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Rusalka: Ozero Myortvykh - 2018


O anúncio no trailer de que este filme é dos mesmos responsáveis pelo A Noiva pode servir de propaganda negativa. Não que o longa de 2017 possa ser considerado ruim; ele simplesmente desperdiça uma boa ideia pelas convenções do gênero, optando por deixar de lado uma aparente personalidade cinematográfica russa pelos velhos clichês desenvolvidos pelo cinema americano. Este novo filme, também comandado por Svyatoslav Podgaevskiy, é mais uma vez bastante convencional, porém o conceito apresentado não é sustentado pelo roteiro, que tenta a todo custo enxertar arrepios artificiais e bastante óbvios. E havia material para algo interessante…


De acordo com uma lenda russa – na verdade, uma lenda mundial, que tem vestígios até mesmo na Grécia Antiga -, há criaturas que vivem nas profundezas do lago com a intenção de enganar e atrair homens incautos. Metade mulher metade peixe, elas possuem como características principais a beleza e a capacidade de sedução através de sua belíssima cantoria, hipnotizando suas vítimas para levá-las ao fundo para uma tortura eterna. O longa explora um pouco disso. No prólogo, uma garota (Nadezhda Igoshina) encontra o noivo à beira de um lago conversando com alguma entidade invisível, com os olhos completamente rubros. Ela tenta tirá-lo de seu transe e consegue, até ser puxada para o fundo para desespero do rapaz.


Anos depois, o experiente nadador Roma Kitaev (Efim Petrunin) está prestes a se casar com a bela Marina (Viktoriya Agalakova, de A Noiva), aceitando o convite do amigo Ilya (Nikita Elenev) para uma despedida de solteiro na velha casa de veraneio do pai. Apaixonado, ele ignora as garotas convidadas e opta por um banho no lago, mostrado no começo do filme, e é surpreendido pela sereia (Sofia Shidlovskaya). Penteando seus longos cabelos loiros, ela consegue hipnotizar o rapaz e tirar dele um beijo, mas não a resposta à pergunta do trailer: Você me ama?

Assim que retorna para sua morada com Marina, Roma começa a adoecer, além de ser atormentado por pesadelos que envolvem a garota do lago. Ao notar o pente e relatar à irmã dele, Olga (Sesil Plezhe), ambas começam a perceber que se trata da mesma maldição que acometeu os pais anos atrás. O problema é tentar descobrir como se livrar dela, uma vez que a assombração começa a afetar também as pessoas próximas a ele, buscando apenas uma resposta positiva e sincera para conduzi-lo aos lugares mais escuros do “lago dos mortos“.


Pela breve descrição, o longa até soa interessante. Contudo, apesar das ferramentas à mão, o diretor opta pelas soluções mais fáceis ao misturar realidade com alucinações e repetir ideias já vistas antes: um vulto no corredor, uma aparição no espelho, movimentação de armários e portas, fantasma no chuveiro, ritual de troca…e ainda não se justifica em algumas facilidades do roteiro escrito a seis mãos, como a incrível atitude dos conhecidos de Roma de deixá-lo sozinho o tempo todo nos ambientes. E ainda tem uma falha imensa: na melhor cena do filme, quando Olga e Marina ficam presas no veículo e ele começa a se inundar, é incrível observar que as duas garotas em nenhum momento tentam abrir a porta ou abaixar os vidros do carro, simplesmente batendo as mãos nas janelas para chamar a atenção de Roma.

Também pesa contra seu interesse em uma boa apreciação a direção rasteira e os efeitos especiais, realizados em computador, para caracterizar as várias faces da Sereia, inclusive a mais monstruosa delas. Extremamente artificiais, até mesmo para a concepção de simples olhos vermelhos, eles não convencem e contribuem significativamente para aproximar o longa russo de uma produção qualquer, feita para a TV. E deveria ser mesmo, com exibição em canais próprios ao invés das telas grandes dos cinemas, locais onde trará mais incômodo do que uma boa avaliação.

Para tornar a experiência ainda mais desagradável, por alguma razão ainda não compreensível, a Paris Filmes optou pela exibição de A Sereia: Lago dos Mortos com sua dublagem em inglês. E pior: uma dublagem em inglês ruim! Até mesmo os filmes dublados em português são mais convincentes, tanto na escolha das vozes como na organização entre som e movimento dos lábios. Sem dúvida alguma, o pior ali é o que dublou Ilya, interpretado por Nikita Elenev. Como o ator mexe pouco a boca, a voz em inglês muitas vezes fica perdida, afundando ainda mais uma produção que deveria ter ficado enterrada no fundo do lago.


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