Emperor of the North - 1973
Em 1933, durante o pico da Grande Depressão norte-americana, vagabundos atravessavam o país em caronas clandestinas de trem (isso ainda rolava mais de uma década depois dos acontecimentos do filme, como mostra o livro Os Vagabundos Iluminados de Jack Kerouac). Dentro deste cenário há Shack (Ernest Borgnine), o mítico e fascistóide condutor do trem n°19, responsável por atirar vários caroneiros à morte, e cujo lema é “ninguém viaja de graça em seu trem”. É aí que entra na jogada um vagabundo conhecido apenas como “A N° 1” (Lee Marvin), o maior de todos os caronistas, que está decidido a viajar no tal trem 19. O caronista é seguido por um malandro jovem (Keith Carradine), que se gruda nele como carrapato, e ambos decidem fazer a perigosa viajem.
Baseado na obra de Jack London, o filme foi um projeto que inicialmente chegou a ser cogitado por dois diretores: Martin Ritt e Sam Peckinpah, mas se tornou uma obra-prima nas mãos de Robert Aldrich.
Aldrich chegou a afirmar que o personagem de Ernest Borgnine representava o establishment, enquanto Lee Marvin seria o anti-establishment e Keith carradine, a juventude dos anos 70, tão impetuosa e arrogante, quanto inexperiente e atrapalhada (aliás, é a juventude em qualquer tempo, não?). Assim como há quem comparou este filme como que uma versão live action de Tom & Jerry.
Não importa se interpreta um alto comandante do exército, ou apenas um mendigo caroneiro, Lee Marvin é feito daquela massa que dá força e dignidade em qualquer papel que faça, e Ernest Borgnine nunca esteve tão sinistro, seu personagem é praticamente movido pela força do ódio. O clímax do embate entre os dois (que dizem, durou mais de um mês para ser filmada) é de soltar faísca na tela.
Enquanto vemos este maravilhoso embate – torcendo pelo rebelde Marvin, temos de fundo uma América reduzida a escombros pela miséria.
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