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La Setta - 1994


Este é um dos últimos suspiros do cinema de horror italiano. Que reinou dos anos 60 até meados de 90, e hoje em dia parece um cadáver insepulto, como o cinema italiano de resto.

Depois de uma abertura, em que um grupo de hippies, na Califórnia nos anos 70, são massacrados por uma seita satânica lideradas por um cara de visual de Jesus Cristo ou Charles Manson (Tomas Arana). O filme solta para a Alemanha do começo dos anos 90, lá um aparentemente pacato senhor de meia idade mata uma mulher e leva o coração da vítima, até ser descoberto no metrô por batedores de carteira. O nome da vítima é Marion Crane, clara referência a “Psicose”, e do assassino Martin Romero, alusão ao George Romero e um dos seus filmes, “Martin”. Alias, o assassino é interpretado por Giovanni Lombardo Radice (Cannibal Apocalypse, Cannibal Ferox, Paura nella Città dei Morti Viventi) que como de praxe acaba morrendo de forma brutal.

Depois o filme nos leva até uma estrada nos arredores de Frankfurt, onde temos um homem misterioso (Herbert Lom, o mítico inspetor-chefe Dreyfus da série original da Pantera Cor-de-Rosa) que sofre um acidente de trânsito e é acudido pela motorista, uma jovem professora solitária chamada Mirian (Kelly Curtis, a irmã menos famosa de Jamie Lee Curtis e filha de Tony Curtis e Janet Leigh, a Marion Crane de Psicose” vejam a referência de novo). A partir daqui a trama engrena.

Descobrimos que o misterioso idoso pertence a uma seita satânica conhecida como “Sem Rosto” (em 1999, o diretor espanhol Jaume Balagueró realizaria Los Sin Nombre, sobre uma seita chamada Sem Nome).

Coisas estranhas começam a acontecer, Miriam descobre que sua casa fica em cima de um poço, a mãe de uma aluna da protagonista desaparece misteriosamente, uma amiga de Miriam é esfaqueada por um caminhoneiro durante o ato sexual. O cadáver do idoso misterioso, que teria morrido na casa da moça, desaparece do necrotério do hospital local. Será que o acidente da moça com o idoso foi um acaso? Tudo se conectará a uma profecia da estranha seita?

“A Filha do Demônio” (péssimo título brasileiro para La Setta, A Seita) é o terceiro longa de Michele Soavi, fica ali entre “La Chiesa” e “Dellamorte Dellamore”, sua obra-prima. Soavi, discípulo dos mestres Lucio Fulci e Dario Argento (que, aliás, ajudou no roteiro aqui) nos dá justamente o que se espera de um típico ‘horror all’itialiana’, roteiro sem pé nem cabeça e um visual delirante, bem aos moldes de Argento.

O roteiro é calcado em “O Bebê de Rosemary” e similares, e apesar das citações à Polanski, Hitchcock e o Kubrick de “O Iluminado”, Soavi obviamente cita seus mestres: Mario Bava (La Maschera Del Demonio), Fulci (Paura nella Città dei Morti Viventi) e, claro, Argento (Suspiria, Inferno).

A obra tem pelo menos duas cenas marcantes, uma em que retiram a pele do rosto de uma mulher com ganchos. Em outra temos uma mulher sendo violentada por um pássaro gigante, que enquanto copula com a vítima, vai tirando vermes de um buraco no pescoço da moça. Soavi deve ter uma fixação por sexo bizarro, já tinha mostrado uma mulher sendo violada por um demônio em “La Chiesa” e uma cena de sexo entre um vivo e uma mulher zumbi em “Dellamorte Dellamore”.

Longe de ser inesquecível, La Setta é um filme eficiente e um bom cartão de visitas para quem ousar conhecer o cinema de horror italiano.

A Filha do Demônio (La Setta, Itália / 1994) Direção: Michele Soavi Com: Kelly Curtis, Herbert Lom, Mariangela Giordano, Michel Adatte, Giovanni Lombardo Radice.

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