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Underwater - 2020


A primeira estreia de horror de 2020 tem como protagonista a outrora crepúsculesca Kristen Stewart no papel da pouco convincente engenheira mecânica Norah, que está com uma equipe de pesquisadores na base submersa Kepler, próximo das ilhas Mariana, num dos lugares mais profundos do planeta. Após um aparente terremoto, que destrói todo o ambiente claustrofóbico, sobrevivem além dela Rodrigo (Mamoudou Athie), o preso nas ferragens Paul (T.J. Miller) e o capitão Lucien (Vincent Cassel), além da bióloga Emily (Jessica Henwick) e do engenheiro Liam (Gunner Wright). Percebendo que o local está prestes a desmoronar por completo e não havendo mais módulos de fuga, eles não veem alternativas do que migrar para a estação Roebuck, numa jornada que os obrigará a caminhar literalmente até lá, sem que saibam que existe uma monstruosa ameaça à espreita.


Logo nos créditos iniciais, com aquelas notícias clichês sobre relatos de aparições de formas de vida desconhecidas, o público já sabe que se trata de um filme de monstro. E que basicamente a narrativa irá envolver a missão arriscada desses sobreviventes para alcançar o lugar adequado para resgate, e que nem todos chegarão ao destino. A trama, de Brian Duffield e Adam Cozad, poderia se passar numa base espacial, na neve e até mesmo numa mata erma, que o resultado seria o mesmo: criaturas estão caçando-os pelo caminho, e serão necessários confrontos e até sacrifícios, se quiserem alcançar o objetivo.

No entanto, há, pelo menos, uma diferença em relação a essas outras produções, além do elenco e ambientação. Apesar da situação claustrofóbica e da tensão crescente a todo momento, não desponta no longa nenhum vilão humano, aquele que irá surtar e ameaçar a vida dos demais pela própria sobrevivência. Todos estão realmente preocupados um com o outro e até o capitão, que em muitos casos se revela egocêntrico, é um bom moço, o que é interessante pois amplia consideravelmente a empatia do espectador e a torcida para que alguns consigam chegar até a estação. E essa característica do enredo é beneficiada por boa parte do elenco, com um Vincent Cassel funcionando por controle remoto e Kristen tentando se aproximar – mas, muito distante – da Tenente Ripley.


Quanto aos monstros, eles são bem feitos, mas com aspectos que remetem a outras criaturas já vistas em produções similares – embora o diretor, William Eubank (O Sinal: Frequência do Medo, 2014), tenha dito em entrevista recente que há uma referência a Cthulhu, principalmente na sequência final. Há a famosa sequência do filhote que é encontrado e serve para que a bióloga perceba que se trata de uma raça nova, e há, claro, o clichê da travessia por um espaço submerso dentro de uma estação. E se contar que o monstro ora arranca facilmente um corpo de seu traje e em outro momento não consegue simplesmente morder um capacete, o que evidencia uma parcialidade do roteiro, privilegiando aquele personagem que tende a ser mais importante.

Com um orçamento estimado em $80 milhões de dólares, Ameaça Profunda ainda não se pagou, conseguindo míseros $7 milhões no final de semana de estreia. Ainda que algumas críticas tenham apontado as qualidades da produção e seu teor de diversão, é bem provável que o longa não traga qualquer lucro ou sequer pague os investimentos da 20th Century Fox. Parece que a boa produção, nomes conhecidos no elenco e a menção à maior criação de Lovecraft não foram suficientes para evitar que o longa tenha um provável destino obscuro.

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