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The Beast With a Million Eyes - 1955


O “Rei dos Filmes B” Roger Corman, cultuado produtor e diretor americano do cinema bagaceiro de horror e ficção científica, começou sua carreira no início dos anos 1950, a década de ouro das tranqueiras divertidas do gênero fantástico com histórias absurdas e efeitos toscos (monstros de borracha e naves espaciais hilárias). Um de seus primeiros filmes como produtor (nesse caso, executivo) e direção (porém, ambos não creditados), recebeu o nome por aqui de “A Besta do Milhão de Olhos” (1955), com fotografia em preto e branco e metragem curta com apenas 78 minutos. Trazendo um título sonoro, cartazes e taglines promocionais exagerados e uma introdução sensacionalista narrada por um líder alienígena tirano e conquistador (voz de Bruce Whitmore), cujo propósito evidente era chamar a atenção dos espectadores.

“Eu preciso da Terra. De milhões de anos-luz eu me aproximo de seu planeta. Logo, minha espaçonave aterrissará na Terra. Eu preciso de seu mundo. Eu me alimento do medo, vivo do ódio humano. Eu, uma mente poderosa sem carne e sangue, quero seu mundo. Primeiro, o impensável, os pássaros do ar, os animais da floresta, então o mais fraco dos homens estará sob meu comando. Eles serão meus ouvidos, meus olhos, até que seu mundo me pertença. E porque posso ver seus atos mais íntimos, vocês me conhecerão como A Besta do Milhão de Olhos.”

Allan Kelley (Paul Birch, de “Rebelião dos Planetas”, 1958, entre outras tranqueiras) é um ex-combatente que participou da Segunda Guerra Mundial e agora tenta administrar uma fazenda decadente localizada no meio de um deserto impiedoso da Califórnia, nos Estados Unidos. Sua esposa Carol (Lorna Thayer) está infeliz com a rotina local e eles têm uma filha adolescente, Sandy (Dona Cole), que é namorada do assistente de xerife Larry Brewster (Dick Sargent, um rosto conhecido pela popular série de TV “A Feiticeira”). Tem também um sinistro ajudante de serviços gerais que é mudo e deficiente mental, que apenas é chamado de “ele” (Leonard Tarver). Os negócios do rancho não vão muito bem, e as coisas pioram depois que um objeto voador não identificado (que eles acham inicialmente ser um avião a jato) atravessa o céu muito baixo e com um zumbido tão agudo que quebrou janelas e copos de vidro.

A partir daí, os pássaros da floresta, as pacíficas galinhas, a vaca leiteira do vizinho Ben Webber (o comediante veterano Chester Conklin) e o cachorro dócil da família (Duke), começam a ter comportamentos bizarros e agressivos, com suas mentes controladas para atacar as pessoas. Preocupado com a segurança da família, o fazendeiro decide investigar a relação dos acontecimentos estranhos com um objeto voador metálico pousado numa cratera no deserto, descobrindo uma terrível e mortal ameaça de outro mundo.

“A Besta do Milhão de Olhos” foi dirigido por David Kramarsky (seu único trabalho nesse ofício e que também participou da produção do filme) a partir do roteiro de Tom Filer. Tem uma produção paupérrima e história ingênua típica do cinema fantástico bagaceiro de baixo orçamento de meados do século passado. O filme é repleto de erros de continuidade e com uma narrativa lenta, sendo interessante mesmo o desfecho, apesar de previsível. No confronto de Allan Kelley, que lidera as ações, contra o monstro espacial invasor, uma criatura extremamente tosca com olhos esbugalhados (criada pelo especialista Paul Blaisdell), dentro de uma nave esquisita, que mais parece um artefato militar de espionagem como uma sonda ou satélite. De resto, a história é cansativa e exagerada nos clichês, furos de roteiro e previsibilidade. Mas, é um dos primeiros trabalhos com a participação de Roger Corman (na direção de algumas cenas e produção executiva, ambos não creditados). Ele que é um dos nomes mais importantes e significativos do cinema fantástico, principalmente de orçamentos reduzidos, de todos os tempos, com mais de 400 filmes no currículo, e isso já é motivo suficiente para conhecer mais essa bagaceira.

Curiosamente, o filme foi distribuído pela ARC (American Releasing Corporation), da conhecida dupla Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson, que depois virou a cultuada AIP (American International Pictures), responsável pela distribuição de uma infinidade de pérolas do cinema fantástico com produções modestas.

(RR – 25/09/16)

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