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The Black Room - 2017


O cinema de Rolfe Kanefsky não é para qualquer um. Repleto de defeitos visuais e atuações canastronas, ele faz de seus filmes pérolas que poderiam muito bem ter sido feitas na década de 90, com orçamentos irrisórios, roteiros exagerados e muita disposição para errar. Mas, há algo nele que atrai e faz o público se interessar em assistir ao que foi proposto: ousadia. Em meio a um inferno dramatúrgico, onde pouca coisa se salva, escondem-se rostos conhecidos como o de Lin Shaye, Natasha Henstridge e Dominique Swain. Como não se interessar por The Black Room?


Nos recônditos da Netflix, o longa é apresentado com uma imagem clichê de uma mão monstruosa tentando sair por uma porta e a sinopse: "A entidade sobrenatural na sala escura do porão ganha forças a cada dia. Só a espera dos novos moradores." Os tais novos são o empolgado casal Jennifer (Henstridge) e Paul (Lukas Hassel), que compra uma casa sem ao menos visitá-la uma vez sequer. No dia em que a imobiliária entrega a chave, o rapaz chega a perguntar se ela viria com a mobília. Como assim? Não houve contrato, escritura ou qualquer dado sobre o seu interior? E por que eles compraram a casa, se a estão visitando pela primeira vez?


E não há tentativa alguma da corretora esconder que dois anos antes a senhora Margaret Black (Shaye) desapareceu em algum cômodo, e a filha teve um incidente misterioso com a fornalha, ficando parcialmente queimada. Tudo mostrado na sequência de abertura, quando Shaye, lembrando a Elise de Sobrenatural, pede a uma determinada entidade que deixe sua casa - algo que não acontece, tanto que a filha é visitada sexualmente por um demônio, como se fosse o Homem Sem Sombra, abusando de seu corpo na madrugada. Ela é conduzida até o quarto negro, onde mãos demoníacas a tocam sem piedade.

Esse é o tom de The Black Room, um terror trash erótico que poderia fazer parte da extensa franquia Witchcraft. Só pensando em "inaugurar" a nova casa, os novos moradores são seduzidos sexualmente: Jennifer é tocada na banheira; Paul recebe um sexo oral por baixo do lençol. Depois acontecerão outras investidas, sendo que a mais risível envolve a máquina de lavar funcionando como um vibrador - é ver para crer! Depois de visitar o quarto escuro, Paul é possuído pela entidade, iniciando assim o show de interpretações ruins de Hassel. Só pensando em sexo, já que se trata de um demônio íncubo, ele dá em cima de tudo o que cruza seu caminho como a garçonete do restaurante, levando-a a ter orgasmos enquanto ele faz sinais em seu café (!!), e a irmã de Jennifer, a gótica Karen (Augie Duke).

Cada vítima se transforma em uma entidade sexual da casa para seduzir outros visitantes, como o encanador, o amigo de Paul, Howard (Caleb Scott) e sua esposa Stacy (Swain). Tudo teria uma relação com uma festa ocorrida nos anos 80, quando a jovem Margaret (Julia Lehman) permitiu que fizessem um ritual satânico em sua casa apenas por diversão e acabou liberando o demônio. Mesmo com ele a solta e ela sabendo como prendê-lo a partir de um amuleto, a senhora Black ainda assim continuou residindo no local, levando parentes para dormir ali.

Nada faz sentido em The Black Room, mas Kanefsky não ameniza no que pretende mostrar. Raios azuis, maquiagens toscas de monstros e muito sangue vermelho para todo lado, culminando numa orgia demoníaca no porão, com Shaye, mais uma vez, sabendo como agir. Com posicionamentos ruins da cãmera e corpos à mostra - não tanto quando você imagina (Natasha Henstridge, que apareceu pelada em dois filmes da franquia A Experiência está bem contida aqui, mas ainda atraente), The Black Room é deliciosamente ruim em todos os sentidos. Vale umas risadas com os amigos numa sessão de sábado, sem nada melhor para fazer. Agora se você espera algo que valha e se considera exigente, nem se atreva a visitar esse quarto negro, nem como curiosidade masturbatória.


masturbatória.

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