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Malicious - 2018


Um amontoado de clichês em um enredo que não surpreende, O Chamado do Mal (Malicious, 2018) chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira. É a velha história do casal que se muda para uma nova casa e passa a ser atormentado por visões aterrorizantes até buscar a ajuda de um parapsicólogo. A impressão que o espectador tem ao ver o trabalho de Michael Winnick (A Sombra, 2007) é a de estar realmente revendo um filme, e um que não foi assim tão marcante. São tantos enredos similares que a identificação só pode ser feita pelo elenco, uma vez que o próprio título já traz a união de termos comuns no estilo: “O Chamado” com a locução adjetiva, “do mal“, que serve apenas para facilitar a relação com o gênero horror.


“Você viu aquele filme que estreou? O Chamado do Mal?“. “Oi? Já não tinha estreado?“. “É aquele com Josh Stewart, que fez O Colecionador de Corpos e Sobrenatural: A Última Chave?“. É a conversa ainda ficará mais complicada com o passar dos anos, quando novos “chamados do mal” chegarem ao cinemas, envolvendo casais que se mudam para ambientes que parecem assombrados. E neste ainda há uma caixa maldita (vide A Possessão, 2012), que recebe o nome “caixa da fertilidade” e que não pode ser aberta. É claro que a grávida Lisa (Bojana Novakovic, de A Maldição da Floresta, Demônio, Arraste-me para o Inferno), no primeiro dia na nova morada, irá fazer tudo aquilo que dissera que evitaria ao marido: correr, montar o berço, perder o bebê.


Assim que é contratado para lecionar matemática numa faculdade, Adam (Stewart) recebe como mimo uma imensa casa rural. Enquanto dá as suas aulas iniciais, sob a testemunha do auxiliar David (Ben VanderMey) e do parapsicólogo Dr. Clark (Delroy Lindo) – olha só, um especialista que vê coisas e é cego (Uau) -, a esposa abre a caixa e faz seu tradicional jogging até encontrar a vítima do prólogo, Emily (Yvette Yates), que já alerta sobre a raiva que as pessoas terão em breve dela – e do filme também. Ao ter uma visão de um bebê, com rosto modificado por computador, ela sofre um aborto e ainda fica sabendo que não poderá mais ser mãe. O episódio abala a família, principalmente Adam que se vê obrigado a receber a irmã de Lisa, Becky (Melissa Bolona, de O Lago dos Tubarões, 2015), em casa, com seus rituais de contato com a natureza e incensos.

Novas visões passarão a incomodar Lisa e posteriormente Adam, que chega a ter um momento Jack Nicholson em O Iluminado ao beijar uma mulher bonita no banheiro e vê-la se transformando numa senhora caquética. Além da velha e do bebê, aparecem também uma criança (Presley Richardson), uma adolescente (Joy Kate Lawson) e uma mulher (Bailee MyKell Cowperthwaite), levando o cético Adam a ter que chamar o parapsicólogo para uma investigação. Assim como Sobrenatural, virá o discurso: “Não é a casa que é assombrada…


Nunca fica claro se há algum interesse específico da faculdade pela família. O infernauta chega a se questionar se não haveria um plano por trás de tudo, algo similar aO Bebê de Rosemary, sendo que até o próprio protagonista não entende porque fora tão beneficiado com o emprego. Também fica obscuro no enredo de Winnick a razão pelo qual o casal recebeu a caixa? Qual a finalidade disso? Além disso, não é compreensível nem mesmo as razões das entidades, como se não houvesse um propósito que não seja o ciclo de “saída” e “entrada“. E a última cena, então, numa possível vingança, não se justifica se você pensar que a pessoa pode simplesmente não abrir o objeto.

Ainda complica uma boa avaliação a ausência de sustos, cenas de tensão, medo. A caracterização ruim dos fantasmas, o teste das Vozes do Além não traz arrepios, efeitos digitais nas feridas, na morte de personagens. Tudo flui insatisfatoriamente. Se há um conceito interessante e deve ser mencionado é o do quadro que muda durante algumas cenas do filme. Não é novo – lembra daquele episódio do Galeria Maldita? -, mas sempre traz um bom resultado. É uma pena que esse detalhe e a direção correta de Winnick, não sejam suficientes para que você não ouse chamar o mal.


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