Rupintojelis - 2022

“Slasher é um subgênero de filmes de terror quase sempre envolvendo assassinos psicopatas que matam aleatoriamente. Normalmente são feitos com baixo orçamento, daí são constantemente nomeados como "Terror B". O termo “slasher” foi criado a partir do princípio básico deste estilo de filme, que é a de um assassino serial (normalmente com um distúrbio aparente) que utiliza uma máscara ou fantasia e vai coletando vítimas e mais vítimas ao longo da trama, até ser revelada sua identidade misteriosa pelo protagonista que, após fugir o filme inteiro, acaba matando o vilão.” - (WP)

Não seguindo este conselho, Jonas Trukanas nos apresenta “Rupintojelis” (aka Pensive), afirmando ser o primeiro slasher da Lituânia. Mas será que a obra acrescenta algo mais a um dos gêneros mais amados do terror?

Não... infelizmente não acrescenta.

“Sejam caçadores, não presas”. Depois da festa de formatura organizada pela estrela de basquete da escola, Rimas (Kipras Masidlauskas) ter sido cancelada, Marius (Šarūnas Rapolas Meiliešius) o nerd que ninguém gosta, convida a sua turma para uma cabana remota cuja venda a sua mãe estava mediando e tudo isso claramente para impressionar Brigita (Gabija Bargailaitė), uma colega de classe por quem está secretamente apaixonado. Chegando ao local, a turma de universitários começa a preparar uma rave de despedida escolar. No entanto, a noite toma um rumo macabro, quando um casal de jovens bêbados arrasta uma estátua de madeira de um círculo com outros monólitos para a festa. Aos poucos, o grupo vai sendo trucidado por uma misteriosa figura mascarada.

Mesmo nomeado para Melhor Filme Báltico no Tallinn Black Nights Film Festival, este slasher lituano envolvido em ambiência folk, apresenta menos do que promete. O “monstro” não tem uma história de origem elucidativa e tropeça em vários furos de roteiro. Potencialmente alvo de crítica por começar com as mortes demasiado tarde e deixar muitas delas em off (claramente por motivos de orçamento limitado), a verdade é que tais questões não condicionam a tensão de “Rupintojelis”, e não apresentam nada além de uma trama manca e sonolenta.

O filme até tenta brincar com os conceitos de heroísmo, altruísmo e egoísmo com bastante astúcia, mas o desenvolvimento da trama é de uma ingenuidade que chega ao limite do tedioso. Os personagens têm o carisma de uma pedra no sapato e a cereja do bolo deste subgênero, que seria a trilha incidental, é bruscamente trocada de sons tradicionais dos filmes de terror para uma sonoridade de casas noturnas que nos entra pelo cérebro adentro e ajuda a pegar ainda mais raiva deste filme que só tem 87 minutos.

CURIOSIDADE: O título americano “Pensive” é inspirado numa interação noturna entre o realizador, Jonas Trukanas, e uma estátua do Cristo Pensativo (figura religiosa comum nos países bálticos) numa floresta.

Se você tem fetiche por bizarrices cinéfilas sem nenhum atrativo, “Rupintojelis” é um prato cheio. Faça aquele baldão de pipoca e junte os amigos pra rir à beça com as atuações e torcer pela morte de todo o elenco do filme…

(P.S – Querida Lituânia, continue com o basquete, as batatas e as cegonhas, ok?)