Teenage Zombies - 1959
Quando o assunto é cinema bagaceiro de horror e ficção científica, uma das maiores tranqueiras que já tive a oportunidade de assistir é o americano “Teenage Zombies” (EUA, 1959), em preto e branco, e com produção e direção de Jerry Warren, que também assinou o roteiro sob o pseudônimo de Jaques Lecotier.
Lançado no Brasil em DVD pela “Revista Digital Showtime Clássicos”, na coletânea “Lobisomens, Vampiros e Zumbis – Volume 1”, “Teenage Zombies” é aquele tipo de filme extremamente mal feito de forma não intencional, que de tão ruim acaba sendo divertido. O espectador que está acompanhando a história (ridícula e cheia de clichês), fica tão estarrecido com a atuação péssima dos atores, com os diálogos absurdamente ingênuos e artificiais, com a falta de suspense e tensão nas cenas que deveriam enfatizar situações de horror, com a inexistência de qualquer tipo de empatia com os personagens (um grupo de adolescentes acéfalos), com a total escassez de recursos de uma produção paupérrima, entre outras coisas, que passa a sentir vontade de saber o que vai acontecer até o final do filme, conferindo de perto o tamanho colossal da ruindade do conjunto da obra. Esse é o fascínio que o cinema verdadeiramente “trash” (ruim não proposital) exerce sobre o público.
Um grupo de adolescentes americanos desmiolados, Reg (Don Sullivan), Skip (Paul Pepper), e suas namoradas Julie (Mitzie Albertson) e Pam (Bri Murphy), decidem fazer um passeio de barco para esquiar. Porém, eles encontram uma ilha onde desembarcam e conhecem uma misteriosa mulher, Dra. Myra (Katherine Victor), e seu assistente troglodita mudo Ivan (Chuck Niles, não creditado). Ela é uma cientista sinistra envolvida num projeto secreto da guerra fria que tem como objetivo transformar as pessoas em zumbis obedientes e escravos, através de experiências com um produto químico que contaminaria o sistema de distribuição de água nos Estados Unidos. Mas, um outro casal de adolescentes igualmente acéfalos, Morrie (Jay Hawk) e Dotty (Nan Green), ao investigar o sumiço dos amigos, também chega à ilha atrapalhando os planos da cientista e seus comparsas.
Entre as curiosidades observadas ao ver o filme está a insistência do cinema americano dos anos 50 e 60 do século passado em utilizar a Argentina e sua capital Buenos Aires como o representante da América do Sul (em determinado momento, essa citação ocorre ao falar da atuação de um espião internacional da organização secreta que quer dominar seus inimigos), porém, atualmente esse posto passou para o Brasil, que regularmente é o escolhido quando o assunto é América do Sul. Outro fato curioso é o roteiro novamente explorar um argumento dentro do universo ficional da tensão proveniente da guerra fria entre os Estados Unidos e os países comunistas do leste europeu, com um tradicional “cientista louco” (nesse caso, uma mulher) e suas experiências para conquistar o mundo. Também não posso deixar de registrar que os adolescentes do passado igualmente eram desprovidos de cérebro, como todos os jovens na maioria dos filmes de horror e ficção científica, mas apesar dos diálogos banais e ingênuos em excesso, eles ainda assim são melhores que seus similares atuais (de 50 anos depois), principalmente aqueles imbecis dos “slashers”, que sempre merecem morrer nos filmes das maneiras mais dolorosas.
Mais algumas bobagens encontradas em “Teenage Zombies” é a presença de um hilário gorila utilizado como cobaia nas experiências (interpretado por Mitch Evans, não creditado), o inacreditável e ridículo escritório do corrupto xerife local, e as cenas de lutas tão mal coreografadas que nos incitam ao riso involuntário. Sem contar que um filme que tem “zombies” no título não poderia mostrar somente alguns pouquíssimos zumbis numa cena ultra rápida, e não apresentar nem ao menos uma gotinha de sangue.
Enfim, uma porcaria descomunal que de tão ruim vale até a pena conhecer (é curto, apenas 73 minutos). E encerro esse texto reproduzindo a chamada forçada que os responsáveis pelo DVD nacional colocaram na contra capa para anunciar o filme: “... Intriga política e dominação zumbi serão as palavras chaves para entender este super clássico zumbi-cult”.