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The Flesh and the Fiends - 1960


Esqueça o péssimo título brazuca (O Monstro da Morgue Sinistra) e o título com que foi lançado nos EUA (Mania), a tradução literal do original, "A Carne e os Demônios" ficaria bem melhor. Este é talvez o melhor e mais fiel filme a retratar a lendária dupla Burke e Hare, dois seriais killers que matavam pessoas e vendiam seus corpos para pesquisas médicas. A dupla ficou tão famosa que inspirou o conto "The Body Snatcher" de Robert Louis Stevenson (que também inspiraria mais um bocado de filmes).


Estamos em Edimburgo, Escócia, 1828. Dr. Knox (Peter Cushing) é um professor de medicina que precisa de uma remessa infindável de cadáveres para dissecação. Ele começa comprando de uma dupla de ladrões de túmulos vulgares, até entrar na jogada William Hare (Donald Pleasence) e seu amigo inseparável e xará William Burke (George Rose), dono de uma hospedaria, a dupla resolve se livrar de um hóspede velho, que morreu na residência, vendendo o corpo ao Dr. Knox. Como o médico não pergunta sobre a procedência do cadáver, e vendo o dinheiro fácil, a dupla começa uma série de assassinatos.

O diretor John Gilling, que mais tarde nos forneceria filmes bacanas via Hammer, como A Serpente e Epidemia de Zumbis, era fascinado pela história da dupla assassina, ele já tinha escrito um roteiro, que virou o filme The Greed of William Hart (1948) de Oswald Mitchell e protagonizado por Tod Slaughter, o problema é que esta primeira incursão na história a censura inglesa caiu matando, e tiveram que mudar os nomes dos personagens, e o filme acabou sendo redublado! Gilling teve que esperar doze anos para fazer a sua versão. E foi compensatório, pois o cara nos apresenta uma obra impressionante, ainda mais se levarmos em conta a época em que foi realizado.

O cinema de horror nunca mais foi o mesmo depois de 1960, ano de obras marcantes como Psicose de Hitchcock, Peeping Tom de Michael Powell, A Máscara do Demônio de Mario Bava, Olhos sem Rosto de Georges Franju, entre outros... este The Flesh and the Fiends, que foi um fracasso em seu lançamento, merece uma reavaliação e estar nesta ilustre lista.


Para começar, o elenco é acima da média. Cushing, em seu primeiro filme de terror fora da Hammer (este aqui foi uma produção independente), está perfeito como de costume, como o ambicioso e arrogante Dr. Knox (até o fato de o ator representar com o olho esquerdo cego, segundo dizem, é fiel aos fatos, o médico da tal vida real tinha ficado assim após contrair varíolas na infância), um renomado professor de medicina que busca o conhecimento a qualquer custo, usando a famosa, e duvidosa, máxima de que “os fins justificam os meios”. Mas apesar do astro, o filme pertence à Donald Pleasence e George Rose, como a dupla de assassinos miseráveis, viscosos e repugnantes. Sem falar do elenco secundário como nomes como uma jovem e bela Billie Whitelaw (A Profecia), como uma prostituta.

Algumas cenas de assassinato são marcantes pela crueza, sem falar das cenas na taverna/cabaré com as prostitutas de topless (cena que obviamente foi cortada em algumas edições). E o final é pura luta de classes, mostrando que, independente do nível de culpa nos crimes, o rico se dá bem enquanto o pobre só se fode.


Filmaço.


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