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Bach ke Zara - 2008


Numa época em que Hollywood refaz seus clássicos do terror com força total, acabei recebendo de um grande amigo um arquivo tão insólito que chega a ser quase impossível que tenha existido realmente. Bach ke Zara, a versão Bollywood de Evil Dead, produzida sem direitos autorais, mas também sem dinheiro nenhum.


O início do filme dá o tom com alguns cenários vazios, nudez parcial e um casal de atores recitando seu texto com a convicção de um vendedor ambulante de trem. Esta introdução extrapola um pouco a obra de Raimi, apresentando o arqueólogo que descobriu o Necronomicon, bem como sua companheira, parcialmente nus num momento extremamente brega demais pra ser sensual, até a “capetada” tomar conta do recinto. Perfeitamente consciente de que esse tipo de amargor é melhor digerido quando acompanhado de um docinho, o diretor Salim Raza prossegue com um insólito interlúdio musical que nada acrescenta ao filme. Obviamente este arco é mais tosco ainda do que o resto da filmagem, mas isso não deixa de ser excêntrico porque dá lugar a um erotismo duvidoso composto por jovens siliconadas, fisiculturistas enlameados e música Pop duvidosa.


Mesmo com esta avalanche de absurdos, Salim Raza parece bastante confiante e dirige seu barco com um espírito inabalável. Sem medo de nada, o homem não hesita em duplicar suas sequências favoritas, como a cena da troca de olhares e também do ataque de cipós. Porque sim, você leu bem: Bach ke Zara não nos oferece uma, mas duas sequências de luta vegetal! Em ambos os casos, não espere encontrar o famoso estupro, mas no máximo uma luta corpo a corpo com um cipó seco e sem graça. As árvores, por sua vez, açoitam suas vítimas com uma histeria notável, amplificada ainda mais por efeitos sonoros feitos com algo parecido com um mata-moscas. O impacto é garantido e o espectador fica sem palavras...(sic). Detalhes insuperáveis também podem ser observados na substituições da famosa motosserra de Ash por um serrote e do porão por uma porta de sala amarrada com uma correntinha de papagaio...

Sobre o elenco, é revelado um grupo amador e confuso, apesar da magreza dos diálogos. Eles gritam, gesticulam, choram e, de vez em quando, mudam de roupa a cada tomada! Mas não pense que Bach ke Zara oferece uma alternativa erótica estimulante, pois até mesmo o sangue em profusão de Evil Dead foi ofuscado, provavelmente por ser considerado ultrajante demais. O aspecto horrível da filmagem será, portanto, resumido em muito pouco mesmo, como um Necronomicon de quatro páginas com conteúdo muito modesto, pois exibe apenas fotos de demônios do Google e o famoso pôster do Drácula de Coppola!


Uma curiosidade: Existem duas cópias deste filme, ambas idênticas, exceto que cada uma contém créditos diferentes. A impressão alternativa do filme mostra o título como Bach ke Zara e lista o elenco como Neleeash Mehra, Mumta Vimal, Boni Saroop, Rozi Khan e Tanu Ahoja. Rakhi Sawant está listado nos créditos de ambas as impressões.

Sameer Desai está listado como o diretor nesta impressão alternativa, mas o próprio Salim Raza alega que ele mesmo é de fato o diretor (ele nunca tinha ouvido falar de Sameer Desai). O Sr. Raza também disse que não tem idéia de por que haveriam créditos alternativos para o filme, ou mesmo, uma versão alternativa.


Para confundir ainda mais as coisas, a capa do DVD oficial lançado pela Adlabs indica que o filme é dirigido por Deepak Ramsay, produzido por Tulsi Ramsay e estrelado por Mariena, Kapil Jhaveri, Deep Dhillon, Usha Bacani e Mukesh Tiwari. No entanto, esses créditos são na verdade de um filme AATMA dos Ramsey Brothers de 2006, assim como os gráficos apresentados na capa do DVD e o enredo listado na parte de trás do DVD!

Como você deve ter percebido Bach ke Zara não é um filme estritamente recomendável, mas será capaz de satisfazer os amantes de tosqueiras que buscam esquisitices cinematográficas pelo mundo afora.

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