia 05 de outubro, mas já se encontra disponível pelo sistema on-demand desde 31 de agosto além das eventuais piratarias da rede (às quais sou eternamente grato, hehehehehe!). O longa-metragem foi exibido pela primeira vez no Festival de Sundance no começo do ano e foi adquirido pela empresa Magnolia Films e nem preciso dizer que não será exibido tão cedo em cinemas brasileiros a não ser em mostras alternativas espalhadas pelo país. Bom, pra encerrar seguem breves releases que escrevi sobre os episódios que compõem o filme: * ATENÇÃO – ESTA PARTE DA MATÉRIA CONTÉM ALGUNS SPOILERS *

Tape 56 Direção - Adam Wingard Roteiro - Simon Barret

Alguns baderneiros (tipo uns “Jack Ass” do mal) são pagos para invadir uma casa e roubar uma fita de vídeo para um misterioso colecionador. Ao chegarem na residência o grupo encontram o dono da casa morto em uma cadeira, cercado por dezenas de fitas. A fim de encontrar a maldita VHS, eles começam a assistir as fitas uma após a outra. “Tape 56” funciona como uma espécie de introdução ao filme que separa as atividades do grupo das outras cinco histórias que compõem a antologia. O resultado da investida dos maloqueiros na estranha casa só será revelada aos espectadores após o final do episódio “The Sick Thing That Happened to Emily When She Was Younger”, de Joe Swanberg e Simon Barret.


Amateur Night Direção - David Bruckner Roteiro - David Bruckner & Nicholas Tecosky

O melhor da antologia sem sombra de dúvida. Em “Amateur Night”, três rapazes (Shane, Patrick, e Clint) alugam um quarto de hotel e compram para Clint (o perdedor do grupo) um par de óculos spycam (aqueles famosos óculos que possuem uma pequena câmera embutida em sua armação) com o intuito de filmarem uma possível noite regada a álcool e sexo. Andando de bar em bar eles acabam conhecendo duas jovem irlandesas: Lisa uma bela garota que gosta de um goró e sua amiga esquisita Lilly, que se afeiçoa automaticamente por Clint. Depois de muitas doses conseguem trazê-las para seu apartamento, excitados com o bom resultado do seu plano. No decorrer da noite a “armadilha” promete ter tudo para funcionar; Shane conseguiu deixar Lisa “no ponto de abate”, mas algo não parece bem com sua amiga, Lily. A garota, além de estranha, se comporta como um animal cauteloso, com seus grandes olhos sempre dilatados e analisando tudo ao redor e ao invés de falar, ela sussurra apenas “eu gosto de você” e alguns grunhidos inteligíveis. Alguma coisa não funcionou no plano de Shane e Lisa acaba capotando de bêbada, fazendo com que os rapazes decidam fazer uma suruba com a pobre garota “zóiuda”. No momento em que a garota é desnudada a noite promete ser realmente inesquecível...principalmente para o pobre Clint. Hannah Fierman marcou presença (pelo menos em minha opinião!) na galeria de monstros do cinema indie. A criatura (súcubo, banshee, hárpia ou sei lá o que mais) realmente causa certo desconforto, principalmente quando mostra sua verdadeira aparência. A agilidade com que ela se movimenta é um dos pratos principais do curta, lembrando muito os movimentos mecânicos dos insetos e algumas aves de rapina. Lilly também cativa não só pela aparência, mas também pelo ar “inocente” que transmite a personagem com aqueles olhos que lembram cachorrinhos perdidos...

De acordo com que andei pesquisando sobre Hannah Fierman ela nunca havia participado de grandes projetos e sua atuação se limitava a curtas-metragens como “Death and Beauty” (2009), “Better Late Than Severed” (2010), “The Dress” (2010), “People We Know” (2011) e “Fugly!” (2011) entre outros projetos.


Second Honeymoon Direção e Roteiro - Ti West

Ti West consegui me fazer cochilar umas duas vezes nesta sua participação. Um casal, Sam e Stephanie, resolvem viajara para comemorar sua segunda lua de mel nas empoeiradas “wildlands” norte-americanas. Ao alugar um quarto de hotel para pernoitarem (que mais parecia um muquifo de bordel do centro de Sampa) um estranho entra no quarto com uma filmadora enquanto todos estão dormindo e silenciosamente assiste os dois, ainda tocando suavemente a pele de Stephanie com um estilete. O estranho mascarado rouba $ 100 da carteira de Sam e após lavar a escova de dente do rapaz na privada (uuurghhhh!!!) arruma sua máscara em frente ao espelho e vai embora. O decorrer do filme se limita a viagens aos cânions, reclamações de Sam (que na verdade é o diretor/ator Joe Swanberg), novas visitas do andarilho misterioso e um final tão dormente quanto o começo. De todos os episódios “Second Honneymoon” é o mais descartável...


Tuesday the 17th Direção e Roteiro - Glen McQuade

Quatro amigos, Wendy, Joey, "Spider" e Samantha, resolvem visitar a cidade natal de Wendy, uma amiga do colégio. Chegando ao local decidem, por intermédio de Wendy, caminharem floresta adentro onde poderiam fumar um baseado e na medida do possível, darem uma trepadinha básica com seus pares. Ao caminharem por entre as árvores por certo tempo o grupo resolve descansar perto de um rio para fumar um cigarrinho de maconha. Joey pede para Wendy repetir sobre o assunto que ela estava dizendo antes sobre assassinatos ocorridos no local. A garota então começa a falar sobre os incidentes ocorridos com velhos amigos e um misterioso assassino sem rosto, mas então ri e todos acreditam que ela está brincando. Daí em diante o que se segue é uma seqüência bastante manjada dos filmes “slasher” com uma única diferença. O assassino é um homem que parece ter saído de uma fita cassete bichada. De acordo com alguns fóruns, assim como a criatura de “Amateur Night” o assassino de “Tuesday the 17th” é cercado de mistérios. Algumas pessoas dizem que ele seria a manifestação física da impotência de Wendy perante o assassinato de seus amigos e outras alegam que o serial killer teria poderes sobrenaturais que permitiam que ele se teleportasse, podendo assim esconder sua aparência diante das câmeras além de surpreender suas vítimas. Fora esta pequena inovação este episódio não tem nada de novo a apresentar que já não tenha sido utilizado em filmes como “Halloween”, “The Burning” e “Friday the 13th” cujo título foi claramente a inspiração para o nome do episódio.


The Sick Thing That Happened to Emily When She Was Younger Direção - Joe Swanberg Roteiro - Simon Barret

Uma garota chamada Emily conversa seu namorado James, via Skype, e após uma “sessão peitinho” relata sobre o fato de seu apartamento, alugado para servir de moradia enquanto estudasse na cidade, ser assombrado. James não acredita, mas alguns sustos registrados pela webcam o fazem mudar de idéia. Enquanto isso, Emily descobre um estranho caroço em seu braço. No dia seguinte resolve perguntar ao senhorio do apartamento se alguma criança já havia morrido no apartamento. O proprietário nega o assunto alegando que os apartamentos só são alugados para estudantes e novos sustos continuam a transformar as noites da pobre garota num inferno até o lisérgico desfecho do episódio onde a real causa dos eventos “sobrenaturais” é revelada. Assumo que tive que assistir este episódio umas duas vezes pra poder entender esta participação de Joe Swanberg na antologia. No começo tinha tudo para ser uma versão teenager de “Paranormal Activity”, mas nos minutos finais a confusão absoluta tomou conta da minha mente. Os fantasmas seriam alienígenas ou criaturas extradimensionais? Qual o motivo de James retirar o feto da garota se ele disse que era impotente? Seriam as crianças-fantasma filhos do “namorado” de Emily como parte de um plano de domínio da Terra? E como ela não teve seqüelas ao ser literalmente esburacada não por um instrumento cirúrgico de outro planeta e sim por um estilete? Na boa... Boiei...


10/31/98 Direção e Roteiro - Radio Silence Prod.

Quatro amigos da faculdade, Chad, Matt, Tyler e Paul, são convidados para uma festa de Halloween que, de acordo com o convite, promete ser inesquecível. Os rapazes até embutiram uma pequena câmera na fantasia de Tyler para poderem aproveitar alguns momentos picantes que, por ventura, pudessem ocorrer na festa. O problema é que, com o rabo cheio de cerveja, os rapazes acabam por errar o endereço da casa chegando a uma rua deserta onde o único sinal de vida provinha de uma casa antiga. Acreditando ser a casa onde ocorreria a festa eles entram na residência se deparando com o local totalmente vazio. Então decidem explorar o lugar, achando que teriam chegado cedo demais. Depois de uma sessão de risadas e alguns sustos pregados entre eles os amigos ouvem uma cantoria no sótão do sobrado e ao adentrarem no cômodo acabam por interromper um grupo de pessoas que, aparentemente, agrediam uma jovem que estava amarrada e erguida pelos braços. Os rapazes acham que tudo aquilo seria parte da festa e começam a avacalhar o ritual, mas logo percebem que estão interrompendo um exorcismo real. De repente os “inquisidores” começam a ser içados para o telhado e desaparecem em meio a gritos de horror. Os jovens decidem fugir, mas antes resolver socorrer a pobre garota em meio de assombrosas e inquietantes manifestações paranormais (como portas que encolhem, fechaduras que desaparecem, objetos arremessados e mãos cadavéricas que surgem do chão e paredes) que tentam impedi-los de escapar pela porta da frente. Quando tudo parece ter fim o grupo descobre que não foi uma idéia tão boa assim salvar aquela estranha garota... Em suma, “10/31/98” não apresenta nada mais que não seja uma história “Sessão da Tarde” com bons efeitos especiais. Dirigido pelo grupo alternativo Radio Silence Productions (composto por Matt Bettinelli-Olpin, Tyller Gillett, Justin Martinez e Chad Vilella) este episódio parece ter sido feito especialmente para agradar um público menos exigente e acostumado com as vinhetas da MTV e clipes do Marilin Manson. Uma pequena curiosidade do filme: tirando Justin Martinez todos os outros diretores do curta resolveram interpretar os personagens centrais da história e inclusive alguns até chegaram a se utilizar de seus próprios nomes.

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