Flesh for Frankenstein - 1973
Este filme de Paul Morrissey é provavelmente a adaptação mais esquisita da lendária obra de Mary Shelley que eu já vi! Em comparação com o Frankenstein (1931), de James Whale, estrelado pelo ícone do horror Boris Karloff, Flesh for Frankenstein não possui nada do charme romântico do original. O diretor Paul Morrissey criou um cenário bizarro e grotesco que contém uma abundância de sangue e tripas, humor negro, incesto e necrofilia. Alguns momentos calmos entram em contraste com a brutalidade gráfica (e exposições de nu frontal) tangente no filme.
Outro fator interessante é a utilização “emprestada” do nome de Andy Warhol para o titulo do filme. Erroneamente tido como diretor, Warhol teve apenas seu nome creditado ao filme como forma de promover a película dos reais diretores (Morrissey e Margheriti), que seriam algo como seus “afilhados artísticos“…
Bom…Vai saber!!!
O enredo é o mesmo de centenas de outras adaptações. O Barão Frankenstein (interpretado por um incrivelmente desequilibrado Udo Kier) está em busca da cabeça sérvia perfeita para completar o seu monstro fodedor macho (a versão feminina do monstro serve como fonte dos desejos do cientista e é interpretada por Dalila di Lazzaro). A Baronesa (Monique Van Vooren), por outro lado, encontra-se descontente sexualmente com seu irmão/marido, enquanto dois camponeses (Joe Dallesandro e Srdjan Zelenovic) resolvem visitar um bordel em meio a uma tempestade. Para completar a bizarrice, há um par assustador de criancinhas que vagam silenciosamente dentro e fora do filme. Como o assistente do cientista louco temos Arno Jeurging como uma versão chorona de Igor, que insiste em apresentar nudez frontal masculina. No decorrer da história, uma mistura de sensualidade/grotesco toma conta da trama e tudo se resume a uma pilha de cadáveres no final.
O ridículo de Flesh for Frankenstein é, felizmente, também a sua graça salvadora. Ao contrário dos filmes “camp“, que atropelam os requisitos que lhes deram vida, Flesh… é claramente um rebento de I Vampiri e Dario Argento. Morrissey trata seus personagens com cuidado, mostrando não apenas a sua insanidade, mas também apresentando-os como verdadeiras estrelas. Todo mundo é bonito e tudo é gótico. Do castelo sombrio de Frankenstein ao brilhante laboratório em uma caverna, cada cena é construída para obter um impacto dramático maior, mesmo que o efeito cumulativo de todo o drama seja uma risadinha…hehehehehe…
Eu até poderia escrever sobre os aspectos raciais, sexuais e políticos de Flesh for Frankenstein, mas para quê? Está tudo aí na superfície e essa é a verdadeira grandeza do filme. Nunca tenta ser mais do que é: divertimento sangrento e sensual. Provocante, mas mesmo assim uma recomendada mistura entre splatter e arte.