Quella Villa in Fondo al Parco - 1988
Clássico da lixeira oitentista, quem é da época deve muito bem se lembrar deste filme, seja por reprises na TV, seja pela capinha VHS, mesmo quem não locou a fitinha, deve se lembrar da capinha bizarra, com aquele monstrinho feio, simplesmente se destacava nas prateleiras das locadoras suburbanas.
Produzido por italianos, e filmado na República Dominicana, este filme, que atende pelo poético título de “Aquela Vila no Final do Parque”, no italiano original, era na verdade um veículo para seu verdadeiro astro: Nelson De La Rosa, que alardeava ser o menor homem do mundo, título que chegou a ser contestado, mas enfim, o diminuto samaritano aceitou a bronca e vestiu a fantasia de um ser híbrido de rato com homem - ou seria rato com macaco, como afirma um cientista? Daí o filme deveria se chamar Ratmonkey, mas deixa pra lá.
E, vale lembrar, por mais caricato que seja, o tal Rato Humano traumatizou muita gente por aí.
O filme começa mostrando uma sala insalubre, com várias gaiolas contendo ratos, em uma delas, está o Ratman, o cientista que o criou avisa o seu capanga que vai levar a criatura embora no dia seguinte, e que ganhará o prêmio Nobel com ele (nem sabia que existia uma categoria “Dr. Moreau” do prêmio), o capanga rebate dizendo que a criatura está cada dia mais forte. Corta para uma cena noturna, a câmera passeia pelo mesmo cenário, mostrando que a jaula do Ratman está vazia, com as barras tortas. Sim, ele escapou, caso contrário não teríamos o filme, não é mesmo? Depois deste exemplar domínio de síntese cinematográfica, temos o bicho solto por aí, fazendo estripulias, ou seja, matando pessoas, belas mulheres para ser mais exato.
Uma bela moça chamada Terry (Janet Agren, habitué do exploitation italiano vide “Os Vivos Serão Devorados”, “Keruak, O Exterminador de Aço”, entre outros) vai até a Republicana, reconhecer o cadáver de uma modelo, que supostamente seria sua irmã, Marilyn (a voluptuosa Eva Grimaldi), no aeroporto ela conhece um escritor de livros policiais chamado Fred Williams (David Warbeck, que já teve dias melhores como em “The Beyond” de Lucio Fulci e “The Las Hunter/Apocalipse 2” de Antonio Margheriti). O casal vai até o necrotério e Terry descobre que o cadáver não é de sua irmã. Não demora muito para os dois saírem à cata da moça sumida.
Entrementes, a modelo Marilyn,está enfiada no meio da selva, acompanhada de seu fotógrafo pé no saco e de uma assistente, até chegar a um vilarejo deserto, onde o rato humano está atacando (peraí, ele já não estava no perímetro urbano matando gente?). Óbvio que eles estão no cardápio da diminuta criatura, que mata pessoas na base de arranhões, e como isso não mata realmente, inventaram aqui que ele ainda possue um veneno mortal!
Embora apareça pouco, o tal rato humano apronta várias, como atacar uma moça depois de sair de um vaso sanitário, ou sair voando de dentro de uma geladeira, além de espiar Marilyn tomando banho, fazendo a atriz exibir todos os seus atributos artísticos. Reparem que o casal de heróis, formado por David Warbeck/Janet agren, não fazem absolutamente nada o filme todo, além de passearem pra lá e pra cá. O filme termina com um final em aberto, pra uma continuação que (in)felizmente nunca ouve, aliás, se você não morrer de rir na cena final, você já está morto por dentro.
O roteiro, escrito pelo especialista Dardano Sacchetti (“Zombie” “New York Ripper”, “Demons” e um vasto etc), aqui sob o pseudônimo de David Parker Jr., é uma bobagem completa e cheia de absurdos, o cara deve ter escrito no piloto automático. A direção ficou a cargo do veterano Giuliano Carnimeo, sob pseudônimo de Anthony Ascot. Carnimeo é mais lembrado por seus pepluns (filmes épicos italianos estrelados por halterofilistas) e por seus spaghetti westerns.
O dominicano Nelson De La Rosa, que faz o papel da criatura, depois faria a megabomba “A Ilha do Dr. Moreau”. Ele também faria amizade com seu conterrâneo Pedro Martínez, arremessador do time de baseball Boston Red Sox. Martínez levaria De La Rosa para os estádios, nos jogos do Red Sox, o então ‘menor do homem do mundo’ chegou a ser chamado de ‘amuleto da sorte de Pedro’. O astro de “Ratman” chegou a trabalhar em circos, como o “Las Águilas Humanas” do Chile. Ele faleceria em 2006, aos 38 anos, de insuficiência cardíaca.
“Ratman” é uma bizarrice estúpida e apelativa, um exemplar de mau gosto, mas também é daquelas tranqueiras que, de tão ruim, se tornam divertidas pra caramba. Imperdível para fanáticos de filmes ruins.
O Rato Humano (Ratman / Quella villa in fondo al parco, Itália, 1988)
Direção: Giuliano Carnimeo
Com: Janet Agren, David Warbeck, Eva Grimaldi, Luisa Menon, Werner Pochatch, Nelson De La Rosa.
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