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Bunny the Killer Thing - 2015


Se quando você pensa em curtas que se transformaram em longas, sua lista não passa dos recentes Mamà e Lights Out - que inspiraram Mama e Quando as Luzes de Apagam -, é melhor ampliar seus horizontes para o submundo do gênero. Filmes como A Morte do Demônio, Contos do Dia das Bruxas e até Jogos Mortais vieram à luz a partir de um projeto menor de seus realizadores. Às vezes como um trabalho acadêmico ou pessoal ou com o objetivo de atrair investidores, essas produções já evidenciam o talento de diretores que depois adquiririam reconhecimento e seriam bastante requisitados em outros projetos. Um exemplo que não deve passar de festivais independentes e downloads obscuros é Bunny the Killer Thing, de Joonas Makkonen. Entre os diversos curtas que comandou entre 2009 e 2014, Bunny the Killer Thing está entre os mais bizarros e estranhos de sua filmografia. Com um orçamento estimado em 1000 euros, a ideia do curta finlandês é a mais simples e absurda que você dificilmente verá novamente: quatro jovens atropelam uma criatura numa estrada deserta e são perseguidos por ela em cenas de sangue e violência. Esse é o conceito simples. O problema é que o monstro é um misto de homem e coelho com um pênis gigantesco (!!!), e está à caça de qualquer coisa que lembre uma genitália feminina! Com piadas apelativas e situações grotescas, típicas do cinema exploitation, Bunny the Killer Thing conquistou os mais distintos públicos, com premiações em diversos festivais, incluindo o CineFantasy em 2011, com Júri Popular e Melhor Criatura. Enquanto continuava sua trajetória de curtas, Joonas Makkonen já anunciava seu projeto mais ousado: transformar o curta em um longa-metragem, ampliando a tons absurdos o que foi visto no original. A proposta vingou, ainda que depois de um certo tempo de projeção o conteúdo não se sustente em suas insanidades, repetindo as correrias de seus personagens repletos de complexos.

Com um bela fotogravia alva, proporcionada pela neve grossa, o longa começa com a chegada de um casal a uma cabana isolada, o ambiente perfeito para as pretensões de um escritor que busca tranquilidade e silêncio. Em poucos minutos, assim que adentram o local ermo, eles são atacados por homens mascarados: depois de ser atingida por um arma de choque, a garota entra em convulsão e seus gemidos são silenciados com a explosão de sua cabeça; o rapaz é sequestrado. Em um laboratório secreto, cientistas loucos acreditam que ele seja o "espécime perfeito" para a experiência que planejam, injetando em seu pescoço uma estranha solução, enquanto um passeio pela câmera no ambiente, pode-se ver um inocente coelho numa jaula. Adquirindo inicialmente uma força descomunal, ele se solta de suas correntes e mata todos os presentes, correndo para a floresta acometido por dores profundas. Os créditos iniciais, feitos criativamente com animação, mostram a transformação do homem em um coelho gigantesco, com o órgão genital também em destaque. A partir daí, novos personagens entram em cena, com os estereótipos comuns do gênero: Jari (Roope Olenius) e Emma (Katja Jaskari) alugaram uma cabana na mata e estão trazendo os amigos Nina (Veera W. Vilo) - colega de quarto de Emma -, e Sara (Enni Ojutkangas), além de Mise (Jari Manninen) e Tuomas (Hiski Hamalainen). Pelo caminho, dão carona para três rapazes com problemas no veículo e que escondem um segredo - Lucas (Marcus Massey), Tim (Orwi Imanuel Ameh), e Vincent (Vincent Tsang).

Uma vez assentados na cabana, entre interesses sexuais e amores proibidos, o grupo terá um encontro sangrento com o monstro, com sua fala de costume - "Fresh pussy", entre desmembramentos e ataques vorazes. Enquanto apresenta uma leve profundidade aos personagens, em seus conflitos e desejos obscuros, Bunny the Killer Thing diverte o público com absurdos e momentos hilários. Um em especial, envolvendo um atropelamento surpreendente, é bem engraçado, principalmente pela reação dos policiais e o modo como se conclui. Também tem sua dose de diálogos oportunos: "Tem uma coisa lá fora que quer vaginas!", e a fala seguinte: "Então, há duas de você?" O enredo, escrito pelo diretor em parceria de Miika J. Norvanto, tenta estabelecer uma dinâmica entre os personagens, mas, a partir do início do terceiro ato, começa a cansar. As cenas violentas mantêm o interesse do espectador em bons efeitos sangrentos, embora a correria dos sobreviventes passe a ficar repetitiva. No final, uma revelação surpresa envolvendo o mistério dos visitantes não cria o impacto necessário pelo desconhecimento total do público a respeito de uma certa celebridade.

Bunny the Killer Thing teve sua exibição no dia 9 de setembro de 2016 no 7º CineFantasy, e abocanhou os prêmios de Melhor Maquiagem, Melhor Criatura e Melhores Efeitos Especiais. Poderia ter ido mais longe, se elevasse seus conceitos sem repetir ideias. Talvez, assim, o coelho tivesse reais motivos para gritar "fresh pussy".


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