La Figlia di Frankenstein - 1971
Milésima variação da história clássica de Mary Shelley, aqui numa versão espaguete com sangue falso, sacanagem e maquiagem ruim. Vamos lá. O filme já abre com Barão Frankenstein (Joseph Cotten) comprando cadáveres de ladrões de túmulos, seu plano, como todo mundo tá careca de saber, é construir um ser vivo partindo de carne morta.
Seus planos são aparentemente atrapalhados com a chegada de sua filha, Tanya (Rosalba Neri), que acabou de se formar em medicina, mas a moça se mostra interessada nos experimentos do pai e resolve ajudá-lo, junto com o Dr. Charles Marschall (Paul Muller), o educado e insosso ajudante do Barão, que tem uma paixão platônica pela filha do patrão. Usando pedaços de corpos e o cérebro de um criminoso enforcado, o Barão Frankenstein consegue dar vida a sua criatura, que o mata imediatamente, foge do castelo e sai por aí matando aldeões.
Hilária a cena em que o monstro (Riccardo Pizzuti, visivelmente atrapalhado por baixo da maquiagem pesada) encontra um casal transando no mato, enquanto o amante sai correndo em disparada, o monstro pega a moça nua no colo e a atira nas águas de um rio (uma evidente paródia a famosa cena da garotinha do Frankenstein de James Whale). Como merda pouca é bobagem, Tanya tem uma ideia ‘brilhante’ para enfrentar o monstro, vingando assim seu pai e terminar com as mortes do populacho, a solução seria simples: criar outro monstro para enfrentar o primeiro!
Tanya planeja usar o corpo de Thomas (Marino Masé de Amor de Vampiros), o idiota da aldeia que faz bicos no castelo. Embora bonitão e atlético, o jovem sofre de retardamento mental, sendo assim, a filha de Frankenstein usaria o corpo deste e o cérebro do cordeirinho Dr. Marschall, e a cientista conseguiria assim um criatura para deter a criatura criada pelo seu pai, mas também o amante que ela julga ideal (até que a moça não é boba). Paralelo a isso temos um capitão da polícia xeretando (interpretado pelo megacanastrão Mickey Hargitay, aqui contido nas caretas) e a população se revoltando.
Tudo converge para uma cena final das mais impagáveis.
A Mulher de Frankenstein (mais um equivocado título brasileiro) é uma tranqueira daquelas, pena que seja muito irregular, com muitos momentos mortos. A primeira metade quase não acontece nada, só quando o monstro ressuscita que o filme ganha vida.
O decadente Joseph Cotten, ator norte-americano que na época das vacas gordas trabalhou com gênios como Orson Welles (Cidadão Kane, Soberba) e Alfred Hitchcock (A Sombra de uma Dúvida) aqui interpreta o Barão Frankenstein que já morre na primeira metade do filme, aliás, o ator não tem muito o que fazer em cena mesmo. Já a bela Rosalba Neri, com vasto currículo no cinema exploitation italiano, parece se divertir a beça com sua ambígua personagem, interessada tanto pelos mistérios da ciência quanto por um bom sexo.
Destaque para a maquiagem do monstro, que não segue o padrão 'imposto' pela Universal (me refiro ao estúdio de cinema, não aquela igreja picareta, por favor...), parecendo mais com a criatura do The Thing original.
A direção ficou a cargo do norte-americano Mel Welles, mais lembrado por sua carreira de ator em filmes como A Pequena Loja de Horrores do Corman, ele também foi dublador da versão em inglês do personagem Karas do seriado Spectreman, entre outras proezas. O filme teve alguns problemas de produção, incluindo problemas de financiamento com bancos italianos, reduzindo drasticamente o orçamento. E assim algumas cenas parece que foram dirigidas pelo obscuro Aureliano Luppi, em seu único crédito como diretor, o que ele fazia antes? Bem... foi roteirista do Bruno Mattei no naziexploitation KZ9 – Larger di Sterminio.
De qualquer forma, se procura uma tranqueira exploitation para passar o tempo, tente isto.
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