The Bunny Game - 2011
Se você ainda não ouviu falar de The Bunny Game (2011), prepare-se para ser assaltado. Enquanto o nome do filme pode evocar imagens de tolos jogos infantis é, de fato, algo muito mais sinistro e perturbador. The Bunny Game é um filme psicologicamente aterrorizante e projetado para levá-lo à uma jornada espiritual para as partes mais escuras da perversão humana. É uma limpeza pelo fogo, uma obra de arte de desempenho perturbador e absolutamente brutal em todos os sentidos.
A ideia para The Bunny Game surgiu em uma reunião da performer Rodleen Getsic (produtora, e atriz de "The Exquisite Tenderness of Santa Rosa de Lima", "Escape Plan" e "Charlotta TS") com o diretor Adam Rehmeier, a partir de acontecimentos relacionados à um suposto rapto que a própria atriz havia sido sujeita. Antes das filmagens, Rodleen Getsic empreendeu um período de preparação física e espiritual que envolveu encontros com um xamã no Peru e quarenta dias de jejum. Sem um roteiro pré-definido, a equipe de filmagens foi apenas constituída por Adam Rehmeier, Rodleen Getsic e Jeff Renfro (um caminhoneiro real que topou a parada de atuar mesmo sem nenhuma instrução). O filme conta a história da prostituta Bunny, que é raptada por um caminhoneiro conhecido como Hog, que a submete a uma série de torturas e humilhações violentas pelo deserto no melhor estilo Extreme BDSM. Nas declarações para a apresentação pública do filme, o diretor afirmou que durante as filmagens a atriz realmente sofreu na pele toda a violência que assistimos, sem recorrer a algum dublê, técnica cinematográfica ou qualquer outro tipo de recurso. Por este motivo, a etiqueta "torture porn" foi automaticamente colada à The Bunny Game.
Curiosamente, o filme tem algumas semelhanças, além do nome, com outra produção onde o espectador também acompanha o protagonista num percurso pela Califórnia. Falo de The Brown Bunny (2003) de Vincent Gallo (que também é ator, produtor, realizador, editor e diretor de fotografia do filme). Estreado no Festival de Cannes recebeu violentas reações por parte da crítica presente que abandonou a sala antes mesmo do fim da projeção. Grande parte da "treta" relacionava-se com o blow job (aparentemente real) entre Gallo e Chloë Sevigny, que fechava o filme e que a crítica acusava de gratuito e desnecessário.
A produtora Death Mountain Productions tentou lançar o filme em DVD no Reino Unido, mas o British Board of Film Classification (BBFC) considerou ser incapaz de classificar a película, mesmo sujeita a cortes, inviabilizando assim a sua distribuição. Nos últimos anos, esta reação do BBFC em relação a títulos provenientes de territórios do cinema de terror mais extremo não é nova. Filmes como The Human Centipede 2 e A Serbian Film tiveram o mesmo tratamento mas, depois de pequenos cortes, conseguiram passar pelo "pente fino", o que não aconteceu com The Bunny Game. A BBFC pegou no pé da produção de uma forma tão inquisidora que não deram nem a opção de que fossem realizados cortes. O argumento que foi apresentado é que teor misógino do filme é inaceitável até para ser acedido, ainda que livremente, para o público adulto. Segundo o BBFC "o foco principal de The Bunny Game é o abuso sexual e físico incessante de uma mulher indefesa, bem como o prazer sádico e sexual do seu algoz. A ênfase na nudez da mulher tende a erotizar o que é mostrado, ao passo que os aspectos do trabalho, tais como a falta de explicação dos eventos retratados, e o tratamento estilístico, podem encorajar alguns espectadores de desfrutar e compartilhar certa insensibilidade no trato às mulheres e estimular o prazer na dor e na humilhação destas".
Confuso, malvado e sujo como um videoclipe de porão, The Bunny Game é uma ótima pedida para quem procura sair do cinema convencional para encontrar emoções fortes.
