Sint - 2010
Sint (ou Saint nos EUA) é uma produção holandesa de horror/humor negro sobre Sinterklaas, como o Papai Noel é chamado por lá. O filme foi dirigido por Dick Maas, em um retorno ao gênero horror desde seus filmes anteriores De Lift (1983) e Amsterdamned (1988). A história distorce as tradições populares de Sinterklaas e retrata-o como um fantasma de um religioso renegado que mata um grande número de pessoas más quando sua noite de celebração anual coincide com a lua cheia. A maldição do clérigo assassino tem sua origem no dia 5 de dezembro de 1492, quando um grupo de saqueadores liderado pelo ex-bispo Niklas é morto por moradores que se recusam a colocar os dotes em dinheiro e comida nas portas das casas para evitar que suas crianças sejam mortas. Niklas também teve seu fim declarado pelos aldeões quando os próprios incendiaram o navio dos saqueadores com o bispo a bordo.
Infelizmente a maldade do Bispo Niklas era tão grande que a própria morte não conseguia mantê-lo ao seu lado todo o tempo e, a cada 23 anos, o fantasma do bispo e seus Pieten Zwarte aparecem para aterrorizar (e matar!) as pessoas. O público não está ciente disso e anualmente celebra a tradição de Sinterklaas exatamente no dia 5 de dezembro, com os adultos não acreditando que Sinterklaas existe, mas fazendo pequenas crianças acreditarem que ele é benevolente.
A última vez que a gangue fantasmagórica de Sinterklaas voltou foi em 1968. Centenas de pessoas foram mortas, incluindo toda a família de um menino, o jovem Goert (que futuramente acabaria se tornando um policial local). As autoridades então resolveram mascarar os incidentes e, assim como a Igreja Católica, manter o possível envolvimento do bispo Niklas um segredo trancado a sete chaves.
Apesar de toda a construção da trama ser bastante original o filme não passa de um copião blockbuster, com jovens viris e bem penteados no melhor estilo Pânico, que generalizou o estilo trendy horror (o horror modinha), mas algumas observações sob o gênero dão certa individualidade à produção. Uma delas é o local onde o Noel macabro vai atacar suas vítimas: Amsterdam.
Conhecida como a Cidade da Maconha a capital da Holanda também foi explorada como um recanto sexual para todos os turistas, um fato bastante explorado no filme Hostel (O Albergue, de Eli Roth), mas curiosamente em Sint ninguém fuma um baseadinho sequer e o máximo de erotismo que figura no filme são alguns vibradores de borracha que aparecem numa sala de aula nos primeiros minutos do filme.
Outra coisa que também gostei foi a explicação sobre a origem dos ajudantes do velho Noel. Os Pieten Zwarte (Pedros Pretos, como são chamados os duendes que ajudam o Papai Noel em algumas partes do mundo) não são negros por causa de sua raça, mas como resultado do incêndio em que eles foram mortos. Tornaram-se zumbis carbonizados que não medem esforços para destruir qualquer obstáculo que ofereça resistência ao avanço de Sinterklaas. De resto, efeitos furrecas, algumas piadas bobas e um cavalo-zumbi que cavalga pelos telhados da cidade.
Outro fato que me excitou a assistir este bizarro experimento holandês foi um pequeno incidente a respeito da promoção do filme. Claramente não indicado para crianças, a preocupação dos pais holandeses surgiu sobre cartaz promocional do filme, visto nas ruas e nos lobbies das salas de cinema. O cartaz mostrava Sinterklaas com um rosto mutilado e um olhar malévolo enquanto carregava um cajado que se assemelhava a foice da Ceifadora. Algumas pessoas desocupadas ficaram preocupados com o fato de que isso poderia ser confuso e assustador para as crianças que ainda acreditavam na imagem bondosa de Sinterklaas. Uma queixa legal foi arquivada em outubro de 2010, solicitando a retirada de todos os pôsteres. No tribunal, o diretor Dick Maas argumentou que, se os pais puderam fazer com que seus filhos acreditassem que Sinterklaas realmente existia também poderiam informá-los que o homem no cartaz não era o verdadeiro Sinterklaas. O tribunal então decidiu encerrar o caso em favor de Maas, alegando que o rosto mutilado do Bispo Assassino não estava visível o suficiente no cartaz, e rejeitou a denúncia.
Em suma, O Santo é apenas um filme curioso e, de certa forma, divertido de se assistir com a galera se você não curte sair de porta em porta neste Natal. Afinal, do jeito que as coisas andam ultimamente, você até escolheria se encontrar com o fantasma de um bispo louco ao invés da loucura que assola nossas ruas quase todas as noites…
Comments