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All Fun and Games - 2023



A boa aceitação de Fale Comigo (Talk to Me, 2022) poderia impulsionar outras produções similares envolvendo jovens e possessão. Pelo menos foi essa a expectativa que promoveu o terror teen O Jogo da Invocação (All Fun and Games, 2023), que chegou aos cinemas brasileiros em 30 de novembro. Co-dirigido por Ari Costa e Eren Celeboglu e contando no elenco com Asa Butterfield (de A Invenção de Hugo Cabret, 2011) e Natalia Dyer (a Nancy de Stranger Things), o filme se mostrou apenas comum, explorando ideias já vistas, e sem a mesma ousadia da produção de Danny e Michael Philippou. E mesmo com sua curta duração – 76 minutos – deixou uma impressão de mais de duas horas pelo conteúdo arrastado e por vezes sonolento.


Billie (Dyer) reside na popular cidade “amaldiçoada” de Salem, em Massachusetts, com seus irmãos, Jonah (Benjamin Evan Ainsworth) e Marcus (Butterfield), além de sua mãe Kathy (Annabeth Gish, vista recentemente em A Queda da Casa de Usher), e o sempre presente, o desempregado tio Bob (Erik Athavale). Em sua narrativa de apresentação, Billie conta sobre o passado trágico de Salem, das pessoas que foram condenadas à morte por serem bruxas, mas que muitas vezes são relatos ignorados nas escolas, provavelmente por vergonha. E um desses, visto em flashback, um rapaz, após cometer um massacre, corta a própria garganta com uma faca depois de dizer repetidas vezes “Eu vou jogar. Não vou desistir“.

O mesmo punhal usado no passado sussurra para Jonah vir encontrá-lo em uma cabana na floresta, enrolado em um pano, dentro de um forno. Com um interessante acabamento de osso humano, não se sabe por que o artefato o chamou somente agora, sendo que, na descrição de Billie, eles residem na mesma casa desde sempre. Além dos familiares, há os tradicionais amigos da mesma idade, como Sophie (Laurel Marsden), o namorado de Billie, Pete (Kolton Stewart), e os que praticam bullying com os irmãos, provocando-os. Depois de limpar a faca e ler em voz alta a frase que o rapaz do passado dizia e outra “Diga-me, demônio, sou eu?“, Jonah passa a ser influenciado por uma entidade que pede que ele proponha um jogo na noite em que a mãe os deixa sozinhos.


Na brincadeira, que consiste exatamente em pronunciar as frases, Marcus é possuído, enquanto sua irmã Billie, o namorado Pete e Sophie vão a uma festa com outros jovens. O rapaz “brinca” de forca com o tio e depois vai à festa propor um “esconde-esconde” mortal. Enquanto são perseguidos, assombrações do passado passam a incomodá-los para que Billie saiba o que aconteceu através de um diário encontrado na cabana. Um novo massacre talvez possa ser impedido se os jovens souberem propor novos jogos, alguns em que possam enfrentar e vencer a assombração.

Como se nota, nada de tão inovador, além da proposta de envolver jogos infantis e bruxaria. Poderia vir daí algo curioso, se não tivesse iniciado o filme com o epílogo, já deixando evidente quem irá sobreviver à trágica noite, ou perdesse tempo com sequências desnecessárias, como a traição de Pete. O longa também demora muito para chegar ao que interessa, um slasher sobrenatural. Há até umas mortes violentas, alguns bons efeitos de possessão e fantasmas, mas o espectador pouco se importa com o destino dos personagens e nem se envolve com o enredo como se espera.


Pela ambientação, esperava-se algo mais assustador ou pelo menos divertido em O Jogo da Invocação. Retornar a Salem, ver fantasmas e despertar entidades adormecidas poderiam render um bom passatempo, como brincar de algo com os amigos. Aqui, o único jogo proposto é paciência.


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