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Bug Buster - 1998


Não é apenas um pesadelo feminino: baratas são realmente criaturas repugnantes. Até mesmo aqueles que as enfrentam com seus tênis de trezentos reais assumem um certo desespero quando são convocados para um extermínio. Não é o medo que comanda essa pouca afeição - talvez uma inveja pela sua capacidade de sobrevivência a uma guerra nuclear e ousadia em aparecer em lugares inusitados... - mas a sua incômoda presença, além do fato delas morrerem de modo extremamente horrível, resultando numa gosma branca com antenas e órgãos distorcidos sempre antecipados pelo som de biscoito sendo esmagado. E como vocês sabem, coisas nojentas são um prato asqueroso e completo para o gênero fantástico, tanto que marcam presença há muito tempo em produções ruins e divertidas. Quem não se lembra do clássico Praga Infernal, de 1975, de Jeannot Szwarc, com esses insetos em forma mutante? Já na década de 80 há mais exemplares como o último segmento de Creepshow - Show de Horrores, de 1982, assim como Ninho do Terror e a cena mais curiosa de um assassinato em A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos, ambos de 1988. Se há exemplos divertidos, também há um representante tão ruim que fez as Blattodeas se sentirem orgulhosas: Baratas Assassinas aka Bug Buster, lançado em 1998, um ano depois de Mutação, de Guillermo del Toro.


Shannon Griffin (Katherine Heigl, de Ligeiramente Grávidos) passou sua vida sendo atormentada por pesadelos com baratas em seu quarto - ela provavelmente não consegue ver a graça de Joe e as Baratas. Para se livrar desse terrível mal, ela é sua família se mudam para um hotel na pequena cidade de Mountview, no interior da Califórnia, um local perfeito para descansar e tratar sua fobia. É lá que a jovem encontrará seu interesse amoroso, Steve, e passará a encarar seus maiores medos, quando pistas revelam a possibilidade de insetos estarem fazendo vítimas na região.

Baratas Assassinas é o típico filme-clichê: similar a diversas produções do gênero bicho vs homem, o enredo aposta no bom humor e nas homenagens a outros exemplares para atrair a atenção do público, mas evidencia seu fraco conteúdo, péssimos efeitos especiais e um elenco que você não espera revê-lo novamente no cinema. Seguindo o estilo Tropas Estelares, o filme tem início com um comercial de TV com um especialista em matar insetos e criaturas diversas, General George (Randy Quaid, sempre em personagens insanos), com seu discurso de ex-combatente do Exército e sua metodologia nem um pouco convencional na exterminação das pragas. Se a primeira propaganda não foi interessante, o que dizer das inúmeras que aparecerão no decorrer do longa, mostrando o exterminador em situações bizarras – ora, fuzilando um rato de plástico, ora pendurado em um cipó, enquanto insetos falsos são atirados em sua direção?


Um casal de jovens, o já citado Steve (David Lipper, de Operação Babá), entra num lago da região para se banhar e fazer outras coisas mais, quando a jovem sente uma dor forte na perna, como se algo a estivesse mordendo. Curiosamente, momentos antes, o rapaz relembra uma situação que ocorrera no passado nesse mesmo local, onde um jovem teria morrido vítima de um suposto acidente. Se ele sabia do perigo, por que ainda assim resolveu entrar na água? Adrenalina? Uma transa garantida? Ou apenas burrice?


Logo depois do ataque, com a presença da polícia - lê-se dois bobalhões que ficam o filme inteiro citando outras produções como Tubarão - o público é apresentado a Dra. Laura Casey (a belíssima, mas limitada Brenda Epperson Doumani), veterinária, que atribui o incidente a uma possível mordida de um peixe encontrado no local. Em seu laboratório, a doutora descobrirá no interior do animal uma barata, talvez a responsável pela alteração genética e morte do peixe, e a enviará para seu ex-professor, o mestre das caras e bocas, Dr. Hiro Fujimoto (George Takei, de Star Trek), cujo papel se resume a ficar num laboratório conversando com o elenco sempre via telefone, sem nunca contracenar com os outros atores.


A partir daí, já é possível prever quase tudo: Shannon se interessará por Steve, que perderá a namorada vítima da “contaminação” gerada pela mordida do inseto; vários moradores da região irão morrer derretidos pelo ataque sempre crescente dos insetos, até que o General George será convocado a prestar socorro; será descoberta a relação entre as baratas mutantes e o incidente ocorrido no lago no passado; todo o elenco principal se verá diante de uma ameaça ainda maior do que as pequenas baratas; e por aí vai.


Nem com seu estilo trash com humor-negro, o filme consegue se safar de uma avaliação extremamente negativa. Não há uma cena sequer interessante ou que seja digna de observação, já que tudo o que é mostrado já foi visto antes e de forma melhor em centenas de outras produções. Diferente de Malditas Aranhas, com sua sátira aos clássicos da era dos monstros gigantes, Baratas Assassinas soa como uma cópia vulgar sem carisma ou criatividade para homenagear qualquer filme que seja. Embora os efeitos tenham ficado a cargo de Jeanne Vosloo, de Homens de Preto 2, eles são extremamente ruins e aparentemente amadores. Se era para brincar com o estilo, o resultado simplesmente não funcionou.


Sem justificativa para qualquer recomendação a uma conferida, que sirva pelo menos de alerta aos caçadores de pérolas do estilo: a repugnância a essas criaturas deve se ampliar a essa produção e a seus envolvidos. O problema é que, depois de arriscar esbarrar no longa, não há chinelo ou inseticida que evite os estragos cometidos por seu conteúdo.

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