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Werewolves Within - 2021


A chegada de um novo guarda-florestal à gélida cidade de Beaverfield, à beira de adquirir um oleoduto que configuraria um verdadeiro problema ambiental, desperta desconfianças e acusações, mortes violentas e desaparecimentos. Finn (Sam Richardson, de A Guerra do Amanhã, 2021) percebe que está adentrando um terreno de figuras estranhas, como a receptiva transportadora dos correios Cecily (Milana Vayntrub), que define os habitantes do local com a afirmação: “Todo mundo aqui é um pouco questionável.“. Chamam a atenção as brigas da mecânica Gwen (Sarah Burns) com o namorado Marcus (George Basil), assim como o isolado morador Emerson (Glenn Fleshler) em sua feição séria de psicopata caipira, a ambientalista Dra. Ellis (Rebecca Henderson), o casal excêntrico composto por Dave (Cheyenne Jackson) e Joaquim (Harvey Guillén), a que “parece uma personagem de Stephen King” Trisha (Michaela Watkins), a dona da pousada Jeanine (Catherine Curtin, da série Stranger Things) e o rico Sam Parker (Wayne Duvall, de A Caçada, 2020).


Toda essa composição de seres eloquentes terá que aprender a conviver em um mesmo ambiente, quando as estradas estiverem fechadas por uma tempestade de neve, e os geradores de energia forem destruídos por aparentes garras. Diante desse contexto, caberá a Finn tentar desvendar quem seria a fera que está devorando mãos e se alimentando de cãezinhos. Se é que existe um. "Werewolves Within" (traduzido como Um Lobo Entre Nós) chega a trazer essa dúvida, no momento em que o espectador percebe que todos ali parecem monstros em condutas que trazem mais riscos do que merecem ser protegidos, transformando essa adaptação do jogo da Ubisoft em uma produção de humor negro, uma comédia de erros que se favorece pelos diálogos e pela construção de cenas quase teatrais.

Pode-se, inclusive, traçar um paralelo entre longa, dirigido por Josh Ruben (de Scare Me), com o interessante O Lobo de Snow Hollow, simplesmente transportando o personagem do mal humorado Jim Cummings a esta pequena cidade, também coberta pela neve e que tal como qual esconde entre seus moradores uma criatura voraz. O próprio estilo de diálogo, reações e questionamentos parecem vir da mesma fonte, como o próprio mistério da identidade do vilão e o estresse do protagonista. Algumas pistas são expostas desde o sumiço do marido adúltero no prólogo, e ainda mais na apresentação dos personagens – o espectador atento já saberá quem é a partir de então. Depois que o espectador se adapta aos seus estilos peculiares dos habitantes de Beaverfield e seus entraves particulares, a existência de um inimigo sobrenatural fica quase em segundo plano.


Como adaptação do jogo, há um momento em que todos se sentam em círculo para discutir as evidências. Acusações, lembranças de ações problemáticas, a exposição de atitudes suspeitas quase conduzem o filme ao tabuleiro do jogo Detetive, até que Finn, mesmo com seus problemas com a companheira Charlotte, percebe que aquela cidade terá uma redução absoluta do número de moradores e ninguém ali é responsável o suficiente para andar armado. Contudo, como acontece em produções similares, a convivência, ainda que momentânea, é complicada e pode ser ainda mais fatal. Qual morador de Beaverfield, então, não é um monstro?

Divertido pela proposta bem humorada, "Werewolves Within" promove situações interessantes sem se prender a órgãos expostos e efeitos digitais e instiga o espectador a desvendar esse mistério scoobyano, com uma boa trilha sonora, a direção acertada de Josh Ruben (Scare me, 2020), a partir de um argumento bem escrito por Mishna Wolff, sem permitir que se desvie da tela até a chegada dos créditos.

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