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Dai-Nipponjin aka Big Man Japan - 2006


Os japoneses sempre deixaram evidente sua megalomania - seja em busca do aumentativo de seus produtos, seja no desenvolvimento de seus personagens com olhos grandes e monstros gigantes atacando suas principais cidades. Ainda que Godzilla tenha surgido como uma resposta a um mundo assustado por ataques nucleares, eles sempre costumam exagerar nas dimensões de suas criaturas, deixando algumas pistas que levam alguns a acreditarem que se trata de um possível complexo de inferioridade. Se é verdade ou intriga da oposição, não importa; o fato é que suas criações são de extrema criatividade e seus filmes, divertidíssimos, como é o caso de "O Gigante do Japão" (Dai-Nipponjin/Big Man Japan, 2006), longa-metragem de Hitoshi Matsumoto, que chegou a ser exibido no I SP Terror - Festival Internacional de Cinema de São Paulo. Na trama, uma produtora está realizando um documentário sobre um cidadão chamado Daisato, um homem simples e complexado que herdou de sua família a capacidade de se transformar em um gigante de 30 metros para salvar o Japão de ataques de monstros. Embora seus atos sejam heroicos, ele não consegue popularidade em seu país, diferente de seus antepassados, e convive com essa dura e dramática responsabilidade, mesmo sem ter qualquer prestígio. Dasaito mora numa casa pequena, com seu gato "de rua" e vive de patrocinadores que tatuam seus produtos em seu corpo para serem exibidos nos jornais e em seu programa da madrugada.

Enquanto aguarda a convocação de um novo serviço, o documentário mostra seu dia-a-dia tedioso, repleto de protestos e ataques preconceituosos, e realiza entrevistas com pessoas relacionadas ao "gigante do Japão". Quando recebe um telefonema sobre a aparição de algum monstro gigante, Dasaito recebe uma descarga elétrica ("é preciso assar") e ruma para o local onde encontra o inimigo para exterminá-lo, mandando sua alma para o céu (!!!). Com seu visual engraçado - parecendo aqueles bonecos de duendes mágicos -, um corpo tatuado de propagandas, e usando um cacetete, o "Gigante do Japão" esconde suas fraquezas e medos por meio de sua estatura elevada. Com sua crítica social sutil e homenagem aos filmes com monstros gigantes, as partes mais divertidas da produção são, sem dúvida, as próprias criaturas. Bizarros, esquisitos e sinistros, eles encantam com suas características singulares apresentadas de um modo bem criativo por Hitoshi Matsumoto (que também assina o roteiro e interpreta o "gigante"). Há um monstro que estrangula os prédios e bota ovos; outro que salta pela cidade emitindo gritos; aquele que produz um cheiro insuportável; o que arremessa o olho, o bebê inofensivo...e o assustador "vermelho". Os efeitos são cartunescos, com CGI exagerado, que o próprio diretor brinca com isso no último e tosco ato. Aliás, a homenagem ao "Ultraman/Ultraseven" não poderia ser mais conveniente. Com um direção segura - que não deixa o documentário com aparência artificial -, um ritmo lento que o afasta de produções de ação do estilo filmes de herói, músicas melosas, numa história diferente de tudo o que você já viu, "O Gigante do Japão" é mais um retrato da grandiosidade japonesa em fazer bons filmes: uma aula para o cinema mundial.


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