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Blood Trails - 2006


Não há quase diferença alguma entre Blood Trails (2006) e todos os filmes de terror realizados nos últimos anos. Neste também temos a tortura psicológica, as cenas sangrentas de mutilação, o desespero das vítimas na tentativa de buscar ajuda, mortes gratuitas... Ainda que o filme possuísse uma atmosfera assustadora (Plataforma do Medo), um assassino frio e sem rosto (Alta Tensão), momentos ousados de morte e violência (Wolf Creek) ou até mesmo cenas genuínas de tortura física (O Albergue), não haveria como evitar a sensação de “deja vu” em uma produção concebida como a Criatura de Frankenstein.


Blood Trails acompanha o pesadelo da ciclista e mensageira Anne (Rebecca R. Palmer), que, após se envolver com um policial possessivo e violento, é obrigada a lutar pela vida numa região montanhosa. No decorrer de sua jornada, cada pessoa que tenta ajudá-la acaba tendo um fim trágico, justificando o título original da produção.


Durante um dia comum de trabalho na cidade, Anne é perseguida de bicicleta pelo policial Chris (Ben Price). Ao abordá-la, o sinistro sujeito já apresenta os primeiros sinais de agressividade ao escrever de forma bruta no braço da jovem seu telefone. Mesmo sendo comprometida com o simpático Michael (Tom Frederic), ela sucumbe à beleza do estranho e é quase violentada no primeiro e único encontro. Tentando esquecer o seu erro, Anne combina um passeio romântico com o namorado numa cabana escondida entre uma cadeia de montanhas. (se eles assistissem a filmes de terror, saberiam que esse não é o melhor local para se encontrar. Também evitariam muitos problemas se obedecessem a placas de avisos...). A partir daí, temos uma sequência sempre repetida de sangue, mortes e tentativas de fuga – de bicicleta, caminhão, nadando, escalando...


Composto de poucos diálogos e uma infinidade de close-ups, Blood Trails é narrado de forma bem lenta e sem surpresas. Aliás, uma auto-correção: há surpresa, sim: a trilha sonora horrorosa e as atuações fracas não justificam a passagem com sucesso desse filme no festival Dead by Dawn, na Inglaterra. Também são surpreendentes algumas críticas positivas encontradas na internet em sites especializados do gênero.


Talvez a violência exagerada seja o motor de condução do longa, pode pensar o mais otimista dos espectadores. Ledo engano! As cenas de violência gráfica também não possuem atrativos ou são bem realizadas. A única morte interessante é a primeira, quando a vítima tem seu pescoço rasgado pelo pneu de uma bicicleta. Há também um bom momento em que o corpo de um sujeito é varado por uma faca. Ainda assim, não servem como justificativa para assistir a essa produção dirigida de forma preguiçosa pelo novato Robert Krause. Todas as cenas sangrentas apresentadas no começo do filme animam o espectador a aguardar por cada momento de angústia e dor física, mas, quando elas surgem, o impacto sem ritmo no estilo videoclipe é bem menor.


Com a aparência de um genérico do falecido ator Heath Ledger, Ben Price não convence como psicopata. Sua tranquilidade e sorriso irônico não assustam (“você foi a única que sobreviveu ao primeiro encontro”). Seu porte físico não comprova sua força e capacidade de reação. E no final ficam as perguntas: como ele conseguiu virar o jogo diante de dois policiais armados? Como ele sempre está um passo a frente da jovem, mesmo depois dela nadar, correr, pular, fugir...?


Já a protagonista também não é capaz de passar todo o nervosismo de uma situação sem controle. Ela não é uma Marilyn Burns ou uma Sigourney Weaver. No entanto, está sendo caçada como um animal numa região estranha. Um pouco mais de desespero e menos cara feia poderiam compor sua personagem de forma mais eficiente.


E quanto ao final, o anticlichê da última cena acaba soando forçado, como se o diretor estivesse interessado apenas em terminar logo seu filme, sem reviravolta, sem susto final, sem a imortalidade dos famosos vilões do gênero. E o pior é que o filme passa a atrair mais a atenção a partir desse momento, porém, quando começamos a gostar do que estamos vendo, já estamos diante dos créditos finais.

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