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The Satanic Rites of Dracula - 1973


Filme que marca a sétima e derradeira aparição de Christopher Lee como Drácula na Hammer, também é sua última parceria com Peter Cushing nos filmes da produtora. Se os fãs mais ortodoxos do vampiro já tinham torcido o nariz, ainda que injustamente, para o anterior, Dracula A.D. (Drácula no Mundo da Minissaia), imaginem esse mesmo público diante de The Satanic Rites of Dracula (traduzido como Os Ritos Satânicos de Drácula), ainda mais rocambolesco e cara-de-pau que o anterior.


Estamos em Londres, novembro de 1974 (notem que a produção é de 1973, portanto, se passa no futuro), o serviço secreto britânico está investigando uma misteriosa conspiração envolvendo os maiores figurões da Inglaterra. Este seleto grupo está envolvido com rituais satânicos e sacrifícios humanos.


Depois da morte de um agente secreto, é convocado para a missão o inspetor Murray da Scotland Yard (Michael Coles, repetindo o personagem de Drácula no Mundo da Minissaia), que, por sua vez, recorre ao expert em magia negra e sobrenatural, Professor Van Helsing (Peter Cushing, obviamente) e sua neta Jessica (Joanna Lumley, substituindo Stephanie Beacham, do filme anterior). No fim nossos heróis descobrem um plano mirabolante para destruir o mundo, e que o líder dos vilões é ninguém mais que Drácula, agora disfarçado de milionário excêntrico! O plano do vampiro é acabar com o mundo usando uma variação ainda mais potente do vírus causador da peste bubônica, a conhecida peste negra (será que Drácula estava nostálgico, com saudades da Idade Medieval?). Van Helsing e sua turma terão que destruir o vampiro e salvar a humanidade.

O roteiro de Don Houghton, responsável pelo filme anterior da série e, entre outros trabalhos para a TV, alguns episódios de Dr. Who, parece que foi catado no lixo, um script recusado de algum filme de 007 adaptado para a franquia de Drácula. O vampiro age mais como um vilão apocalíptico de quadrinhos do que um vampiro de fato (curiosamente em 1974, Christopher Lee enfrentaria James Bond em 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro). A mistura de espionagem, magia negra e vampiros pode ser indigesta para muitos, e o filme é atrapalhado devido a um ritmo irregular e algumas passagens um tanto enfadonhas.


O mais curioso é ver Christopher Lee, que, no começo dos anos 60, era cheio de pudores, a ponto de não dizer uma palavra sequer em Drácula, O Príncipe das Trevas, por achar o roteiro indigno da obra de Bram Stoker. Já nos anos 70, abraça um projeto tão sem vergonha quanto este. Lee aparece em poucas cenas, e só tem sua primeira fala depois de mais de uma hora de projeção. A dobradinha Cushing e Lee faz o que pode, e se vira para dar credibilidade aos diálogos mais risíveis da série até então.

Produzido na fase decadente da Hammer, o filme atira para todos os lados, incluindo cenas de nudez gratuita (cortesia de Maggie Fitzgerald em seu único trabalho no cinema), motoqueiros (aqui personificados nos capangas de Drácula), satanismo, entre outros temas que estariam em voga na década de 70. Mesmo assim faltou funk music, rock psicodélico, calças boca-de-sino, cabelos Black Power e cafonices em geral, se apostasse mais nesses elementos o resultado seria mais divertido.

Apesar de todos os pesares, a obra garante pelo menos duas cenas memoráveis: a morte das vampiras pela água que saem de esguichos contra incêndios do teto, no porão onde as mesmas estão acorrentadas, e o fim de Drácula, um dos mais legais da série, visualmente falando. Alan Gibson, também responsável por Drácula


no Mundo da Minissaia, dirige essa miscelânea amalucada de elementos. Não falta nem mesmo a morte de um personagem a tiros em câmera lenta, como se estivesse num filme de Sam Peckinpah, porém sem o mesmo talento do poeta da violência.

A Hammer apostaria na figura de Drácula, mais uma vez, no esdrúxulo A Lenda dos Sete Vampiros, uma co-produção com a Shawn Brothers, misturando vampiros e lutadores de kung fu. Desta vez com John Forbes-Robertson no papel do conde, único filme da produtora sem Christopher Lee interpretando o personagem.


Completamente irregular, The Satanic Rites of Dracula é daquelas obras que se destacam mais pelos seus erros do que por seus acertos. Mesmo assim, ou talvez justamente por isso, tem seus cultuadores. Sem sombra de dúvida um dos mais fracos da série.


Texto por Paulo "Blob" Teixeira


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