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Una Lucertola con la Pelle di Donna - 1971


Lucio Fulci, o aclamado mestre do gore e do horror começou sua carreira como diretor, no final dos anos 1950, vejam só, dirigindo musicais e comédias. Em 1971 ele realizava o seu segundo giallo de sua carreira (o primeiro é "Una sull'Altra" de 1969), o impactante e lisérgico thriller "Uma Lagartixa num Corpo de Mulher" (Una Lucertola con la Pelle di Donna).

Carol Hammond (Florinda Bolkan) é uma jovem burguesa, filha de um político influente (Leo Genn) e casada com Frank Hammond (Jean Sorel, que Fulci já trazia de "Una Sull'Altra"), um proeminente advogado. Cercada dessa áurea burguesa e conservadora, o que mexe com a cabeça da pobre Carol são pesadelos recorrentes, envolvente pessoas nuas, e que acabam invariavelmente numa fantasia lésbica com a vizinha de seu apartamento, a bela e liberal Julia Durer (a sueca Anita Strindberg). Julia Durer costuma dar ruidosas festas regadas a LSD em seu apartamento. Ela é o oposto da reprimida e comportada Carol, que segue sonhando com a vizinha, até o dia que um desses delírios termina com Carol matando Julia. Claro que depois de verificará que a bela moça acabou sendo realmente assassinada, e que Carol será a principal suspeita.

As perguntas que ficam no ar: será que Carol apenas sonhou tudo ou realmente matou Julia? Se não foi Carol, então quem foi?

Para piorar, no sonho fatídico, Carol comete o crime na presença de um casal de hippies (Penny Brown e Mike Kennedy), que começam ameaça-lá. Sem falar no inspetor Corvin (Stanley Baker) e no Sargento Brandon (o argentino Alberto de Mendoza, o 'Rasputin' de "O Expresso do Horror") que estão no encalço da protagonista.

Complexo giallo, com direito a reviravoltas no final. E que mexe com o tema do lesbianismo, um assunto tabu até então. Pena que o roteiro dê tantas voltas que a conclusão parece um tanto diluída, fraca. Apesar desse deslize há muito que admirar até a conclusão. "Uma Lagartixa num Corpo de Mulher" é uma viagem de ácido embalado em perversão, repleto de cenas surreais. Lucio Fulci se esbalda nos delírios lisérgicos, com direito a polêmica cena em que Carol vê cães pendurados e estripados. Na época achavam que os animais eram de verdade quando na verdade era cortesia do mestre em efeitos especiais Carlo Rambaldi (criador da criatura de “E.T. - O extra-Terrestre”, entre outros). Os cães mecânicos tiveram que ser levados aos tribunais para provarem que não eram de verdade.

No entanto o destaque vai para a atriz brasileira Florinda Bolkan no papel principal. Nascida no Ceará, Florinda fez carreira no cinema italiano, onde trabalhou com diretores como Luchino Visconti ("Os Deuses Malditos") e Elio Petri ("Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita"). A atriz conta que a relação inicial com Lucio Fulci foi bem difícil, mas que depois tudo deu certo. Tanto que o diretor chamaria Bolkan novamente para interpretar a bruxa em " Non si Sevizia un Paperino", um dos melhores trabalhos do diretor.

Quem conhece Fulci apenas em sua fase gore, pós "Zombi 2" vai se surpreender. "Uma Lagartixa num Corpo de Mulher" é um belo giallo psicodélico.

Uma Lagartixa num Corpo de Mulher (Una Lucertola con la Pelle di Donna, Itália / França / Espanha, 1971) Direção: Lucio fulci Com: Florinda Bolkan, Jean Sorel, Anita Strindberg, Leo Genn, Stanley Baker, Alberto de Mendoza, Silvia Monti, Penny Brown, Mike Kennedy.

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