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Laid to Rest - 2009


A relação entre sangue e filme de horror sempre foi muito próxima. Se Hitchcock conseguiu chocar a audiência em Psicose, em 1960, o advento das cores no cinema possibilitou ampliar as possibilidades, principalmente quando, anos mais tarde, Hershell Gordon Lewis deu o pontapé inicial nos exageros avermelhados com seu Blood Feast. A partir daí, entre sutilidades e exposição extrema, o gênero sempre exigiu sua presença como parâmetro de qualidade, atribuindo aos slashers a responsabilidade de seu uso. Na última década, com o "torture porn" e o avanço dos efeitos especiais, o horror se aproximou da realidade, com cortes, mutilações e órgãos expostos que deram orgulho aos estudantes de anatomia, tornando os fãs do gênero cada vez mais exigentes. O que dizer, então, de uma franquia extremamente violenta num grafismo quase perfeito, capaz de impressionar até os mais calejados?


Laid to Rest é o nome do trabalho de estreia do especialista em efeitos especiais Robert Hall, dos filmes da série Atividade Paranormal, de John Dies at the End, Quarentena 2, entre outros. Com uma boa avaliação dos críticos mais pela qualidade técnica do que pelo conteúdo, o longa apresentou ao gênero o assassino Chromeskull, um homem desfigurado que veste uma máscara de caveira cromada - daí o seu nome - e costuma filmar suas atrocidades, torturando psicologicamente suas vítimas. Para o vilão, uma faca introduzida no intestino não é suficiente; é preciso enxergar suas entranhas saltando violentamente em um mar de sangue, gordura e músculos. As mortes são rápidas e peculiares, expondo o público ao seu ritual sádico e criativo, frio e feroz. Entretanto, os elogios se encerram aí já que o roteiro não traz inovações, a solução é óbvia e o elenco é fraco ou pouco exigido.


Uma bela jovem (Bobbi Sue Luther) acorda presa no interior de um caixão num ambiente funerário. Sem saber as razões que a levaram até ali ou sua própria identidade, ela percebe brevemente que existe um assassino grotesco (Nick Principe) no local, esperando apenas o momento de encerrar sua produção em vídeo. Na busca por ajuda, a garota pega carona com o gentil Tucker (Kevin Gage), que a leva para casa apenas para que Chromeskull vá até lá e mate sua companheira. Depois a dupla, consegue a ajuda do solitário Steven (Sean Whalen), outro que acaba entrando para a lista negra do assassino. Simplesmente assim se desenvolve a trama de Laid to Rest, com os personagens fugindo de um lugar para outro, enquanto o algoz vai deixando um rastro sangrento pelo caminho.


Trata-se de um slasher trivial, cujo destaque está na violência e realismo das mortes, seja nas facadas no rosto, nas cabeças cortadas ou explodidas onscreen, no rosto arrancado, derretido, desfigurado...cada vítima encontra seu fim das maneiras mais inusitadas, trazendo formas criativas e exageradas de perder a vida. Chromeskull é silencioso e inteligente, antecipa os passos de suas presas, enquanto as tortura psicologicamente, utilizando o cadáver da mãe de Steven ou prendendo novamente a jovem num caixão ao lado de outros corpos.


Alguns rostos conhecidos do público fazem parte do elenco, como o veterano e recém-falecido Richard Lynch (de "Invasão USA", "A Espada e os Bárbaros" e outras 150 produções) e o jovem Thomas Dekker, de "A Hora do Pesadelo" (2010). Outro nome que se destaca está nos efeitos especiais: o experiente Kevin Carter, de "Resident Evil 4", "Corrida Mortal", "Terror no Pântano 2" e inúmeras produções; o que torna evidente a qualidade técnica, embora o conteúdo não consiga surpreender. Com o sucesso do longa nas análises, tornando a máscara do assassino popular, era inevitável uma continuação, algo que Robert Hall promoveria em 2011.


Desta vez, Hall permitiu a parceria na elaboração do roteiro de Kevin Bocarde. Ainda assim não foi suficientemente capaz de justificar a continuação, tendo em vista a cena final de Laid to Rest. Como Bobbi Sue Luther não quis repetir seu papel, foi substituída pela limitada Allison Kyler, numa cena rápida de nudez e morte violenta. A pontinha de Thomas Dekker no final do primeiro filme lhe rendeu um protagonismo na sequência ao lado de uma nova garota "deixada para descansar": Jess (Mimi Michaels, de "O Pesadelo 3"), que, desta vez, acorda no interior de uma fábrica, local onde fica uma empresa que comanda e obedece aos atos de Chromeskull.


Se antes era apenas um slasher convencional, as intenções dos realizadores foi apresentar uma organização que envolve snuff e é patrocinada por sádicos empresários. Entre eles, nota-se o rosto íntimo do gênero de Danielle Harris (de "Halloween 4: O Retorno de Michael Myers") e o ex-Barrados no Baile, Brian Austin Green, interpretando Preston, um insano da organização que almeja substituir Chromeskull. É apresentado todo o processo de transformação, embora o personagem seja limitado nos atos cruéis e peque por falar demais.


Se no primeiro filme, o público estranhou a ausência da polícia no banho de sangue, neste cabe ao Detetive King (Owain Yeoman) ocupar o cargo e permitir as burrices típicas do gênero. O longa falha na cena de captura de Tommy, na porta da delegacia, e na incompetência dos policiais, incluindo o Agente de FBI Johnathon Schaech (Quarentena), quando descobrem o paradeiro do grupo criminoso. No local, algumas referências à franquia Jogos Mortais, com uma equipe inteira de policiais armados sendo massacrados pelos dois Chromeskulls e algumas armadilhas, e até O Albergue na tatuagem de identificação.


A organização de Chromeskull é extremamente eficiente e surreal. Comunicação por internet, onde o mudo Chromeskull digita suas intenções, sala de conferência, equipe médica...faltou só a tia que traz o café. Os absurdos em cena talvez funcionassem numa paródia ao estilo Terror no Pântano, porém o elenco trabalha com a seriedade de um clássico do gênero, algo que a franquia está bastante distante de se aproximar. Parece que a intenção seria criar um novo ícone do gênero, fazendo Chromeskull figurar ao lado de Jason Voorhees e Micheal Myers. Somente mortes violentas não são suficientes, quando não há carisma ou personalidade!


Pelo final apresentado, tudo indica que o cinema extremo ainda verá o vilão em cena para mais mutilações e filmagens! Robert Hall já havia dito que a intenção original era a realização de uma trilogia, mesmo que não haja fundamentos para que os horizontes sejam ampliados! Vamos aguardar os próximos passos do assassino mascarado, esperando que o roteiro seja tão bom quanto os massacres exibidos!

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