Hell of the Living Dead - 1980
Agora vamos separar as crianças dos adultos, estamos falando do “gênio” Bruno Mattei e sua turma em seu clássico “Virus”, que no Brasil ganhou o esdrúxulo título de “Os Predadores da Noite” e é internacionalmente conhecido como “Hell of the Living Dead”.
É tanta tranqueira aqui que nem sei por onde começar... ah, sim, vamos pela sinopse: uma industria filantrópica na Papua Nova Guiné, que se dedica a alimentar países subdesenvolvidos (a industria parece mais uma usina nuclear) sofre um acidente liberando altos níveis de radiação (não falei?), um rato contaminado morde um funcionário por baixo do capuz de uma suposta roupa para evitar radiação (?) e a vítima vira logo um zumbi e de cara morde um colega de trabalho, não demora muito para o apocalipse zumbi se espalhar. Uma equipe de comando, tipo um genérico dos agentes da SWAT de “Dawn of the Dead” do Romero, se embrenham na selva para investigar o caso. Os milicos encontram a repórter ecológica Lia Rousseau (Margie Newton, pagando mico em seu primeiro papel principal, coitadinha) e seu cameram sósia do Belchior (Gabriel Renom). O grupo encontra uma primitiva tribo nativa, que está velando seus mortos – com cenas roubadas do documentário “Nuova Guinea, l’Isola dei Cannibali” (1974), co-produção entre Itália e Japão dirigida por Akira Ide. Logo a aldeia será tomada por mortos-vivos.
Nota: este ainda não é “O” filme sobre o confronto de canibais versus zumbis, para isto recomendo que veja a tranqueira “Zombie Holocaust” (1980) de Marino Girolami.
Claudio Fracasso, digo, Claudio Fragasso, que co-escreveu o roteiro e aqui é creditado como assistente de direção, gosta de alegar pra quem quiser ouvir que na verdade ele dirigiu praticamente metade do filme, verdade ou mentira? Fragasso ou Mattei? Tanto faz, o fato é que a incompetência é a tônica aqui. Filmado em parque e matagais na Itália e Espanha, se passando por papua Nova Guiné, o fato é que era para ter sido filmado na África, e a idéia original era o terceiro mundo todo virado em zumbis atacando o primeiro mundo, mas o orçamento não permitiu tamanha extravagância – embora a mensagem continuasse aqui: se não alimentar o terceiro mundo, ele devorará o primeiro!
Uma característica marcante é a trilha sonora, os produtores queriam a banda Goblin, mas a banda cobrou um cachê alto demais para os parcos recursos. Isto foi um problema? Claro que não. A solução: pegaram e roubaram trilhas da banda de outros filmes e introduziram aqui na maior cara de pau. Então você está de boa assistindo “Hell of the Living Dead” e dá de cara com a trilha de “Dawn of the Dead”, “Buio Omega”, etc. A cara de pau foi tanta que botaram o nome da banda nos créditos! Não sei como os músicos comandados por Claudio Simonetti não tocou um processo e mandou queimarem as cópias desta picaretagem. Pensando bem, melhor não, senão não nos divertiríamos tanto.
“Hell of the Living Dead” é recheado de situações absurdas, tanto que você chega a voltar à cena, só para atestar que seus olhos não te tapearam. Exemplo: quando nossos heróis chegam perto da aldeia, a repórter diz para os soldados que conhece os nativos, sendo assim vai se comunicar com eles, para logo em seguida tirar a blusa e paga um topless gratuito em close! As caras e bocas dos figurantes que fazem os zumbis são hilárias. Sem falar na famigerada cena gore, onde a mão de um zumbi entra na boca de uma vítima, fazendo que os olhos desta caia da cara!
Resumindo: é um filme de terror tão, mas tão ruim que é uma comédia maravilhosa! Magnifíco!
Os Predadores da Noite (Virus / Hell of the Living Dead, Itália/Espanha, 1980)
Direção: Bruno Mattei
Com: Margie Newton, Franco Garofalo, Selan Karay, José Gras, Gabriel Renom.
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