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M.O.M.: Mothers of Monsters - 2020


Uma das maiores preocupações da psicologia criminal americana é a de compreender a gênese do assassino em série. Que fatores – traumas, criação, genética? – conduzem uma pessoa a cometer crimes violentos e massacres? Seria possível prever que um jovem está prestes a entrar armado na escola e matar seus colegas? O perfil de muitos desses monstros é traçado pelo comportamento, pelo modo como se relaciona nas redes sociais e pelas preferências. Ainda que, em sua maioria, não quer dizer que o rapaz vai fazer algo ruim simplesmente porque é fanático por armas, por filmes e jogos violentos e expõe sua natureza agressiva. Veja o caso de Abbey (Melinda Page Hamilton), que está convicta de que é mãe de um jovem propenso a um massacre no interessante M.O.M.: Mothers of Monsters, de Tucia Lyman.


Preocupada com as atitudes de seu filho, o adolescente Jacob (Bailey Edwards), seja pelo gosto por jogos ou pelo interesse por armas, Abbey resolve fazer registros em vídeo, como um diário, com filmagens e depoimentos que confirmem sua teoria – caso não consiga evitar a tragédia, pelo menos pode servir de instrumento para que outras mães consigam observar seus filhos. Além das gravações com o celular, ela instala câmeras pela casa e passa a observá-lo atentamente. Sim, trata-se de um found footage bem justificado, uma vez que apenas seu posicionamento sobre os indícios possa evidenciar sua própria insanidade.

No entanto, mesmo com as tais evidências – algumas obscuras -, o belo roteiro de Lyman também permite o contraponto explícito: e se a mãe está exagerando em sua avaliação? Ao mesmo tempo em que apresenta essa desconfiança, talvez vazia (ora, é um adolescente como qualquer outro), o enredo mostra um passado trágico na própria família Bell, propondo o debate sobre herança genética, propensão e, por que não, karma. Para ampliar ainda mais as possibilidades da narrativa, em dado momento, Jacob descobre os intentos da mãe, iniciando um jogo de inteligência, chantagem e ameaças que podem confirmar o que ela suspeita ou expor seus absurdos.


Contudo, esse jogo de gato-e-rato não é apenas psicológico. Assim, no último ato, o conflito se torna insustentável, demolindo a relação familiar. Não se trata mais de uma mãe que busca a proteção do filho ou de um filho que tenta mostrar que é normal para a mãe; e o enredo propõe, então, um outro pensamento: será que a mãe, em sua paranoia, possa ser a responsável pela criação do monstro? Quem é a verdadeira vítima nesse embate?

Bem dirigido e dinâmico, com a apresentação de gravações da mãe e do próprio jovem, M.O.M.: Mothers of Monsters leva a discussão a um nível agressivo e insano, com um final devastador.


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