Zhong Gui - 1983
Bizarro e apelativo filme de horror exploitation da produtora Shaw Brothers, dirigido por Kuen Yeung, assinando com o seu habitual pseudônimo de Chuan Yang.
Aqui temos uma pequena participação de Hussein Abu Hassen (1937-2007), ator que se dizia praticante de magia negra na tal vida real, repetindo seu papel de bruxo (ele já tinha feito um no clássico Betwitched de Kuei Chi-Hung). O filme abre com o bruxo sendo interrompido por uma pequena turba ensandecida de sua tarefa habitual: roubar ossos de cemitério.
Fugindo da pequena multidão (na verdade uma meia dúzia de gatos pingados), o bruxo se atravessa na frente de um táxi e acaba atropelado, para azar do taxista Chou Tang (Phillip Kode de The Boxer’s Omen de Kuei Chi-Hung). O bruxo alerta o motorista que por ter interrompido a magia negra, Chou terá sua vida amaldiçoada, na melhor das hipóteses ele ficará doente, na pior, sua família morrerá.
Pausa para reflexão, primeiro, o motorista não teve culpa alguma no acidente, visto que foi o bruxo que se atirou na frente do carro, segundo, quem realmente interrompeu a magia negra foi o povo revoltado, quanto a estes parece que não iriam sofrer macumba alguma. Mundo injusto.
Continuando...
Não tarda para que a desgraça recaia na vida do taxista. Sua esposa Irene (Maria Jo), que trabalha como croupie em um cassino, é assediada por um jogador (Norman Chu). A moça não resiste aos encantos do playboy e engata um romance, com direito a presentes e passeios – há uma cena dela correndo em câmera lenta na praia de topless muito semelhante com uma sequência em Betwitched.
Apaixonada pelo amante, e com repulsa ao marido, Irene se revolta quando descobre que o jogador não pretende largar a esposa para casar com ela, de que apenas foi um brinquedo sexual nas mãos do sem vergonha.
Depois de uma discussão, a moça abandona o carro do amante e acaba sendo atacadas por dois delinquentes. Espancada e estuprada, Irene, na tentativa de fugir dos meliantes, acaba morrendo acidentalmente numa mansão abandonada. E é justamente seu marido que irá encontrar o cadáver.
Chow então cai em desgraça, encontra a mulher morta, descobre que era corno e ainda por cima é colocado pela polícia como o suspeito do assassinato!
Descobrindo sobre os agressores e o amante, Chow parte para lhes dar uma lição, mas como sua vida está amaldiçoada, ele acaba apanhando do amante.
Ferido e obcecado por vingança, nosso protagonista parte para o último apelo, recorrer ao bruxo que atropelou lá no começo desta confusão. O bruxo lhe alerta que usar a magia negra para esse propósito pode se virar contra o taxista, levando-o a morte. Como Chow acha que não tem mais nada a perder, aceita a condição. A dupla então usa o cadáver ressaca da esposa morta para guiar a vingança sobrenatural.
Engraçado notar que nos rituais, toda vez que o cadáver mumificado de Irene começa a mexer boca, é sinal que vai dar ruim para algum desafeto do taxista.
Toneladas de maluquices, aqui temos cenas de luta, boa dose de nudez frontal feminina, humor involuntário, rituais de exorcismo, fumaças coloridas, cadáveres decompostos, uma garota possuída que fica com olhos de reptiliano, um cara saboreando um cérebro, a tradicional cena de um pobre diabo vomitando vermes e os acachapantes minutos finais, onde a barriga de uma grávida se rompe e sai uma criatura repulsiva tipo The Thing, cheia de tentáculos e que promoverá um pequeno massacre. Um final memorável que fecha com chave de ouro, sem sombra de dúvida.
Zhong Gui é diversão asquerosamente garantida.
PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE BLOG DO BLOB
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