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Hellbender - 2021


A parceria entre rock e o diabo é mais funcional do que muita dupla sertaneja. Envolve tudo, desde ótimos discos de bandas de metal que atravessaram gerações a divertidos filmes de horror, confirmando o que dizia Raul Seixas. E o setlist cinematográfico só tende a crescer: do recente Studio 666, passando por Sala Verde, Deathgasm, Lords of Chaos, Uncle Pecherhead, com uma longa parada nos anos 80, com A Montanha do Medo, Entrada para o Inferno, Turnê Assassina e encontrando seu acorde mais conhecido na década anterior, com o clássico The Rocky Horror Picture Show. Há muito mais por aí, e pode colocar na lista o sangrento “terror-família” Hellbender, lançado em 2021.


“Terror-família” pelo fato do filme ser uma produção independente em que os integrantes e a equipe técnica fazem parte de um mesmo grupo familiar. A Família Adams já havia feito o elogiado The Deeper You Dig, em 2019, e agora retornou com uma produção com elementos de bruxaria e a apresentação da banda Hellbender, além de uma boa dose de sangue. O longa tem a direção/roteiro e atuação de John Adams, sua esposa Toby Poser e da filha Zelda Adams, e eles ainda dividem outras funções: produção e figurino (Toby Poser), música e edição (John Adams), fotografia (John e Zelda)… é, como se observa, um filme caseiro, mas até que, dentro de sua proposta, é bem realizado, quase não deixando evidente um possível amadorismo envolvido.

A jovem Izzy (Zelda) vive com a mãe (Toby) em uma casa isolada por uma floresta, com vista para montanhas. Com uma educação em casa (o tal “homeschooling” em voga no Brasil), a jovem é informada pela mãe que possui um raro distúrbio imunológico que a impede de se socializar, ocupando seus dias em passeios próximos e os momentos em que toca bateria para a banda Hellbender, composta somente pelas duas, e que ainda pintam o rosto em performances sem público. Na verdade, a mãe é uma poderosa bruxa, e que está tentando proteger a filha de sua herança, tendo consciência que ela talvez ainda não esteja preparada ou tenha a maturidade suficiente para desenvolver seus poderes.

Mas Izzy irá conhecer outras pessoas, e seu destino será inevitável. Encontra um homem na mata que questiona um estranho símbolo; e conhece a jovem Amber (Lulu Adams, mais uma Adams), que invadiu uma casa próxima para fazer uso da piscina com os amigos. Aos poucos Izzy passa a perceber que talvez não tenha a tal doença, e ao se alimentar de uma minhoca, graças a uma aposta dos amigos de Amber, tudo muda. Seu contato com a natureza desperta a sensibilidade, ampliada pelas descobertas feitas em um livro de magia da mãe. Protegê-la, transformando curiosos em pó, não será suficiente quando a própria Natureza passar a se comunicar com ela. O problema é que os poderes podem tornar a jovem perigosa, chegando ao ponto dela até praticar canibalismo ou inverter os papéis em casa.

Como produção de horror, Hellbender derrama sangue no espectador e o envolve com pesadelos, sem precisar ir muito longe. Conta com as boas atuações de todos que aparecem em cena, nada que exija muito, evidenciando um trabalho feito com esmero para encontrar a afinação perfeita. Mesmo com suas limitações técnicas – e consciente disso, apesar de trazer bons efeitos visuais em sequências ousadas – o produto final se mostra interessante dentro do subgênero da bruxaria, detalhando rituais como se explorasse um estudo a respeito. Não é assustador ou trará mudanças na história cinematográfica do rock horror, mas eleva a curiosidade sobre essa família talentosa e esforçada.


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