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La Sorella di Ursula - (1978)


O que dizer de um Giallo com alto teor erótico em que mulheres são assassinadas por um...Consolo! Isto mesmo que você leu! Realizado depois da fase áurea do giallo (começo da década de 70). “La Sorella di Ursula” é o típico produto de um subgênero que já mostrava sinais de desgaste e começava a fase de apelação. Nos anos 80 o giallo ganharia honrosas exceções pelas mãos de mestres como Fulci e Argento, fora dessas mãos, na maioria das vezes caiam em resultados insatisfatórios.

Essa pérola marca a estréia do diretor Enzo Milioni, que depois faria apenas mais dois filmes, e tomaria um chá de sumiço na industria cinematográfica, reaparecendo apenas em 2008 num curta chamado de “The Father of Ursula” de Federico Caddeo, que é justamente um documentário sobre ele e sua obra mais célebre. Esta obra que já foi tachado de tudo que é termo pejorativo que pudermos imaginar, incluindo o duvidoso título de ser um dos piores gialli já realizados, apesar do resultado de gosto duvidoso, não chega a tanto, tem coisa muito pior por aí, como “Play Motel” (1979) de Mario Gariazzo, que trazia atores como Ray Lovelock e Anthony Steffen envolvidos numa trama mixuruca de assassinatos num motel, repleto de enxertos de cenas pornográficas.

O filme se passa num belo hotel à beira-mar, aonde chegam duas irmãs Ursula Beyne (a linda Barbara Magnolfi que no ano anterior trabalhou no clássico “Suspiria” de Argento mais tarde faria “Inferno in Diretta” a.k.a. “Cut and Run” -1985, do Ruggero Deodato) e Dagmar Beyne (Stefania D'Amario que no ano seguinte faria o não menos clássico “Zombie” do Lucio Fulci e em 1980 estaria também em Nightmare City do Umberto Lenzi). As duas se mostram donas de personalidades opostas: enquanto Dagmar é sociável e educada, enfim uma pessoal normal, Ursula é o oposto extremo: anti-social, antipática e histérica.

Logo as irmãs começam a se relacionar com outros personagens do hotel como o dono Roberto (Vanni Materassi que entre outros trabalhos na carreira faria no ano seguinte “Quello Strano Desiderio”, segundo e penúltimo filme de Enzo Miloni), a cantora de boate Stella Shinning (Yvonne Harlow), o malandro viciado em drogas e de comportamento dúbio Fillipo (Marc Porel dos clássicos giallos de Lucio Fulci: “Non si Sevizia un Paperino” e “Sette Note in Nero”), entre outras figuras. Paralelo a isso, um misterioso assassino usando um sobretudo preto e, obviamente, luvas de couro, anda matando moças nos arredores com o tal consolo citado lá no início (e que só vemos a sombra, e é mostrado efetivamente apenas no desfecho, sem contar que as penetrações são todas offscreen). O criminoso também usa uma faca, mas apenas numa cena, para matar um garoto (que parece uma versão carcamana do Caio Blat), durante uma transa da vítima com sua namorada. Claro que depois de despachar o moleque, nosso vilão faz uso de seu "falo" mortífero para aniquilar a moça.

Para incrementar o clima de mistério, deve-se citar o comportamento suspeito de Ursula, que se deve a uma tragédia familiar, ao qual o espectador vai se interando aos poucos ao longo da obra.


Claro que divagar sobre falta de coerência e furos de roteiros em gialli é batido demais, é como chover no molhado, mas aqui o roteiro, de autoria do próprio diretor, força a barra demais. A revelação do assassino, entre outras surpresas, só não é mais ridícula, porque convenhamos, num filme em que temos um homicida com um modus operandi tão peculiar, sinceramente, pode-se esperar de tudo.


O que sobra é as cenas de sexo, que embora sejam simuladas, beiram ao explícito e são muito calientes. Incluindo lesbianismo, e até masturbação com um colar. Sem falar das inúmeras cenas de nudez. Aqui as mulheres ficam peladas quase que o tempo inteiro. O curioso é que a bela italiana Barbara Magnolfi, a que faz a Ursula, praticamente não tira a roupa. Enquanto a atriz que faz sua irmã, Stefania D'Amario tira a roupa sem a menor cerimônia, o tempo inteiro.

Outra curiosidade é que Marc Porel também faz sua cena de nu numa cena de sexo com uma prostituta. O interessante é que este suíço, nascido em 1949, e morto precocemente de meningite em 1983, aos 34 anos, era marido de Barbara Magnolfi (fizeram no total três filmes juntos).


“La Sorella di Ursula” pode ser acusado de várias coisas: machista, misógino, sujo, vulgar, grosseiro, bizarro, ofensivo, entre outros impropérios. Porém, é o tipo de filme que não deve ser levado a sério em momento algum. Indicado para os apreciadores do mais baixo cinema exploitation.

The Sister of Ursula / La Sorella di Ursula - (Itália, 1978)

Direção: Enzo Milioni

Com: Barbara Magnolfi, Stefania D'Amario, Anna Zinnemann, Antiniska Nemour, Yvonne Harlow, Marc Porel.

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