Julia X - 2011
Conhecer pessoas pelo bate-papo é uma prática comum hoje em dia pela facilidade do contato e por permitir a aproximação pelo conteúdo antes de valorizar o rótulo. Ao mesmo tempo que é interessante também pode se tornar perigoso a partir do momento em que não é possível saber com quem você está lidando até o encontro físico. O cinema de horror já trouxe alguns bons ensinamentos sobre essa prática através do psicológico Menina.Com, do drama Confiar e recentemente com o sangrento Julia X, dirigido pelo produtor e roteirista P.J. Pettiette (Jennifer's Shadow, If I Die Before I Wake, Bad Dreams).
Com um orçamento estimado em 4 milhões, o longa tem como estrela o ex-Hércules Kevin Sorbo, como um serial killer que costuma sequestrar mulheres que conhece pela internet para depois matá-las, deixando uma marca na pele das vítimas. Julia (Valerie Azlynn, de Substitutos, 2009) poderia ser mais uma vítima do assassino, se não fosse sua capacidade de sobrevivência e intenções macabras. Nos primeiros vinte minutos, ela encontra meios para fugir em diversas situações, incluindo a própria morada do estranho e outros lugares abandonados, parecendo apenas mais uma survivor girl. O ponto de virada acontece quando ela tem a oportunidade de nocautear e sequestrá-lo, conduzindo-o até sua residência, onde sua sádica irmã Jéssica (Alicia Leigh Willis, de A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos) os aguarda.
Jéssica também quer ter a oportunidade de protagonizar sequestros, mas, por ser mais nova, é obrigada a seguir as orientações da irmã. Assim que acorda, o assassino percebe que escolheu a vítima errada, sofrendo inúmeras torturas, enquanto também tenta encontrar alguma maneira de fugir e contra-atacar. Assim, o banho de sangue comanda o longa, com as irmãs enfrentando o inimigo com os acessórios que possuem em casa, enquanto brigam entre si a respeito de eliminar ou não o homem, continuar torturando-o e o posto de líder.
P.J. Pettiette emprestou seu argumento para o especialista em efeitos especiais, Matt Cunningham (Tropas Estelares, 1998), escrever o roteiro. Apesar da boa ideia, o resultado não foi plenamente satisfatório, mesmo ao encher a tela de vermelho e criar lutas sangrentas entre frases de um simples encontro. Até mesmo a entrada de uma outra vítima na história, o mecânico Sam (Joel David Moore, de Avatar), não trouxe grandes mudanças no longa, até mesmo porque sua participação não acrescentou nada à produção. E também não haveria necessidade de mostrar o passados das irmãs para justificar sua raiva pelos homens, algo que o cinema de horror já provou não ser importante.
Kevin Sorbo é um ator bastante limitado, não convencendo em nenhum momento como serial killer sedutor - aliás, ele serviria muito bem para filmes pornô, principalmente na cena inicial no devaneio de Julia no banheiro. O destaque das atuações ficou por conta de Alicia, no papel de uma garota imprevisível e ousada, capaz de assumir o controle da situação e ainda se divertir com os confrontos. É ela que seduz o espectador e provoca as melhores cenas, permitindo uma avaliação não tão negativa para o longa.
Julia X tinha as ferramentas para se transformar numa grande produção, sempre lembrada pelos fãs do gênero, mas acabou se tornando uma Guerra dos Roses ou a Morte lhe Cai Bem: levemente divertido, embora não seja ousado e peque em algumas soluções fáceis.