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Il Paese del Sesso Selvaggio / Man from Deep River (1972)


Como se diz por aí, uma coisa leva a outra. Após o sucesso de “Mundo Cão” (1962), começou a pipocar esse estilo de documentário (que ganhou a alcunha de shockumentary), que explorava o lado exótico, bizarro e grotesco das culturas dos povos ao redor do mundo.


Bastou que alguém resolvesse somar um mais um, para fazer um filme ficcional, baseado nas características de tais documentários sensacionalista. O resultado é o exploitation “Il Paese del Sesso Selvaggio” (1972) de Umberto Lenzi. E como uma coisa leva a outra, acabou sendo a obra que daria início ao famigerado ciclo de filmes italianos de canibais.


O filme abre com letreiros avisando que embora seja uma obra de ficção, os rituais mostrados aqui são inspirados em fatos reais, ou seja, tudo baboseira. Temos aqui o fotógrafo inglês John Bradley (o italiano de origem sérvia Ivan Rassimov) que está em Bangcoc, Tailândia. No começo do filme vemos o protagonista perder de vista sua namorada entediada, enquanto ele assiste empolgado uma luta de kickboxer, esfaquear um nativo numa briga de bar, enfim, coisas de turistas.


Depois Bradley vai até o interior do país. Embarca numa canoa, sobe rio acima, adentrando a floresta, para fotografar a fauna local. Obviamente acaba sendo capturado por uma tribo selvagem. Como prisioneiro é confundido com um homem-peixe, por causa de sua roupa de mergulho, sofrendo humilhações.


Bradley vê sua sorte mudar quando cai nas graças da filha do chefe da tribo, a bela Mayara (Me Me Lai), que o escolhe como seu escravo, e acaba ganhando essa permissão do chefe da tribo. Praticamente um dengo do pai para agradar a filha. A partir daí, o filme vira uma versão tropical do clássico “Um Homem Chamado Cavalo” (1970), onde o fotógrafo tem que passar por testes físicos dolorosos para se tornar um membro da tribo e acabar casando com a filha do chefe.

O espectador mais afoito deve se perguntar “cadê o canibalismo?”. A tribo da qual o inglês acaba integrando não são canibais. Na verdade os antropófagos são de uma tribo rival, e eles só entram em ação nos vinte minutos finais do filme. A antropofagia nem era o foco central aqui, mas a obra acabou sendo marcada por isso, dando origem ao ciclo. Os elementos desse subgênero estão aqui: cenas de matanças de animais, talvez a característica mais polêmica, abobrinhas antropológicas, mutilações e nudez. Entre os animais sacrificados aqui temos cabras, jacarés, javalis e uma variedade de serpentes. O que pode causar a fúria dos defensores dos animais.


Entre os rituais bizarros do filme, temos a cena de uma jovem nativa, que acabará de viuvar, transando com os guerreiros da tribo, deitados em cima das cinzas do companheiro da moça. Outra bizarrice é quando a filha do chefe deve escolher seu futuro marido. Ela fica dentro de uma cabana, de olhos vendados, enquanto alguém enfia a mão par dentro d cabana, através de um buraco, para bolinar a moça, ou seja, ela vai escolher quem souber tocar nela melhor!


No elenco, além de Ivan Rassimov, figurinha carimbada do cinema de gênero italiano, onde fez praticamente de tudo, filmes de guerra, giallo, horror, faroestes e voltaria aos filmes de canibais em "Mangiati Vivi!". O grande destaque no elenco é a da atriz birmanesa Me Me Lai, ela trabalharia nos três filmes de canibais dirigidos por Lenzi (além desse “Il paese...”, tem ainda o supracitado "Mangiati Vivi!", “Cannibal Ferox”), e acabaria se tornando um ícone do subgênero.

O filme foi relançado com os mais diversos títulos mundo afora. Nos cinemas brasileiros acabou ganhando o título de “O País do Sexo Selvagem”, em dvd, lançado pela Ocean, foi batizado como “Mundo Canibal”, o que pode gerar confusão, já que o espectador pode confundir com o mais ofensivo “Ultimo Mondo Cannibale” de Ruggero Deodato, que acabou recebendo o mesmo título em português em um dos seus lançamentos por distribuidoras picaretas de vhs nos anos 80.


Longe de ser um grande e memorável filme. E tímido, se comparado as barbaridades que viriam depois, como os filmes de Ruggero Deodato (“Ultimo Mondo Cannibale”, “Cannibal Holocaust”) e do próprio Umberto Lenzi (os já citados "Mangiati Vivi!", “Cannibal Ferox”), mesmo assim “Il Paese del Sesso Selvaggio” tem seus atrativos como uma bizarra aventura nas selvas, além, é claro, de sua importância histórica como o precursor de um dos subgêneros mais ofensivos da história do cinema.


O País do Sexo selvagem / Mundo Canibal

(Il Paese del Sesso Selvaggio / Man from Deep River, Itália, 1972)

Direção: Umberto Lenzi

Com: Ivan Rassimov, Me Me Lai, Prasitsak Singhara, Sulallewan Suxantat, Ong Ard.



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