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Dead & Buried - 1981


“Uma antiga lenda diz que eles só podem ser feitos de quem morreu de uma morte violenta.” – trecho de um livro sobre bruxaria e vodu. “Os Mortos Vivos” (Dead & Buried, 1981) é o típico filme que se encaixa perfeitamente num subgênero do cinema de horror que podemos classificar como “pequena cidade do interior que esconde um terrível segredo”. Potters Bluff é uma cidade pequena e pacata, onde seus habitantes procuram viver uma rotina calma e em paz. Gente aparentemente inofensiva como o dono do hotel local, Ben (Macon McCalman), o diretor da escola, Sr. Paul Haskell (Robert Boler), o dono de uma loja de revelação de filmes, Ernie (Bill Quinn), o motorista de um guincho, Harry (Robert Englund), o assistente de um agente funerário, Jimmy (Glenn Morshower), uma garçonete, Midge (Linda Turley), a assistente do xerife, Betty (Estelle Omens), o médico chamado apenas de Doutor (Joe Medalis), um coveiro, Sam (Michael Pataki), além de outros cidadãos comuns como Phil (Barry Corbin) e Herman (Michael Currie). Sem falar no xerife Dan Gillis (James Farentino), sua bela esposa a professora Janet (a canadense Melody Anderson), que tem um curioso interesse em ensinar magia negra aos seus alunos, o sinistro legista e agente funerário William G. Dobbs (Jack Albertson, de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, 71 e “O Destino do Podeidon”, 72), que tem um mórbido prazer em reconstruir os corpos deformados de cadáveres, um serviço que considera uma arte e aprecia fazer ao som de música dos anos 30, e ainda a bela Lisa (Lisa Blount), uma jovem loira que aprecia ser fotografada e gostaria de ser modelo. Porém, a tranquilidade da cidade começa a mudar radicalmente quando tem início uma turbulenta série de assassinatos violentos de forasteiros que visitam Potters Bluff ou que estão apenas de passagem, despertando a atenção do xerife Dan Gillis para as investigações. Começando por um jovem fotógrafo profissional de St. Louis, George LeMoyne (Christopher Allport), que chega em férias com sua kombi numa praia da cidade e conhece a misteriosa loira Lisa, que pede para ser fotografada. Uma vez seduzido por ela, o fotógrafo, apelidado pela jovem de Freddie, não imaginaria seu doloroso destino literalmente ardente em chamas. Outros forasteiros que sentiram a dócil hospitalidade do povo local são um velho pescador bêbado (Ed Bakey), uma família formada pelo pai Ron (Dennis Redfield), a mãe Linda (Nancy Locke Hauser) e o filho pequeno Jamie (interpretado pelos irmãos gêmeos Mark e Michael Courtney), além de uma jovem e bela caronista chamada Chance (Lisa Marie), convidada a visitar Potters Bluff e experimentando o peso de uma enorme pedra arremessada contra seu crânio. O argumento de “Os Mortos Vivos”, uma pequena cidade assustadora que esconde um segredo, lembra bem um episódio esticado da nostálgica série de TV dos anos 60 “Além da Imaginação” (The Twilight Zone). O filme tem tudo aquilo que um fã de horror procura como suspense e tensão em momentos oportunos, clima perturbador de mistério, cenas de perseguição, violência gráfica em assassinatos cruéis, revelações sutis ao longo da história com elementos de magia negra, e um coerente e excepcional final surpresa. É um daqueles filmes de horror dignos do que de mais divertido foi produzido nos saudosos anos 80, ao lado de “O Iluminado”, “Grito de Horror”, “Um Lobisomem Americano em Londres”, “Poltergeist”, “The Evil Dead”, “O Enigma do Outro Mundo”, “The Beyond”, “Videodrome”, “A Mansão da Meia-Noite”, “A Hora do Pesadelo”, “O Dia dos Mortos”, “Demons”, “Re-Animator”, “A Volta dos Mortos Vivos”, “A Casa do Espanto”, “Colheita Maldita”, “From Beyond”, “A Mosca”, “Hellraiser”, “A Maldição dos Mortos Vivos”, “A Bolha Assassina”, “Cemitério Maldito”, e outros mais. A idéia inicial do diretor Gary Sherman (de “Poltergeist 3 – O Capítulo Final”, 88) era realizar um filme de humor negro, e felizmente o projeto mudou seus rumos deixando a comédia de lado e partindo para um horror verdadeiro com impressionantes cenas “gore”, graças à solicitação da produtora “PSO International”, que assumiu os trabalhos de produção e exigiu as mudanças estratégicas. Entre as várias cenas de destaque, vale a pena registar uma em especial, que é muito perturbadora e envolve a primeira vítima dos cidadãos de Potters Bluff, que mesmo sobrevivendo depois de arder em chamas, é surpreendido no hospital por uma bela enfermeira que lhe prepara uma enorme injeção para ser aplicada no único olho que ainda sobrou intacto. Ou a cena onde o Doutor, após descobrir fatos reveladores e inconvenientes, recebe a visita de seus vizinhos e amigos que lhe injetam ácido pelas narinas, num processo de derretimento digno de nota. Ou ainda a cena onde um grupo de habitantes da cidade, todos portando armas cortantes e ferramentas com o objetivo de machucar, estão caminhando de forma sinistra numa rua à noite, envolvidos por uma espessa neblina, perseguindo calmamente uma família de forasteiros (uma foto dessa sequência macabra e fantasmagórica está reproduzida na contra capa da fita VHS lançada no Brasil em 2003 pela “Europa Filmes”). Aliás, o filme foi disponibilizado primeiramente nas locadoras em meados dos anos 80, na época do mercado de fitas alternativas (apenas um outro nome para “pirataria”) com o título nacional “Morto & Enterrado”, uma tradução literal do original “Dead & Buried”, que é bem melhor que o nome que recebeu agora, pois o escolhido dessa vez, “Os Mortos Vivos”, além de ser trivial e comum demais, ainda entrega uma revelação importante da história. Entre as curiosidades, temos a presença do ator Robert Englund num papel menor e secundário, interpretando um motorista de guincho. Ele que poucos anos mais tarde se tornaria notável e famoso ao se transformar no psicopata Freddy Krueger da série “A Hora do Pesadelo”, que teve sete filmes e um crossover com o rival Jason Voorhees (de “Sexta-Feira 13”). A equipe de produção de “Os Mortos Vivos” possui nomes consagrados no cinema de horror como o roteirista Dan O´Bannon, que escreveu as histórias de “Dark Star” (74), o clássico moderno “Alien, o Oitavo Passageiro” (79), “Força Sinistra” (85) e “O Vingador do Futuro” (90), além de dirigir filmes importantes como “A Volta dos Mortos-Vivos” (85) e “Renascido das Trevas” (92). E o filme contou também com a participação parcial do conhecido técnico em maquiagem e efeitos especiais Stan Winston, que tem um currículo significativo no gênero, onde inclui filmes como “O Enigma do Outro Mundo” (82), “Edward Mãos de Tesoura” (90), “Entrevista Com o Vampiro” (94) e “Pânico na Floresta” (2003).


“Os Mortos Vivos” (Dead & Buried, 1981) # 289 – data: 24/12/04 - Publicado originalmente no blog Juvenatrix # 289 – data: 11/01/06

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