Tragic Ceremony - 1972
O título original quilométrico "Estratto dagli Archivi Segreti della Polizia di una Capitale Europea" (em português: “Extraído dos Arquivos Secretos da Polícia de uma Capital Européia”) lembra filmes politizados como "Investigação sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita", ou, algum filme de espionagem, mas não se deixe enganar, temos aqui um legítimo horror exploitation, com direito a satanismo e gore! Os norte-americanos foram mais sucintos e o lançaram apenas como “Tragic Ceremony”.
O jovem filhinho de papai Bill (Tony Isbert), passeia de barco com os amigos, Joe (Máximo Valverde), Fred (Giovanni Petrucci) e a bonitinha Jane (Camille Keaton, neta de Buster Keaton, e musa do cinema exploitation em clássicos como "Cosa Avete Fatto a Solange?" e, claro, "I Spit on Your Grave"). Em um acampamento improvisado a beira-mar, Bill, cheio de amor para dar, presenteia Jane com um colar, em um flashback descobrimos que o playboy tinha presenteado sua mãe com a mesma jóia, mas a mulher recusou ao saber que tal bugiganga pertencia a uma pessoa possuída pelo demônio, e, como você sabe: em um filme de terror isto é sempre um final de mau agouro.
O grupo resolve voltar pra casa, mas acabam sem gasolina, em plena noite chuvosa. Primeiro para em um posto de gasolina, com um frentista pra lá de sinistro (José Calvo de “Por Um Punhado de Dólares”) param na mansão de Lorde Alexander (o veterano em bagaceiras cinematográficas Luigi Pistilli). Acomodados, a turma de Bill não demora em descobrir que há algo de errado ali.
Na mansão há um grupo de burgueses, liderados pelo Lorde e sua esposa Lady Alexander (Luciana Paluzzi de “007 Contra Chantagem Atômica”), que está praticando um ritual satânico (!). Os satanistas tentam sacrificar Jane, mas os rapazes intervém, com Bill esfaqueando Lady Alexnader, o que acaba desencadeando um massacre, um frenesi de matança, com direito a cabeça decepada, cabeça partida ao meio por uma espada, tiros e sangue pra todo lado. Os jovens fogem apavorados, mas a vingança sobrenatural não tarda a chegar.
Dirigido por Riccardo Freda (com o seu pseudônimo habitual de Robert Hampton), que junto com Mario Bava foi dos fundadores do horror italiano do pós-guerra, ambos dirigiram o seminal “I Vampiri” (1957). “Tragic Ceremony” (vamos aproveitar o título em inglês que é mais curto mesmo) aproveita a onda de satanismo dos anos setenta, assim como o massacre da Família Manson (que é citado no filme), com algumas cenas carregadas de tintas góticas, com algumas tomadas bem estilosas, lembrando o Freda dos áureos tempos de seu clássico “L’Orribile Segreto Del Dr. Hichcock” (1962). E, óbvio, que o diretor, um notório tipo temperamental e irritadiço, não gostou do resultado do filme, a ponto de querer renegá-lo (quem conhece um pouco do Riccardo Freda sabe que isso rolava de vez em quando ao longo de sua filmografia). Camille Keaton mostra os seios apenas em uma cena de banho (há algumas versões do filme que está cena foi cortada), ou seja, está mais vestida que o habitual, e é sempre uma presença marcante. Assim como Luigi Pistilli que tem muito pouco tempo em cena.
Sensacionalista ao extremo, com algumas belas estilizações. Vale uma espiada.
Título original: Estratto dagli Archivi Segreti della Polizia di una Capitale Europea, Itália/Espanha, 1972)
Direção: Riccardo Freda
Com: Camille Keaton, Tony Isbert, Máximo Valverde, Luigi Pistilli, Luciana Paluzzi, José Calvo, Giovanni Petrucci, Irina Demick.
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