Queen of Outer Space - 1958
Bagaceira de ficção científica da produtora “Allied Artists”, típica dos anos 50 do século passado, um período fértil para o cinema fantástico com histórias toscas e exageradas na fantasia. A direção é de Edward Bernds, de outras tranqueiras igualmente divertidas como “Vinte Milhões de Léguas a Marte” (World Without End, 1956) e “O Monstro de Mil Olhos” (1959). O roteiro é de Charles Beaumont, baseado na história “Queen of the Universe”, de Ben Hecht, e em seu currículo fazem parte preciosidades como “O Castelo Assombrado” (1963) e “A Orgia da Morte” (1964).
A história de Queen of Outer Space é ambientada em 1985, e mostra uma expedição enviada num foguete rumo a uma estação espacial em órbita da Terra. O grupo de astronautas é formado pelo Capitão Neal Patterson (Eric Fleming) e os Tenentes Mike Cruze (Dave Willock) e Larry Turner (Patrick Waltz), que estão levando o renomado cientista Prof. Konrad (Paul Birch). Porém, antes de chegarem ao destino, eles testemunham a destruição da estação espacial por um misterioso raio desintegrador, e seu foguete é impulsionado numa velocidade imensa com forte turbulência, aterrissando numa região de neve de um planeta desconhecido. Eles encontram similaridades com a Terra em termos de gravidade e ar respirável, e descobrem que estão em Vênus. Decidem abandonar a nave para explorar o local, chegando numa floresta, onde são surpreendidos e capturados como prisioneiros por um grupo de belas mulheres.
São levados para uma cidade chamada Kadir, governada por uma rainha tirana mascarada, Yllana (Laurie Mitchell). Ela assumiu o poder ao liderar uma revolta após uma terrível guerra contra um planeta inimigo, escravizando os homens sobreviventes mantendo-os numa colônia penal num dos satélites do planeta. Seu governo é totalitário e despertou o interesse por liberdade num motim realizado por um grupo de mulheres lideradas por Talleah (a húngara Zsa Zsa Gabor), e que se apaixonam pelos homens recém chegados da Terra, formando uma aliança com eles para derrubar a rainha do poder.
Com apenas 80 minutos de duração, “Rebelião dos Planetas” é mais um daqueles filmes exagerados de ficção científica bagaceira de meados do século XX, uma aventura espacial que desperta um sentimento de nostalgia daquelas histórias ingênuas que investiam mais em situações inverossímeis do que na especulação científica. É um filme divertido justamente por suas características bagaceiras e não por alguma tentativa de contar uma história séria, fato que não acontece.
É revelado que a ambientação do filme é no futurístico ano de 1985 para a época de produção e que já é um passado distante para nossos tempos de início de novo século, e que em 1957 foi o ano do lançamento do primeiro satélite ao espaço sideral, seguido pelo início da montagem em 1963 da estação espacial em órbita da Terra.
Tem todos aqueles clichês conhecidos com um foguete tosco controlado por painéis enormes com luzes piscando, fitas de gravação, mostradores diversos, botões e alavancas de acionamento. Tem até uma espécie de televisão toda estilosa acionada por um controle remoto, que mostra a constante movimentação de mulheres na manutenção de uma poderosa arma de destruição, geradora de raios desintegradores. Para aproveitamento de recursos já existentes e contenção de despesas na produção, foram reaproveitadas várias cenas de “Vinte Milhões de Léguas a Marte”. Como o foguete viajando com turbulência em alta velocidade, a aterrissagem na neve de Vênus e o ataque de uma aranha gigante de pelúcia e borracha, estática e tosca ao extremo, contra um dos membros da expedição de terráqueos, no interior de uma caverna, numa cena divertida de tão bagaceira. O uniforme dos astronautas é similar ao utilizado no clássico “Planeta Proibido” (Forbidden Planet, 1956). E a cena com a plataforma de lançamento do foguete é uma reprodução real de um teste americano em 1952.
“Queen of Outer Space” nos remete para outros filmes com ideias similares como “Mulheres-Gato da Lua” (Cat-Women of the Moon, 1953), “Missile to the Moon” (1958), que é conhecido no Brasil pelos títulos “Terríveis Monstros da Lua” e “Míssil Para a Lua”, e o já citado “Vinte Milhões de Léguas a Marte”. Onde é clara a intenção dos realizadores em explorar a sociedade de Vênus somente com belas mulheres sensuais portando armas, vestindo saias e mostrando suas pernas torneadas, além dos rostos sempre bem maquiados e com os cabelos penteados e estilosos. E também não poderiam faltar os cenários exageradamente coloridos e com tentativas de aspectos futuristas, com destaque para o “Desintegrador Beta”, uma arma capaz de destruir planetas. Além dos vários e patéticos relacionamentos amorosos entre os homens da Terra e as mulheres de Vênus, com diálogos ingênuos e piadas constantes, reservadas principalmente para o galanteador Tenente Larry Turner. Curiosamente, somente após quinze longos minutos é que aparecem os letreiros iniciais com o nome do filme e apresentação do elenco e equipe de produção.
(RR – 11/10/15)