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The Brides of Dracula - 1960


Com o sucesso de O Vampiro da Noite (1958), a produtora Hammer estava ansiosa para largar uma sequência o quanto antes. Eles chamaram novamente o diretor Terence Fisher, o roteirista Jimmy Sangster e o ator Peter Cushing, repetindo seu papel de Van Helsing. Só faltava uma peça: Christopher Lee. O ator se recusava a voltar a interpretar o conde (ele só voltaria em Drácula, o Príncipe das Trevas, 1966), oito anos depois de sua estreia como o mais famoso dos vampiros). Sem o astro no papel principal, o negócio foi improvisar, e assim nasce As Noivas do Vampiro (The Brides of Dracula). Embora contenha Drácula no título original, o vampiro é citado apenas na narração em off do prólogo, como se fosse responsável por toda a peste vampiresca que assola a Europa.

Aqui temos a jovem e bela Marianne Danielle (a francesa Yvonne Monlaur), que está viajando até uma respeitável escola para moças, para lecionar francês e etiqueta. Numa parada em uma estalagem, ela perde a carruagem em que viajava. Presa no local ela aceita o convite de uma misteriosa baronesa (Martita Hunt) para pernoitar em seu castelo.


Já no castelo, ela conhece o jovem Barão Meinster (David Peel), filho da baronesa e que vive aprisionado, com uma corrente cadeada a seu pé. O jovem vive aos cuidados de Greta (Freda Jackson), a única empregada no castelo. A visitante fica escandalizada com o tratamento dado ao jovem, e, por mais que a baronesa lhe avise que seu filho é doente, a moça se deixa levar pela lábia do prisioneiro e consegue a chave para libertá-lo. O que nossa ingênua professora de francês não sabe é que o filho da baronesa é um vampiro, e que ela soltou a maldição sobre a região.

Não demora em o vampiro fazer suas vítimas e causar terror no vilarejo local, mas por sorte de todos, entra em cena Van Helsing (Cushing), o lendário caçador de vampiros. Sem Drácula, não deixa de ser genial a origem do vampiro aqui. O barão, um outrora libertino, que em uma de suas inúmeras orgias noturnas, acabou sendo mordido por um desses seres da noite. Sim, soa moralista, como toda a clássica trama de vampiros, mas temos de admitir o quanto é engenhoso.


O filme teve problemas de produção: fontes alegam que o roteiro de Sangster não era bem aceito por Cushing, e acabou sendo reescrito por outras mãos; reza a lenda que até o diretor Terence Fisher reescreveu algumas cenas.


O fato de o roteiro ter sido mexido ao longo das filmagens talvez explique alguns rombos no mesmo. Como o misterioso homem de preto interpretado por Michal Muncaster, no começo do filme, chegando a atrapalhar o andamento da carruagem que transporta a professora, e depois simplesmente desaparece sem dar explicação. Seria ele um cúmplice do barão? Se positivo, por que não aparece no castelo? Ele me parece mais como Klove, o personagem auxiliar de Drácula, que apareceria no filme seguinte do conde, Drácula, O Príncipe das Trevas e reapareceria em Conde Drácula (1970).

Outro furo: se o Barão pode tomar a forma de morcego, por que ele se mantém preso a corrente na perna? Era só se metamorfosear e sair voando que se livrava do empecilho. Alguns justificam que a corrente seja de prata, embora não seja mencionado de forma alguma ao longo do filme qual o metal utilizado ali. Se fosse prata, o vampiro teria se queimado com as correntes ou no mínimo estaria debilitado, como o Superman com a kriptonita.


Além de certa pressa, o filme também é afetado por um orçamento menor, como fica visível nas cenas com morcegos fajutos, visivelmente presos por fios. Aliás, o final original contava com centenas de morcegos mecânicos, mas pela pressa e limitação da produção, o final foi alterado. No entanto, a ideia dos morcegos na conclusão seria reaproveitada pela Hammer três anos depois em O Beijo do Vampiro.


Originalmente planejado para ser uma sequência de O Vampiro da Noite, visto hoje, o filme funciona como um spin-off da série, um apêndice. E utilizar Drácula no título original para vender o produto é de uma picaretagem cretina.


Analisando até aqui, é de se supor que As Noivas do Vampiro seja uma bomba, certo? Errado. Apesar de todos os reveses, esta é uma das melhores produções da Hammer. Um dos raros casos em que o caos anunciado não se concretizou. Pontos para Terence Fisher.

Fisher deu continuidade aqui ao rigor estético que tinha empregado em O Vampiro da Noite, a beleza visual continua. A obra também conta com bom ritmo e cenas memoráveis. Reparem como o primeiro confronto físico de Van Helsing com o barão lembra muito o duelo final de O Vampiro da Noite.


O elenco também faz a diferença, embora o inglês loiro David Peel, cuja a carreira foi mais dedicada à televisão que o cinema, com toda a sua pinta de galã, não tenha o mesmo carisma de Christopher Lee, dando conta do recado como vilão. Yvonne Monlaur tem a beleza e o ar de carola certo para o papel. Cushing continua irretocável como Van Helsing, mas os destaques do elenco são duas veteranas, como Martita Hunt e seu papel de baronesa. Porém, quem rouba a cena é Freda Jackson, como a empregada enlouquecida, quase um Renfield de saias. Não falta nem mesmo o simpático Milles Malleson, com seu ar de avoado, o eterno alívio cômico das produções da Hammer.


Interessante como o roteiro trata, ainda que de forma subliminar, temas tabus como homossexualismo, sadomasoquismo e incesto. Sem sombra de dúvida um dos maiores clássicos da Hammer e um deleite para os fãs de terror. Imperdível.

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