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The Devil Conspiracy - 2022


O embate entre anjos e demônios em um contexto apocalíptico para evitar o nascimento do Anticristo ganhou mais um capítulo com o horror sonoro A Profecia do Mal (The Devil Conspiracy, 2022), lançado nos cinemas brasileiros há algumas semanas para disputar a atenção com Avatar: O Caminho da Água e O Gato de Botas 2. O filme tcheco tem a direção de Nathan Frankowski, a partir de um roteiro de Ed Alan, e é estrelado por Alice Orr-Ewing (Um Fantástico Medo de Tudo), Joe Doyle e Eveline Hall (Lar dos Esquecidos). Trata-se de uma produção embebida em clichês, apostando nos efeitos especiais e na balbúrdia de sua proposta, resultando em um longa cansativo e mal realizado, não justificando sua passagem pela tela grande.


A trama básica apresenta nos dias atuais uma empresa de biotecnologia farmacêutica para fins satânicos (é o que deve estar no nome jurídico) que desenvolveu um meio de clonar pessoas mortas, trazendo de volta músicos, pintores e outras personalidades que fizeram a diferença na História. Eles pretendem trazer de volta Jesus Cristo apenas como desculpa para libertar Lúcifer (Joe Anderson, de As Ruínas, A Perseguição) das entranhas do Inferno. Para tal, precisam roubar o Santo Sudário, onde há registros de DNA, e de um receptáculo, no caso, a artista historiadora Laura Milton (Orr-Ewing). Quando a moça é sequestrada pela líder do culto, Liz (Hall), e seus asseclas, cabe ao falecido padre Marconi (Doyle), com o corpo entregue ao Arcanjo Miguel, buscar sua espada poderosa e evitar o início do apocalipse.

A ambientação na República Tcheca é interessante, assim como alguns dos cenários infernais, com almas perdidas em fuga e criaturas aladas em constante perseguição. Também é possível elogiar boa parte dos efeitos especiais, que envolvem um assecla monstruoso, pessoas sendo destroçadas e fumacinhas que representam o passeio do Anjo Caído pelas possíveis hospedeiras. Até os mais bregas, com raios azulados e pirotecnia, são aceitáveis, dentro de seu contexto absurdo, entre sangue prático e digital. O que incomoda realmente é a trilha incidental constante, com poucas cenas em que a tensão é trabalhada pela sensação do incômodo, como se o fim dos tempos precisasse ser acompanhado de baladas religiosas – a tortura deve ser maior para quem arriscar assistir numa tela XD (agradeçam por Avatar 2 estar ocupando esses espaços).


Diferente do Arcanjo Miguel de O Mestre dos Desejos 3, este quer a qualquer custo preservar a vida de Laura. A todo momento você imagina o quanto tudo poderia ser resolvido facilmente se ele sacrificasse a hospedeira. Pelo bem maior seria até justificado. Contudo, Miguel, que inicialmente aparenta ser uma máquina destruidora de demônios, correndo atrás de veículos como o T-1000 de Robert Patrick, mostra-se um saco de pancadas, sendo preso pelos inimigos em duas situações até descobrir o óbvio em relação ao bebê que virá – uma mensagem nas entrelinhas sobre a educação moldar o caráter que poderia ilustrar folhetos distribuídos nas igrejas.

Em suas quase duas horas, A Profecia do Mal promove bocejos até nos cristãos menos exigentes. Desde as continuações ruins de Anjos Rebeldes não se via um conflito entre anjos tão sonolento e desnecessário. Se o Apocalipse vier dessa maneira tão brega e barulhenta, é melhor torcer pelo arrebatamento.


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