top of page

La Bestia in Carole - 1977


Se o nazisploitation por si só é o mais politicamente incorreto, ofensivo e degradante dos famigerados subgêneros do chamado cinema exploitation. O que dizer de um exemplar que supera a maioria de seus similares em termos de demência e mau gosto? Estamos falando do "clássico" infame ”The Beast in Heat”, ou no italiano original: “La Bestia in Calore”, ou em bom português: “A Besta no Cio” (percebesse que a elegância começa pelo título). Uma obra simplesmente inacreditável em termos de apelação e depravação.

Também conhecido por títulos alternativos como “SS Hell Camp” ou “Horrifying Experiments of SS Last Days”, esta obra começa com a Dr. Ellen kratsch (a bela Marcha Magall, que tinha acabado de pagar mico em outro nazi-exploitation, “Casa Privata per le SS” (1977) do impagável Bruno Mattei), uma cientista que acabou de criar uma poderosa arma de guerra: um ser mutante maníaco por sexo, capaz de violentar sua vítima até a morte, interpretado pelo ex-florista Salvatore Baccaro, ou melhor, Sal Boris, que passa o filme inteiro pelado numa jaula grunhindo que num animal enlouquecido e violentando prisioneiras .

O mais interessante é que se você ver as capas de vhs e dvds deste filme ao redor do mundo, a criatura aparece peluda parecendo um sasquatch, enquanto no filme Boris não usa maquiagem alguma, apenas sua feiúra. Após este pequeno relato fica evidente que a partir daqui devemos abandonar qualquer resquício de lógica e bom senso.

O interessante é que os realizadores devem ter pensado que a bela protagonista, com sua criatura improvável e as inúmeras figurantes peladas não deveriam ser o suficientes para segurar o interesse do público, daí entra uma subtrama envolvendo um grupo de resistentes empenhados em derrotar os alemães, o que esfria o filme um bocado (nunca pensei que fosse afirmar uma coisa dessas: mas os heróis aqui são muito chatos!), é tanta cena com os caras planejando contra os nazis que parece que estamos assistindo um outro filme! Mesmo assim o final, com sua "justiça poética" (seja lá o que isso quer dizer) vale a pena enfrentar toda e qualquer monotonia.

Pois além do mau gosto do argumento, a precariedade com que o filme foi feito soterra de vez qualquer chance de ser levado a sério (isto é, se você não se ofender com o material é capaz de se divertir um bocado). As cenas de batalha quando não são ridiculamente mal feitas são cenas roubadas de outros filmes e enxertadas de qualquer jeito aqui, sem falar de falhas bizonhas como visualizar a sombra do cameraman enquanto filma uma cena externa.

O que vale mesmo é os exageros, por exemplo: todo mundo sabe que nazistas são criaturas insensíveis e desumanas, mas aqui chegam ao cúmulo de um soldado, só por diversão, lançar para o alto um bebê (claramente uma boneca) como se fosse uma bola de vôlei apenas para outro alvejar a criança com sua metralhadora. Há uma mulher que é executada com um tiro à queima-roupa na vagina. Isso sem falar na Dr. Ellen se esfregar nos prisioneiros para excitá-los e depois castrar um deles. Sem falar as cenas de torturas com direito a chibatadas, unhas arrancadas, ratos e a cena mais clássica de todas: a besta Sal Boris arrancado os pelos pubianos de uma prisioneira e degustando-o como se fosse um manjar delicioso. Só essa cena valeria o filme, mas como podem ver a muito mais coisas ignóbeis aqui para seu deleite.

O diretor Luigi Batzella, falecido em 2008 (e aqui tentando se esconder por trás do pseudônimo de Ivan Kathansky), responsável também por pérolas como “Nuda per Satana” (1974), é do mais baixo escalão do cinema de gênero italiano, ao lado de Andrea Bianchi, Bruno Mattei e Claudio Fragasso.

Banido na Inglaterra nos anos 80, essa obra fazia parte da famigerada lista dos videos nasty (uma espécie de versão vhs do Index Librorum Prohibitorum feito pela censura inglesa) e continua inédito aqui no Brasil. Como curiosidade final vale citar que este filme também serviu de inspiração para uma banda de punk rock australiana com o mesmo nome.

“La Bestia in Calore”, como drama de guerra é uma ótima comédia. Violento e bizarro é diversão garantida para os iniciados em tranqueiras abismais.

La bestia in Calore / The Beast in Heat / SS Hell Camp (Itália, 1977) Direção: Luigi Batzella Com: Macha Magall, Gino Turini, Edilio Kim, Xiro Papas, Salvatore Baccaro.

Textos Atualizados
Recentes
Arquivos
Tags
Siga-nos
  • Facebook - White Circle
  • Twitter - White Circle
  • Tumblr - White Circle
bottom of page