Jack Frost- 1996
Jack Frost: Um filme de arrepiar (de ruim!)
Jack Frost é um caso sério no que se diz respeito ao gênero Horror. O filme é absurdamente ridículo em todos os aspectos. Não é um filme com momentos assustadores e nem uma comédia para a família e talvez toda a sua estranheza faça dele apenas um mimo de férias para se assistir naquele domingão tedioso e mesmo que você tem um bom estômago para filmes bagaceiros fica difícil chegar muito longe em suas convicções. É um filme difícil de gostar, simplesmente porque é tão estranho às vezes (ou todas as vezes!), com seus cortes absurdos e piadinhas sem graça e mesmo sabendo que Jack Frost não vai ganhar nenhum prêmio ainda é parte do nosso tema natalino.
A premissa deste abacaxi sangrento se assemelha mais com uma história da Marvel Comics do que com um filme de terror tradicional. O filme até tenta se levar a sério, especialmente se focarmos a paranóia das vítimas momentos antes deles serem mortos pelo Boneco de Neve, mas as vítimas são mortas de maneiras tão engraçadas e absurdas que fica difícil levá-lo a sério.
Ah, você não entendeu o que um boneco de neve faz nesta história? Então me deixe explicar...
Jack Frost começa com um assassino (interpretado por Scott MacDonald) que está sendo transportado em um furgão policial para o local de sua execução uma semana antes do Natal. O caminhão sofre um acidente com outro veículo, que transportava produtos químicos corrosivos. Jack Frost consegue escapar, mas antes de fugir é acertado em cheio pelo ácido que esguichava do outro veículo. O bandido começa a derreter e some na neve sem deixar vestígios. Alguns minutos depois seu DNA acaba por se adaptar ao reagente que o matou e Jack se transforma em um boneco de neve (?) assassino que jura vingar-se do xerife que o capturou.
Ainda acha que esta picaretice ainda pode se tornar assistível? Que tal então adicionar piadinhas infames nos momentos dos assassinatos como “Qual a diferença do Homem de Neve e da Mulher de Neve?”, “Não beba o gelo amarelo!” e “Fica frio, cara.” na equação? Como um bom colecionador de tranqueiras inassistíveis (nem sei se esta palavra existe!) eu tenho um faro para encontrar algumas pérolas neste imenso chiqueiro cinematográfico como, por exemplo, a morte de uma senhora com o rosto esfacelado numa caixa de bolinhas de Natal (que, em minha opinião, foi a única morte que me pareceu real em todo o filme) e que acabou por tornar-se parte dos enfeites da formosa árvore natalina da família. Outro ponto forte que encontrei em todo o filme (algo como uma dádiva para nós, brasileiros) e que o tornou tolerável até o final foi a versão dublada do “clássico”. Além da dublagem (incrívelmente caricaturada!) no começo do filme onde um tio muito filho da puta conta uma história de assassinato e morte para sua sobrinha poder “dormir em paz” os atrasos monstruosos cometidos para encaixar a voz nos personagens tornam “Jack Frost” uma bizarra versão da comédia “Loucademia de Polícia” mais precisamente focada no personagem Cadete Larvelle Jones (interpretado por Michael Winslow) que fazia dublagens de pessoas e instrumentos. “Fucker and Sucker” que se cuidem!!!
Ok, você deve estar pensando agora, “Poxa...Se o filme é tão ruim pelo menos podemos ver alguns peitinhos que são uma regra básica nos filmes de horror, não é?” Não. Não é. O filme chega a brincar com o que possa a ser uma cena de sexo, notamos todos os trejeitos de um pequeno affair entre os namorados, mas isso não acontece. Em seguida, o filme brinca (novamente!) com você propondo uma nudez frontal completa! Peitinhos completos gratuitos estão chegando! Mas não...isso também nos é negado. Mesmo em uma banheira cheia, com uma garota sem roupa, não vemos nada. Apenas uma garota sendo transformada num gigantesco sorvete. Esta talvez seja a única parte de horror absoluto do filme! A cena termina com uma morte hilariante que não faz nenhum sentido em nada e para os mais curiosos montei um quadro com a sequência da cena no final da matéria.
Por incrível que pareça o filme ainda gerou uma sequência. Jack Frost 2! Outro filme malfadado com um problema sério no fator de credibilidade. Além disso, em 1998, um filme também chamado "Jack Frost" foi produzido onde um homem (também!) se transforma em um boneco de neve ao morrer e faz amizade com seu filho caçula. Essa comédia infantil é estrelada por Michael Keaton e foi um dos piores filmes de comédia de 1998, provando que os Bonecos de Neve só conseguem assustar os patrocinadores dos filmes deste gênero. Pra finalizar uma seqüência de bobeiras que os desocupados que produziram este filme encaixaram nos créditos para que os desocupados que assistiram fiquem prestando a atenção...
“Oh, não. Eu me sinto como um vagão!”
“Mongo gosta de filme.”
“Não coma a neve amarela!”
“Já estamos na página 60 e não aconteceu nenhuma mudança.”
“Rodando a rodada”
“Talvez eu vá esquiar amanhã.”
“Diga. O que há por trás da porta n° 3?”
“Onde foi parar a cenoura na cena da banheira?”
“Uma coisa sobre os Homens de Neve é que eles não têm braços.”
“Quantas destas frases você achou mais idiota?”
“Posso ganhar fritas por isso?
Título: Jack Frost Ano: 1996 País: USA Direção: Michael Cooney Produção: Barry L. Collier, Barbara Javitz, Jeremy Paige e Vicki Slotnick Roteiro: Michael Cooney e Jeremy Paige Elenco: Christopher Allport Stephen Mendel F. William Parker Rob LaBelle Eileen Seeley Jack Lindine Zack Egniton Brian Leckner Marsha Clark Shannon Elizabeth Kelly Jean Peters Scott MacDonald Música: Chris Anderson
P.S. – O assustador boneco de gelo, com seus olhos verdes e dentes ameaçadores do pôster nunca aparece no filme!