Sissy - 2022
De acordo com o dicionário Cambridge, o termo “sissy” pode ser traduzido informalmente como “maricas” (na expressão popular), usado para significar uma “pessoa covarde“, além de sexista quando se atribui a palavra a uma ofensa a homens que se comportam como mulheres. Mas ela também é usada carinhosamente como um dos apelidos para pessoas de nome Cecilia, como a protagonista do thriller/slasher Sissy, dirigido por Hannah Barlow (que também atua e canta no filme) e Kane Senes. Trata-se de um terror teen, com pitadas ácidas de humor e uma boa mensagem sobre bullying, depressão, perturbações psicológicas e aceitação. E ainda reserva umas boas doses de sangue em seu ato final.
Cecilia (na ótima interpretação de Aisha Dee) é uma reconhecida influencer com muitos seguidores e postagens constantes com dicas e orientações para a saúde mental. Ela faz desse hobby uma autoajuda em via dupla, devido a problemas sofridos na infância e que culminaram com um incidente bizarro. A garota utiliza como mantra pessoal expressões como “você é especial, é suficiente“, além de um exercício que envolve uma corda servindo como delimitação de “espaço de segurança“, comumente aplicado em terapias. Certo dia ela encontra no mercado uma velha amiga, Emma (Barlow), com quem era bastante próxima na juventude, fazendo vídeos caseiros com brincadeiras e a promessa de sempre ficarem juntas até o último dia.
Embora Cecilia tente se esquivar, Emma a reconhece e pede uma reaproximação, convidando-a para uma festa com seus amigos e também para uma despedida de solteira, uma vez que está em vias de oficializar a união com Fran (Lucy Barrett). A ideia é passar um fim de semana tranquilo em um chalé, recordando bons momentos e curtindo a natureza. Cecilia até hesita em aceitar, mas acaba indo para o local, sem saber que entre os convidados, além de Jamie (Daniel Monks) e Tracey (Yerin Ha), está Alex (Emily De Margheriti), a responsável pelos seus traumas. Desde um quadro que a faz se enxergar ali, até a maneira como é tratada por todos, à exceção de Emma, dão indícios que a infância foi marcada por apelidos e episódios desagradáveis. Alex a considera uma psicopata, mesmo depois de quinze anos após os acontecimentos marcantes.
Situações incômodas conduzirão a episódios de assassinato e violência no chalé e seus arredores, com direito a cabeças esmagadas, afogamento, mutilação e até escalpo. Não é um “filme de vingança” como se pode imaginar, partindo mais para uma produção moralista e que mostra como as relações humanas podem ser perigosas, mesmo na infância. Também serve para explicar o sentido do termo “gatilho“, quando uma situação até então adormecida pode, dependendo de acontecimentos, falas indevidas e provocações, resgatar um trauma. É como um vulcão, com possibilidades de erupção a qualquer momento.
Bem dirigido e com boas atuações, o sangrento Sissy é uma boa pedida também pela abordagem às redes sociais, mostrando que ter seguidores não significa socialização plena e autoestima elevada. Pode servir de alerta principalmente nos dias atuais, em que as doenças psicológicas estão em absoluta expansão.
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