The Mummy's Shroud - 1967
“Um pesadelo de terror vindo da tumba. Uma antiga maldição ganha vida, para matar os vivos e levantar os mortos. O horror de uma história que começa no antigo Egito. Quando Kah-to-Bey, o filho de um faraó, morre no deserto e é coberto por uma mortalha que possui um poder secreto de vida e morte.” - reprodução de narração do trailer original.
Além de Drácula (com oito filmes) e a criatura de Frankenstein (sete), outros monstros famosos do cinema foram igualmente abordados pela produtora inglesa “Hammer” em seus nostálgicos filmes dos anos 50, 60 e 70 do século passado, como a múmia, o fantasma da ópera, o Dr. Jekyll e Mr. Hyde, o lobisomem, e outros. O estúdio explorou com uma série de quatro filmes o tema das múmias do antigo Egito e as terríveis maldições que envolviam suas lendas e afetavam os profanadores de suas tumbas. São eles: “A Múmia” (The Mummy, 59), de Terence Fisher e com Christopher Lee e Peter Cushing, “A Maldição da Múmia” (The Curse of the Mummy’s Tomb, 64), de Michael Carreras, “A Mortalha da Múmia” (The Mummy’s Shroud, 67), de John Gilling e com Andre Morell, e “Sangue no Sarcófago da Múmia” (Blood From the Mummy’s Tomb, 71), de Seth Holt e Michael Carreras, e com Andrew Keir e Valerie Leon.
Aproximadamente no ano 2.000 A.C., um importante faraó egípcio (Bruno Barnabe) lamentava a grave doença de sua esposa (Toni Gilpin) no leito de morte, ao lado do filho pequeno Kah-to-Bey (Toolsie Persaud). Porém, eles não imaginavam que paralelamente havia uma conspiração para a tomada do poder que culminou com sua morte. Antes de morrer pela espada do inimigo traidor, o faraó ordenou para que seu servo Prem (Dickie Owen) protegesse seu filho numa fuga pelo deserto. As condições climáticas desfavoráveis com o forte calor levou Kah-to-Bey à morte, sendo enterrado num túmulo construído especialmente para ele, e com uma misteriosa mortalha repleta de inscrições cobrindo-lhe o corpo.
Cerca de 4.000 anos depois, em 1920, uma expedição inglesa financiada por um rico empresário, o egocêntrico e arrogante Stanley Preston (John Phillips, de “Aldeia dos Amaldiçoados”), parte pelo deserto em busca do túmulo de Kah-to-Bey. O grupo é formado pelo arqueólogo e líder Sir Basil Walden (Andre Morell, de “Epidemia de Zumbis”), além de Paul Preston (David Buck), filho do empresário, o fotógrafo Harry Newton (Tim Barrett), e Claire de Sangre (Maggie Kimberly), a única moça do grupo, especialista em idiomas antigos e com poderes de vidência.
Eles encontram a tumba do príncipe e transportam o corpo para a cidade do Cairo, porém a partir daí começa a ocorrer uma série de assassinatos misteriosos envolvendo os membros da expedição e outras pessoas que invadiram a tumba, como o assessor de imprensa do empresário, Sr. Longbarrow (Michael Ripper, de “A Serpente” e “O Conde Drácula”), através das mãos de uma terrível múmia (Eddie Powell) que saiu de seu “sarcófago maldito” para cumprir uma maldição contra os invasores da sepultura proibida de Kah-to-Bey. Os assassinatos brutais despertaram a atenção da polícia, com o Inspetor Barrani (Richard Warner) assumindo o comando das investigações. Uma das poucas pessoas que parece livre da ira vingativa da múmia é Barbara Preston (Elizabeth Sellars), esposa do empresário e que não entrou na cripta do filho do faraó.
“A Mortalha da Múmia” segue a mesma linha dos filmes que abordam essas criaturas sobrenaturais cobertas de trapos e bandagens, e que voltam à vida com força descomunal para se vingar violentamente de todos que ousaram invadir seus domínios, roubar seus tesouros ou perturbar seu sono profundo. Ou seja, não falta a tradicional maldição e seus efeitos mortais contra os intrusos e saqueadores de túmulos. Nesse caso, é através da citação de textos proibidos inscritos numa mortalha que tem poderes especiais, e que estava cobrindo o cadáver de Kah-to-Bey, o filho adolescente de um poderoso faraó que foi assassinado num golpe de traição de seu irmão, que queria tomar o poder.
O filme apresenta algumas cenas razoáveis de mortes, nos ataques da múmia de Prem, o fiel servo do faraó assassinado e que tinha como objetivo proteger eternamente o filho de seu mestre, durante a fuga pelo deserto, onde o garoto fatalmente sucumbiu ao calor, e mesmo após sua morte. Mas como pontos negativos, temos a presença inoportuna de uma velha e irritante cartomante chamada Haiti (Catherine Lacey), que com sua bola de cristal conseguia ver o futuro sombrio de todos aqueles que invadiram o túmulo do filho do faraó. Ela é a mãe de Hasmid (Roger Delgado), o guardião da tumba e o responsável pelo despertar da múmia através da recitação da maldição inscrita na mortalha de Kah-to-Bey.
O terceiro filme sobre múmias da “Hammer”, “A Mortalha da Múmia”, foi lançado em DVD no Brasil pelo selo “Dark Side”, da “Works Editora”, trazendo entre os materiais extras as biografias do cineasta inglês John Gilling (1912 / 1982), que dirigiu outros filmes para o mesmo estúdio como “A Serpente” e “Epidemia de Zumbis” (ambos em 1966), e do ator também inglês Andre Morell (1909 / 1978), que esteve em “O Cão dos Baskervilles” (59), ao lado de Christopher Lee e Peter Cushing. Temos também uma sinopse, um trailer de cinema legendado em português e com três minutos de duração, um trailer combo promocional também com legendas apresentando “A Mortalha da Múmia” e “Frankenstein Criou a Mulher”, e dois spots de TV legendados e em preto e branco dos mesmos filmes, num pacote promocional da “Hammer” anunciando suas produções sobre a múmia e o monstro de Frankenstein lançados em 67.
Como curiosidades, podemos destacar que o filme já havia recebido o nome nacional de “O Sarcófago Maldito” quando exibido na televisão e agora recebeu o título “A Mortalha da Múmia” (uma tradução literal do original) no lançamento em DVD. E a longa narração de abertura, explicando detalhadamente as bases de origem da história, é de autoria de Peter Cushing, um dos atores mais presentes nos filmes da “Hammer”, só que sua narração não está creditada.