top of page

Buio Omega - 1979


Ah, as atrocidades cinematográficas de Aristides Massaccesi, cineasta falecido em 1999 que realizou quase duzentas produções e ficou mais conhecido pelo pseudônimo de Joe D’Amato. Nos loucos anos 70, entre suas obras mais marcantes estão suas incursões no erotismo com a ‘Black Emanuelle’ Laura Gemser em filmes como “Emanuelle in America” e “Emanuelle and the Last Cannibals”, onde colocava insertos de bestialismo, fetichismos, violência e sexo explícitos. Na década de 90 o diretor realizou filmes direct-to-video pornôs, alguns estrelados pelo seu amigo Rocco Siffredi, mas isso já é outra história.


Foi em 1979 que Joe D’Amato realizou sua opus da degeneração cinematográfica: “Buio Omega”. Uma ode ao grotesco. Aqui temos um jovem rico e órfão, Frank Wyler (o canastrão Kieran Canter, ele depois cairia na pornografia), que vive em sua mansão decadente, com sua bela noiva Anna (Cinzia Monreale, que depois viraria um ícone como a garota cega do clássico “L’Aldilà” do Lucio Fulci), por quem é perdidamente apaixonado, e sua sinistra empregada Iris (Franca Stoppi).


Para afastar o tédio de sua vida burguesa, Frank pratica taxidermia, empalhando toda sorte de animais. Os problemas começam quando sua noiva cai enferma num hospital. Logo descobrimos que a empregada é apaixonada pelo seu patrão, e que a doença de Ana foi provocada por Iris, com a ajuda de um bruxo através de um boneco de vodu!

Logo a moça hospitalizada morre. Inconformado, Frank rouba o cadáver do cemitério, não sem antes aplicar injeções de formol na moça em pleno velório, sem perceber que está sendo observado pelo dono da funerária.


De volta ao lar, Frank empalha a moça, e deixa-a deitada placidamente na cama. Comovente a cena em que ele está tirando as entranhas da amada e pega o coração da moça nas mãos e arranca um naco com os dentes e come. Só que no caminho do cemitério para casa, o rapaz dá carona para uma moça chapada de maconha (Lucia D’Elia). Claro, que a caroneira vê a morta, e óbvio que Frank, com a ajuda de sua empregada, acaba matando a testemunha e dando cabo do corpo, desmembrando e atirando os pedaços numa banheira cheia de ácido. Nesse ponto vale uma pergunta: por que alguém que está levando um cadáver roubado no carro dá carona para alguém? Esquecemos a lógica.


E isso é só o começo de um espiral de loucura. Frank está nas mãos de Iris, que quer casar com o rapaz, custe o que custar, isso não impede que o moço leve uma garota para sua casa e realize uma fantasia, transar com a moça ao lado do cadáver de sua noiva, claro que a visitante se apavora e acaba sendo morta com uma dentada de Frank em sua jugular.

Enquanto isso o dono da funerária (Sam Modesto) vai fazendo visitas furtivas a mansão de Frank. E as coisas vão se degringolando. O ápice se dá numa noite, em que inesperadamente aparece na mansão Elena, a irmã gêmea de Ana (novamente interpretada por Cinzia Monreale). Temos uns embates sangrentos, citações à “Psicose” e um final surpresa.


Com o bizarro título de “Buio Omega” (“Omega Preto” em italiano), nome da funerária que fez o velório de Ana, esse filme é conhecido por outros títulos, o não menos bizarros, como “Blue Holocaust”, e o convencional “Beyond the Darkness”, no México chegou a ser chamar “Zombi 10”!


“Buio Omega” é na verdade um remake de “Il Terzo Occhio” (1966) de Mino Guerrini, com Franco Nero no papel do galante taxedermista. Se na versão original tínhamos um clima de horror gótico, graças à fotografia em preto-e-branco, a versão de D’Amato chuta o balde e escancara os portões do inferno.


Alguns fãs do “Nekromantik” do Jörg Buttgereit podem até se decepcionar quanto ao quesito necrofilia, onde no filme alemão era bem gráfico (ou seria pornográfico?), na obra de D’Amato fica no plano platônico, na melhor das hipóteses fica em off screen. Porém, os fãs do gore vão se deleitar, temos desmembramentos, canibalismo, corpos assados em fornos, olho arrancados, tripas, reza a lenda que alguns closes de pele sendo cortada, eram reais, retiradas de filmagens de operações, se é verdade ou não, o fato é que o efeito é bem realista e repulsivo.

No elenco o destaque vai para Franca Stoppi, bem convincente como a empregada Iris, obcecada pelo patrão. Numa das cenas mais curiosas, e que foge ao habitual gore do resto do filme, Iris reúne seus familiares para um jantar na mansão, para anunciar seu casamento com Frank, vemos close de um velho tirar a dentadura e de uma senhora ostentando um grande bigode, aqui temos representantes da classe pobre, a cena conclui com Frank indo fazer um brinde com todos, mas entra na sala quieto e sai calado correndo, e se tranca em seu quarto com sua amada morta, para desgosto da empregada apaixonada. Em outra cena em que se explora a diferença de classes, vemos o patrão burguês e a empregada chantagista comendo juntos numa mesa, a mulher come de forma grosseira, sob os olhos de Frank, o que o faz recordar dos restos da mulher derretido na ácido, o acaba levando ao vômito.


Destaque também para a trolha do Goblin, eficiente como sempre, e a fotografia do próprio Joe D’Amato, que sempre fotografou os filmes que dirigiu usando nessa função seu nome verdadeiro Aristides Massaccesi.


Como pode se notar, “Buio Omega” é um clássico do gore. Um rol de barbáries, trangressor e maldito, ou seja, imperdível.


Buio Omega (Italiá / 1979)

Direção: Joe D’Amato

Com: Kieran Cânter, Cinzia Monreale, Franca Stoppi, Sam Modesto, Anna Cardini, Lucia D’Elia.

Textos Atualizados
Recentes
Arquivos
Tags
Siga-nos
  • Facebook - White Circle
  • Twitter - White Circle
  • Tumblr - White Circle
bottom of page