Lips of Blood (aka Lèvres de Sang - 1975)
Não há diretor como Jean Rollin, o fantasista de terror francês que mistura a poesia de Jean Cocteau com as performances de Robert Bresson em seus filmes de vampiros eróticos. Os filmes de Jean Rollin são um gosto adquirido. Ele é especialista em assombrações, cenas sensuais e o melhor de tudo, a sua obsessiva característica de sempre apresentar belas mulheres nuas, geralmente vampiras. Talvez a terapeuta de Rollin possa explicar o porquê deste fetiche de realizar filmes sempre sobre o mesmo assunto, mas eu não me importo, com certeza funciona para mim!
De toda esta leva afrescalhada de chupadores de sangue purpurinados os vampiros de Rollin são os únicos que me atrevo a assistir. Se você ainda não viu nenhum de seus trabalhos, Lips of Blood é uma ótima pedida para começar, mas sinceramente, eu ainda não vi um filme ruim feito por ele. Lips of Blood (Lèvres de Sang no original) é um dos melhores trabalhos dele, um conto de Édipo de um jovem assombrado por visões de uma infância esquecida quando ele vê um cartaz de um antigo castelo em uma festa aristocrática. Na trama, Jean-Louis Philippe percorre praças desertas e fontes de sua cidade natal para rastrear a localização da estranha imagem, e isso traz de volta memórias de uma menina linda e misteriosa (a adorável Annie Belle que também trabalhou com Deodato e D'Amato), que ele encontrou uma vez. Neste emaranhado de emoções e mistérios Philippe descobrirá um macabro segredo de família e sua vida tomará uma direção que ele nunca poderia ter previsto.
Sem sombra de dúvida que este é um filme sobre um homem perdido em um mundo tomado por segredos trancados e limites da razão. É um conto de fadas regado a sangue, sexo e desejos assombrados cheios de nudez e de morte. Mesmo sendo desleixado com suas cenas de ação e rígido com os artistas, Rollin faz com maestria com que saiamos dos confins do mundo "real" (onde ele é estranhamente desconfortável) para mergulharmos num clima de transe onírico que complementa a beleza da sua visão poeticamente macabra.
Em suma, Lips of Blood é maravilhosamente sugestivo como um sonho molhado de Jean Rollin. Um cineasta verdadeiramente único que cria mundos fascinantes que são sedutores e perigosos, longe desta casta ridícula de vampiros camaradas e na minha humilde opinião Rollin é um dos segredos mais bem guardados do horror europeu e um mestre absoluto da fantasia erótica.