Mutant Species aka Bio-Force - 1994
Era muito mais fácil se divertir no gênero fantástico nas décadas de 80 e 90. Bastava criar um laboratório secreto, experiências realizadas por cientistas loucos, transformar alguém em monstro feito com maquiagem e máscaras e colocar tudo isso numa floresta. Mal iluminado, com armas que nunca ficam sem balas, e uma criatura tosca que emite um som alto, como se fosse um dinossauro, e ainda assim você não se incomoda nem um pouco em acompanhar seus 100 minutos de projeção. E se fazia sucesso nas locadoras de VHS, ainda hoje, uma revisitada, com toda a bagagem promovida pelo gênero desde então, ainda permite momentos interessantes e curiosos. É o caso de Mutant Species aka Bio-Force, dirigido por David A. Prior (1956-2015), que tem uma carreira sólida em filmes de ação bagaceiras que merecem sua atenção, especialmente nos anos 80.
Quando ainda apresentava o projeto, Prior sonhava com um elenco de renome, composto por Arnold Schwarzenegger, Jean-Claude Van Damme, Michael Ironside, Dee Wallace Stone e Bill Duke. No entanto, o Southern Star Studios liberou um orçamento de pouco mais de U$1.5, o que dificultaria uma contratação de peso. Revendo o filme com essa perspectiva, fica ainda mais divertido imaginar os astros ocupando os papéis propostos, e até afastaria qualquer contorno de sua denominação trash. Ao final, Mutant Species não teve muitas avaliações positivas em sua passagem rápida pelos cinemas, o que é injusto por tudo o que se propõem em cena, sem nunca ser cansativo ou chato, como o cinema bagaceira moderno.
Um foguete que pretendia levar para a Lua uma arma biológica cai numa floresta. Uma equipe de soldados das Forças Especiais é enviada ao local com a missão de resgate do conteúdo antes dos civis, com o apoio do Senador Glen Roberts (Grant James) e do General Bill Drevo (Wilford Brimley), mas contrariando o responsável pela produção do produto, Frost (Powers Boothe), que deseja testar a arma na missão. Na mata, o Tenente Jason Trotter (Ted Prior) questiona o comando de Walter Hollinger (Leo Rossi), que parece saber bastante do conteúdo misterioso. Assim que encontram o material, Hollinger é contaminado por um estranho líquido vermelho viscoso, absorvido por sua mão, e, começa a sofrer uma mutação. Ele fuzila toda a equipe, exceto Trotter, que consegue fugir pela floresta.
Com a ajuda de dois moradores da região, Jordie (Grant Gelt) e sua irmã Carol-Anne (Denise Crosby), Trotter precisa encontrar um meio de eliminar Hollinger, agora transformado em um monstro aparentemente indestrutível com muito conhecimento das armadilhas da selva. Segundo Frost, a arma biológica é uma partícula mutável de DNA, com traços humanos e de animais com características predatórias, que pode ser introduzida em organismos vivos como um vírus. Trotter tem pouco tempo para liquidar a criatura, antes que seja acionado o código Diretriz Prometeu, que conduzirá a destruição de toda a floresta com bombas incendiárias.
Não tem como não curtir um enredo como esse, desenvolvido por Prior, William S. Vigil e Patrick F. Gallagher. Desde a caracterização dos personagens, como o General que não abandona seus óculos escuros para criar o estereótipo, até a neblina que cobre o ambiente verde, dificultando a visão do monstro. Frost envia uma nova equipe ao local para recuperar o item e eliminar Trotter, o que pode dificultar as ações do Rambo, mas o deformado Hollinger está na área para fazer vítimas. Todos que o encontram são mortos na hora, exceto, é claro, o herói da selva, sempre jogado para todos os lados ao invés de rasgá-lo em pedaços!
Bio-Force - O Início da Metamorfose, lançado no Brasil em VHS pela California Home Video, honra os anos 90, com todos os clichês e fórmulas do estilo, com efeitos old school e muita diversão. Vale como um sentimento saudosista de uma época ingênua do gênero, mas que proporcionava entretenimento do começo ao fim.