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Apartment 212 - 2017


Longas que estabelecem em seu título um provável novo endereço do medo são bastante comuns. Um dos mais lembrados pelos fãs de horror é Last House on the Left, de 1972, que teve um título nacional tão deslocado que confundiu o GPS. Mas, há outras produções que também indicaram o caminho para o mal como Nightmare on Elm Street, A Última Casa da Rua (2012) e até um barbeiro demoníaco na Rua Fleet… Se reduzir a busca para edifícios, vai encontrar Apartamento 143 (Emergo), 1303 – Apartamento do Mal e até a morada de uma produção inspirada em um conto de Stephen King, 1408. Um lugar que também tem um valor acessível é o Apartamento 212, caso você não se importe em acordar no dia seguinte com estranhas mordidas pelo corpo.


O prólogo traz uma senhora entrando num antiquário e buscando atendimento. Sem resposta, uma que o proprietário aparenta estar morto atrás do do balcão, ela rouba um estranho artefato, como uma caixa de guardar jóias, que tem uma pequena criatura esculpida em sua parte superior. Na cena seguinte, a jovem protagonista é vista chegando a um condomínio. Jennifer (a bela Penelope Mitchell, que você deve tê-la visto em Terror na Estrada, e do novo Hellboy) está tentando uma vida nova, longe de seu abusivo namorado, o policial Boyd (Chris Johnson). No local, ela conhece o síndico boa-praça Terry (Kyle Gass), que lhe apresenta o ambiente e a azeda gerente Claudette (Sally Kirkland).


Na primeira noite no apartamento, ela ouve estranhos gemidos no quarto ao lado, o que poderia, talvez, sugerir uma presença sobrenatural por ali, como em muitos filmes similares. No dia seguinte, Jennifer esbarra na provável vizinha gemedora, cheia de marcas de ferida pelo corpo. Mais umas noites com esse incômodo até a garota quase testemunhar o momento em que ela se mata. A polícia chega e sugere uma possível doença no local, estabelecendo uma breve quarentena, algo que é pouco explicado e depois esquecido no roteiro, mesmo quando a protagonista, após tomar posse do mesmo artefato, começa a apresentar as mesmas marcas.


O roteiro de Jim Brennan, Kathryn Gould e do diretor Haylar Garcia começa a se perder a partir daí, criando diversas situações inverossímeis e tragicamente cômicas. Em dado momento, Jennifer, evidentemente machucada, resolve assim mesmo participar de uma entrevista de emprego. Ao invés de adiar ou tentar disfarçar os problemas, a garota vai ao local de saia (o que permite enxergar mais feridas) e nem sequer passa um batom ou penteia o cabelo. Depois de perder a chance – óbvio, né? – ela até faz uns retoques para rever o ex-namorado violento inexplicavelmente – seria um espelho dessas mulheres que convivem em relacionamentos similares e ainda vivem atrás do rapaz?

Para salientar a ingenuidade de Jennifer (para não dizer “burrice”), o enredo faz a jovem comprar produtos para infestação de insetos, dormir sob uma rede e até exigir que a dona do condomínio chame um especialista, sem que resolva fazer o mais óbvio: procurar um médico. Será que ela se esqueceu que dias antes uma mesma moça estava nas mesmas condições? E será que os roteiristas querem que a gente esqueça que o local há pouco tempo havia estado em uma breve quarentena, tanto que não se justifica o fato da proprietária, do síndico e dos demais moradores simplesmente não chamarem novamente a polícia?


Como se trata de um filme de baixo orçamento, o causador dos machucados só irá aparecer discretamente depois de mais de uma hora de projeção. Como algumas capas alternativas já mostram – à exceção da nacional, que dá um aspecto demoníaco à protagonista -, trata-se das ações do monstrinho que vive sobre a caixa. Durante a noite, ele ganha vida e passa a morder a pessoa que esteja no mesmo lugar que ele. Só não explica porque ele inicialmente dá uma mordidinha por noite e depois de descoberto passa a desferi-las constantemente.


O embate entre Jennifer e o monstrinho voador promove algumas cenas divertidas, principalmente pela tentativa do diretor de esconder os efeitos rasos. A protagonista lê algumas instruções sobre como enfrentá-lo, e parece entender o que deve ser feito (!!!), embora não o faça assim que descobre o tal jeito de capturá-lo.

Como se percebe, não há nenhuma infestação no apartamento 212. Aliás, o problema nem envolve o local, tanto que o título original é Gnaw, que poderia significar tanto “roer” quanto até mesmo “morder“. Mas não é culpa da tradução nacional (só o “infestação” é nosso!), pois ele fora lançado em alguns lugares como Apartment 212, sabe-se lá porque.


É um filme B, cheio de falhas e situações bizarras, mas há quem possa vê-lo como um bom entretenimento. Encontra-se disponível em DVD e na Amazon Prime, caso você se interesse em visitar a tal morada.


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