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Shark Bait - 2022


“Tenho uma ideia para um novo filme de terror. Algo bem claustrofóbico.”

“Diz aí.”

“Um filme de tubarão assassino. Pensa nas possibilidades.”

“Lembrei de vários filmes.”

“Não, mas esse vai ser bem original. Tenho certeza que terá uma boa audiência.”

“Certo. E como seria?”

“Jovens ilhados no meio do oceano.”

“Tipo Mar Aberto?”

“Sim, mas o veículo deles vai esta ali pertinho deles. Imagina a angústia!”

“Tipo Pânico em Alto-Mar?”

“É… mas vai ser bem assustador. Vai ser um único tubarão… um grande tubarão branco.”

“Tipo Tubarão?”


Esta é uma conversa que poderia realmente ter acontecido, durante o início da proposta de realização de Shark Bait e de outras produções similares. E são muitas, mostrando que a indústria cinematográfica atual representa uma ilha, cercada de falta de ideias por todos os lados. Não sei vocês, mas tenho uma certa curiosidade sobre os processos iniciais de desenvolvimento de um longa assim, até mesmo porque eles continuam sendo feitos. Será que a produtora joga dinheiro numa mesa e fala: “Quero um filme sobre tubarões assassinos. O projeto deve entrar em pré-produção antes do fim do dia.“? Ou será que um roteiro é escrito, e o autor sai distribuindo cópias para as produtoras, aguardando aquela que irá fisgar a proposta? Só para constar, em uma pesquisa básica, o IMDB traz a indicação de exatos 183 filmes sobre tubarões. Na verdade, a lista é bem maior porque a própria nem sequer relaciona a recente bomba The Requin, de Le-Van Kiet, com Alicia Silverstone.


De todo modo, Shark Bait foi feito. Traz o conceito básico sobre cinco jovens que roubam dois jet-skis e saem para uma curtição. Em dado momento, ficam brincando entre eles de “galinha“, que consiste em um ir em direção ao outro para ver quem desvia primeiro, como é comum entre carros guiados por idiotas. É claro que haverá um acidente, um ficará gravemente ferido, e os veículos não irão mais funcionar. Presos em meio ao mar, eles usam um dos aparelhos como apoio, até porque nem todos sabem nadar (!), enquanto tentam pensar em formas de sair dali. Vai ter aquele que irá arriscar nadar para direção alguma, mesmo sem perspectiva de visão de um barco no horizonte; e a mocinha, que já vai evidenciar traços de que será a sobrevivente, ainda mais quando descobrir que seu namorado Tom (Jack Trueman) a traiu com sua amiga Milly (Catherine Hannay). E ambos convenientemente estão ali.

Nat (Holly Earl) tentará manter o equilíbrio psicológico da descoberta, assim como agir como a “mente pensante” dali. E também terá ações corajosas e contará com a sorte, como na sequência em que seu relógio fica preso a um amigo atacado. A ameaça começará a circundar o grupo, atacando ou simplesmente provocando a futura refeição, com aparições regulares, dando tempo para o filme se transformar em longa, e o público passar a criar um vínculo com os personagens.


Como diferencial, se é que pode se dizer assim, há a ideia de que os jovens ignoraram o alerta de um cadeirante (Manuel Cauchi) – ele faz o papel do Crazy Ralph, personagem que apareceu em Sexta-Feira 13 Partes 1 e 2 -, que, sem as pernas, avisa sobre o perigo do “tubaron“, momentos antes dos jovens partirem para seu destino. Mas o grupo quer curtir, beber, dançar, insinuar e fazer idiotices. A estupidez é tamanha que até mesmo um dos personagens, ferido na cabeça, se revela sensato ao dizer aos amigos que não precisam se preocupar com o corte na testa por não tem muita coisa ali dentro.

Com efeitos razoáveis de ataque e maquiagem, além da adequada direção de James Nunn (genérico do James Gunn), Shark Bait pode até trazer algum entretenimento e soar criativo, caso você não tenha visto outras inúmeras produções similares. Fica devendo em roteiro e justificativa para existir, e sobram, na narrativa de Nick Saltrese, clichês e conveniências. Talvez se o tal cadeirante estivesse presente na sala de reuniões, ele teria alertado sobre a bobagem de se fazer mais um filme do estilo. Iriam fazer mesmo assim.


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